segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Aconteceu...a cultura serve para alguma coisa?

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Escrevi eu a 9 de Janeiro deste ano que "Ao domingo os museus são gratuitos". São, ainda, mas parece que vão deixar de ser.
Sei, a crise. Mas receio que com o pagamento do bilhete, muita gente altere o programa e deixe de ir "passear" pelos museus, criar proximidade com eles e com as obras de arte.
Mais tarde haverá mais gente menos sensibilizada, mais bruta, analfabeta e outras coisas que só empobrecem um povo.

Não tenho a certeza de qual o país em que estive e cujos museus visitei, em que os visitantes do país tinham entrada grátis. É chato, também achei isso uma vez que paguei, mas é uma defesa dos seus habitantes e do seu nível cultural.
É só uma sugestão, ok?

domingo, 9 de outubro de 2011

Aconteceu...formato médio

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            Foto - Magda

sábado, 8 de outubro de 2011

Poema - Nuno Rocha Morais

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Deveria ser dado que morrêssemos
Com um amor ainda vivo em nós,
Como deveria ser dado a um pássaro
Morrer naturalmente em pleno voo.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Aconteceu...mas afinal quem é o adulto?

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Uma onda mais forte, e o puto foi enrolado. Não houve perigo, o pai estava lá, mas o miúdo, pequeno de uns 5 anos, braçadeiras coloridas nos braços, assustou-se e chorou.
Depressa o colo do pai o consolou e ambos continuaram o banho.
Até o pai decidir que já chegava, tinha de ir apanhar sol na areia seca. O pai, que a criança não estava pelos ajustes.
Junto às toalhas e à mãe que estava deitada a bronzear-se ouço o pai a proibir, ele a insistir, o pai a querer que ele brinque com o balde e a pá, a mãe a ajudar o pai, sem efeito. O miúdo desceu para a borda de água como se ninguém estivesse a dizer-lhe que não.
Foi então que ouvi o pai dizer-lhe com o seu sotaque brasileiro, olha vai, vai que eu não vou, e sabe que mais, se vire sozinho!
E assim foi.

Passado algum tempo a mãe vai ao banho e o rapaz aproveita a boleia, dando-lhe a mão e avançando um pouco mais pela água dentro.
Pouco depois saiem e sobem para a toalha, enquanto a mãe explica ao filho que a água está a puxar muito e que ela não pode continuar lá. O miúdo ouve-a e comenta para o pai "coitada da mamãe, ela tem medo, apanhou um sustão!"

E lá voltou ele para a água.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Poema - Manoel de Barros

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Idiotas de estradas gostam de urinar em morrinhos de
formigas.
Apreciam de ver as formigas correndo de
um canto para o outro, maluquinhas, sem calças, como
crianças.
Dizem eles que estão infantilizando as
formigas.
Pode ser.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

domingo, 2 de outubro de 2011

Aconteceu...lembrando Sidónio Muralha

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Pareceu-me ouvir um barulho, não não foi a campainha mas veio da porta. Tenho a certeza, segunda vez, lá está, parece um arranhar.
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Levanto-me, confesso com má vontade, estava tão bem no terraço a apanhar um banho de sol, dirigo-me à porta e abro-a. 
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À minha frente ninguém. Mas olhando para baixo, rente ao chão, lá está ele, preto, com o fato de gala com que anda normalmente, excluindo a camisa branca que nunca põe, mas com as abas da casaca impecavelmente no sítio. Dou um passo para trás e ponho-me em guarda, o que quer da minha casa, pergunto. Não me responde, mas avança. Fecho a porta com estrondo, assustada.
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Que fazer, agora que estou cá só? Ele continua à porta e arranhá-la. Volto a abri-la e sem que eu tenho tempo para dizer alguma coisa, eis que entra sala fora, arrogante, encostado à parede e a dirigir-se para os maples.
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Fico inquieta mas lúcida. A correr vou buscar uma vassoura, das de cabo comprido e tento vassourá-lo nas pernas para que saia.
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Parece que estou a conseguir. Atiro-o para as escadas. Nem quero pensar o que seria deixá-lo entrar, e ele a falar noite fora, com o eco esperado e quem sabe, escondido, para que eu não o possa encontrar nem conciliar o meu sono.
Caí de costas e desce desamparado mais um degrau.
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E então oiço-o gritar:
«Ó senhor, senhor que passa/ eu sou um grilo de raça/ não sou um grilo banal.»