segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Poema - Alexandre O ´Neill

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CHAVAL

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Entre o Bem e o Mal,
cresce a borbulha na cara do chaval.
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O chaval ainda não sabe
que a barba, bem ou mal
feita, é uma banalidade
matinal.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Aconteceu...que também em saúde mental, a prevenção começa na infância

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Nunca mais o vi. Há quase quarenta anos ouvia-o falar dos infantários como "mata putos". Riamo-nos mas sabíamos que havia alguma verdade naquela denominação.
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Na altura havia poucos, muito menos que hoje, que continuam a ser insuficientes.
Uma família a quem nasce uma criança tem nas mãos um grande problema, conciliar o retomar do trabalho com o descobrir onde deixar o bebé.
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A nível estatal, só há equipamentos para a infância a partir dos três anos de idade. Mesmo assim muitas só arranjarão vaga aos cinco, já para a pré primária.
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Quando percebemos que uma criança não está suficientemente estimulada, ou em meio organizado, é com relatórios médicos que por vezes se consegue uma vaga. Claro que estou a falar de quem tem o dinheiro contado, e vive com dificuldade até ao fim do mês. Para os outros, a situação é diferente, é mais uma questão de escolha.
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As amas de organizações formadoras e controladoras como a Misericórdia são insuficientes. Cada vez há menos avós disponíveis, a 3ª geração também trabalha. Restam umas primas desempregadas, umas vizinhas que dão um jeito, e umas amas free-lancers. Muitas são pessoas que gostam do que fazem, repetem com as crianças o que já fizeram com os seus próprios filhos, na melhor das boas vontades. Ficarão para algumas crianças uma referência de quem se lembram e procuram durante muitos anos.
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Mas, e tal como ontem deu que falar, com o encerramento dum infantário fantasma, ilegal, há as que tratam mal as crianças, não as estimula, não cantam, não brincam, não lhes falam o suficiente, as fecham em casa e mais grave, lhes dão medicamentos para que durmam e estejam quietinhas.
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Os três primeiros anos de vida são, em termos psicológicos, talvez os mais importantes. Nele se dão os maiores movimentos de crescimento psicológico, que serão depois as fundações para o desenvolvimento futuro.
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Dar medicamentos para pôr crianças a dormir, impedindo-as de se relacionarem com quem com elas está, de serem estimuladas e ajudadas a crescer, é um crime. A notícia foca que o medicamento que a ama selvagem dava era nocivo para os rins. Talvez, mas mata ou distorce o desenvolvimento psicológico da criança e isso é fatal também.
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Há que criar condições condignas para que as famílias possam trabalhar e simultaneamente dar o melhor substituto na sua ausência aos seus filhos. Pode-se discutir que condições serão, pequenas creches, amas com formação, etc.
Não é só querer fomentar a natalidade. Há que dar condições para isso e para o depois. Também compete ao estado. O estado tem de criar condições adequadas e condignas!
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As crianças de hoje serão os adultos de amanhã. Uma criança com deficiente desenvolvimento, para além da sua própria infelicidade e dos seus pais, custará muito mais dinheiro ao país que uma criança saudável.
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A prevenção a todos os níveis do desenvolvimento começa na infância.
Está na hora, e já vai tarde!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Aconteceu...Foto - Proibição inútil!

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..................................Foto - Magda

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Poema - Adília Lopes

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AS PORTAS
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I
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Se não fecho
algumas portas
há correntes de ar
a mais.
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Se fecho
todas as portas
não posso sair
mais
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Se não abro
algumas portas
não fecho
algumas portas
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Se abro
Todas as portas
Desintegro-me
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II
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Atrás da porta
Para sempre fechada
Está o nada

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Aconteceu...o valor afectivo daquela aguarela

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Era uma bonita aguarela! Assinada, legível, mas de nome não sonante. Já devia ter muitos anos, uma centena? Mais? Estava num lote de herança de um antepassado que gostava de arte. Bonita, sim, mas esteve anos guardada dentro de um armário.
Há coisas assim, envelhecem sem ter uso nem louros.

Um dia pegou nela e reparou como era bonita. Começou a pensar que gostaria de olhar para ela mais frequentemente...naquela parede ficaria bem. Começou a gostar, achar cada vez mais bonita, bem pintada, aguarela, uma técnica tão difícil! E por gostar, ela ganhou outro valor.
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Com cuidado ouve a opinião do funcionário da loja das molduras. Hesita, esta ou aquela, acaba por escolher e deixa-a lá. Estará pronta daqui a quinze dias, muito obrigada, cá a virei buscar, responde.
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No dia seguinte recebe um telefonema do empregado da loja dizendo-lhe que um coleccionador tinha passado por lá, tinha visto o quadro e estaria interessado em o comprar, quanto quereria por ele. Surpresa, logo agora que tinha olhado para ele com maior cuidado e já lhe tinha arranjado sítio. Mesmo assim respondeu, se o coleccionador o quer, ele que ofereça. E assim apareceu um valor aparentemente simpático. Desconhecendo o real valor dele, mas sentindo subitamente uma maior ligação com o quadro, a pessoa exclama se fosse por dez vezes mais quem sabe...
No dia a seguir novo telefonema, a mesma pessoa a oferecer dez vezes mais.
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Mas será que isto é assim tão valioso? Que importa, se já gostava dele. E recusou.
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Ocupou o lugar na parede que lhe estava destinado. E que bem que fica!