sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Aconteceu...Foto

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.......................................................Foto - Magda

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Poema - Manuel de Freitas

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ODE À NOITE (INTEIRA)
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Gosto do momento, exacto ou nem por isso,
em que se torna possível colar cartazes
nas paredes ao lado dos meus ombros (espero
o autocarro, vejo devagar, sorrio). Mas
gosto, sobretudo, dos cães quase sem dono
que roçam as esquinas, pisando restos de garrafas
– ou das pessoas que desconheço
e das bebidas todas que ignoro
(porque me matam menos e se chamam
– como eu – insónia, pesadelo, golpe baixo).
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Existem, claro, raparigas louras um tanto
heterodoxas que não te apetece beijar
(a forca do bâton, perfeita – o cigarro aceso
pedindo outro lume). Essas mesmas que hão-de
um dia procriar com zelo, evitando rugas,
tumores e o mundo como representação misógina.
Mais lírica, sem dúvida, é a lavagem das ruas,
com a cerveja a premiar a farda
demasiado verde e os bigodes de serviço.
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Outros, alguns, tornam concreto o torpor
de um charro e pedem-te em crioulo básico
um cigarro português que tu vais dar,
sem esforço nem palavras. Entre shots, piercings,
t-shirts de Guevara e gel, podes não acreditar
por algumas horas no axioma frágil do teu corpo.
Esfumas-te, como eles, no espelho de um bar
qualquer, país de enganos e baratas. E
quase gostas disso, quase: a música de punhais,
servil, um certo e procurado desencontro.
Um táxi te ensinará depois o caminho de casa
– ou o seu contrário, pois só ali (anónimo
e desfocado) eras finalmente tu, ou podias ser.
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O resto, a vida, fica para outra vez.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Aconteceu...O menino deprimido que queria morrer na arena

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Conheci há muito tempo um miúdo, teria ele uns 9 anos. Franzino, ar pouco cuidado, aluno com grandes dificuldades, tinha poucos interesses, envolvia-se pouco em qualquer coisa que lhe fizesse lembrar a escola. Tinha amigos, e gostava de brincar. Gostava-se dele pelo ar carente e triste que sentíamos como um apelo para estabelecêssemos uma relação com ele.
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Mas havia um assunto que o transformava: cavalos, touros e touradas. Parecia outro. Os olhos brilhavam, sabia muita coisa e estava sempre apto a ouvir falar e aprender se os assuntos versassem touradas.
Conversando com a família, e também porque eram da zona dos campinos e familiarizados com este meio, fácil foi a aceitação do pedido que um dia o miúdo, a medo, lhes fez: entrar para uma escola de toureio.
Entusiasmado, chegava antes e saía depois da hora. Queria fazer o que lhe pediam e mais, adorava limpar os cavalos, dar-lhes de comer, toda e qualquer tarefa de lá era bem aceite e feita com perfeição.
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Claro que com a melhoria do humor, também na outra escola, a escola habitual das crianças, foi melhorando na aprendizagem, ganhando interesse, capacidade de investir, de se interessar e ganhar conhecimento.
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Conversávamos nós um dia, quando ele me disse que um dos seus grandes desejos era morrer na arena em plena tourada. Apesar de ter ficado gelada por dentro, tentei conversar e perceber o porquê desse desejo. Começou a ser claro mesmo antes dele o dizer. Morrer na arena era ficar mais conhecido, falado pelos outros, admirado pela sua bravura e coragem. Seria, segundo ele, uma forma de perpetuar o seu nome, sair nos jornais com fotografia e quem sabe, um dia ter uma praça ou uma escola de toureio com o seu nome.

Perdi-lhe o rasto. Cresceu e deixou de ser preciso conversarmos. Seguiu a sua vida e não sei se se fez toureiro ou bandarilheiro.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Poema - Sophia de Mello Breyner Andresen

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TEJO
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Aqui e ali em Lisboa - quando vamos
Com pressa ou distraídos pelas ruas
Ao virar da esquina de súbito avistamos
Irisado o Tejo:
Então se tornam
Leve o nosso corpo e a alma alada.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Aconteceu...que ao domingo os museus são gratuitos

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Domingo de manhã em Lisboa é uma óptima oportunidade para se visitar um museu. Ainda mais se o dia está de chuva. Quase todos são de entrada gratuita. No entanto têm muito menos visitas que qualquer centro comercial.
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Curiosamente muitas pessoas, nunca entraram num museu. Vivem em Lisboa ou arredores, conhecem todos os centros comerciais, mas museus, nada. Aliás, quando abriu o Colombo, cuja propaganda focava ser o maior centro comercial da Europa, havia camionetas de excursão cheias que paravam à porta para que as pessoas o fossem visitar.
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De inverno, frio ou chuvoso, são inúmeras as pessoas que por lá andam, ou ficam sentadas nos bancos existentes, a ver passar gente, olhar umas montras, e podem passar lá o dia todo sem gastar dinheiro.
Tal como nos museus. No entanto as pessoas têm ideia que os museus são chatos e desinteressam-se completamente por esse tipo de destino.
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Agora que as escolas, infantários e tempos livres têm como hábito que faz quase parte do programa levar as crianças a museus, há imensos pais que não se interessam por isso. Conheço-os, os filhos vão, eles sabem e quando regressam a casa não lhes perguntam o que viram. O que, de certa maneira, é uma desvalorização dessa actividade escolar dos filhos.
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Esperemos que estas crianças, um dia adultos, sejam curiosos, mantenham interesse por ver, saber, conhecer, e possam transmitir isso aos seus filhos.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Aconteceu...Foto - Toc, toc, mora alguém?

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..................................Foto - Magda