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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Aconteceu...O menino deprimido que queria morrer na arena

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Conheci há muito tempo um miúdo, teria ele uns 9 anos. Franzino, ar pouco cuidado, aluno com grandes dificuldades, tinha poucos interesses, envolvia-se pouco em qualquer coisa que lhe fizesse lembrar a escola. Tinha amigos, e gostava de brincar. Gostava-se dele pelo ar carente e triste que sentíamos como um apelo para estabelecêssemos uma relação com ele.
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Mas havia um assunto que o transformava: cavalos, touros e touradas. Parecia outro. Os olhos brilhavam, sabia muita coisa e estava sempre apto a ouvir falar e aprender se os assuntos versassem touradas.
Conversando com a família, e também porque eram da zona dos campinos e familiarizados com este meio, fácil foi a aceitação do pedido que um dia o miúdo, a medo, lhes fez: entrar para uma escola de toureio.
Entusiasmado, chegava antes e saía depois da hora. Queria fazer o que lhe pediam e mais, adorava limpar os cavalos, dar-lhes de comer, toda e qualquer tarefa de lá era bem aceite e feita com perfeição.
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Claro que com a melhoria do humor, também na outra escola, a escola habitual das crianças, foi melhorando na aprendizagem, ganhando interesse, capacidade de investir, de se interessar e ganhar conhecimento.
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Conversávamos nós um dia, quando ele me disse que um dos seus grandes desejos era morrer na arena em plena tourada. Apesar de ter ficado gelada por dentro, tentei conversar e perceber o porquê desse desejo. Começou a ser claro mesmo antes dele o dizer. Morrer na arena era ficar mais conhecido, falado pelos outros, admirado pela sua bravura e coragem. Seria, segundo ele, uma forma de perpetuar o seu nome, sair nos jornais com fotografia e quem sabe, um dia ter uma praça ou uma escola de toureio com o seu nome.

Perdi-lhe o rasto. Cresceu e deixou de ser preciso conversarmos. Seguiu a sua vida e não sei se se fez toureiro ou bandarilheiro.