terça-feira, 17 de agosto de 2010
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Poema - Fernando Pinto do Amaral
.
AGENDA
.
Chegas de novo a casa. Reconheces
no fogo mais antigo
dos dias tão mortais as cicatrizes
voláteis do passado
essa caligrafia pouco a pouco
ilegível. No tempo que te cabe
folheias essas páginas percorres
a tua nova agenda
marcas ainda encontros assinalas
os meses as semanas tão vorazes
os dias que te faltam nesse livro finito
.
Marcas de novo os dias mas ignoras
as leis dessa contagem regressiva
Hoje sabes apenas que nenhuma
agenda te dirá qual a exacta
data do decisivo derradeiro
encontro. Desconheces
que páginas futuras deixarás
em branco
AGENDA
.
Chegas de novo a casa. Reconheces
no fogo mais antigo
dos dias tão mortais as cicatrizes
voláteis do passado
essa caligrafia pouco a pouco
ilegível. No tempo que te cabe
folheias essas páginas percorres
a tua nova agenda
marcas ainda encontros assinalas
os meses as semanas tão vorazes
os dias que te faltam nesse livro finito
.
Marcas de novo os dias mas ignoras
as leis dessa contagem regressiva
Hoje sabes apenas que nenhuma
agenda te dirá qual a exacta
data do decisivo derradeiro
encontro. Desconheces
que páginas futuras deixarás
em branco
domingo, 15 de agosto de 2010
Aconteceu...que a maré se atrasa todos os dias
.
Foi com um enorme entusiasmo que ele gozou as férias de verão no Algarve.
Ainda não sabe nadar mas desenvolveu muito as suas aptidões na praia e na piscina. Mergulhos, carreirinhas, covas na areia para ver aparecer a água, túneis, colecção de conchas, pedrinhas, e ondas, que o acompanham mesmo em casa com o som e movimentos de mãos. Uma imensidade de actividades qual delas mais interessante e divertida.
Gosta muito mais da maré vazia, em que a praia fica maior e as ondinhas estão mais dimensionadas para ele, pequeno de 5 anos.
E como tem curiosidade de perceber as coisas, tentava inteirar-se dos porquês. Porque o mar cresce e diminui? hoje estará como a maré? a que horas é a preia-mar? sempre a pensar no prazer que depois iria ter quando lá chegasse.
Foram-lhe explicadas algumas coisas, que foi aprendendo sobre a terra e a lua, que todos os dias a maré não é sempre à mesma hora, que se ontem a maré baixa era às tantas horas, hoje iria ser, cerca de 1 hora mais tarde.
E ele lá estava sempre atento.
Ontem a caminho de uma praia diferente, e com viagem de carro maior, perguntou, : Papá, achas que hoje a maré também vai chegar atrasada?
Foi com um enorme entusiasmo que ele gozou as férias de verão no Algarve.
Ainda não sabe nadar mas desenvolveu muito as suas aptidões na praia e na piscina. Mergulhos, carreirinhas, covas na areia para ver aparecer a água, túneis, colecção de conchas, pedrinhas, e ondas, que o acompanham mesmo em casa com o som e movimentos de mãos. Uma imensidade de actividades qual delas mais interessante e divertida.
Gosta muito mais da maré vazia, em que a praia fica maior e as ondinhas estão mais dimensionadas para ele, pequeno de 5 anos.
E como tem curiosidade de perceber as coisas, tentava inteirar-se dos porquês. Porque o mar cresce e diminui? hoje estará como a maré? a que horas é a preia-mar? sempre a pensar no prazer que depois iria ter quando lá chegasse.
Foram-lhe explicadas algumas coisas, que foi aprendendo sobre a terra e a lua, que todos os dias a maré não é sempre à mesma hora, que se ontem a maré baixa era às tantas horas, hoje iria ser, cerca de 1 hora mais tarde.
E ele lá estava sempre atento.
Ontem a caminho de uma praia diferente, e com viagem de carro maior, perguntou, : Papá, achas que hoje a maré também vai chegar atrasada?
Etiquetas:
criança de 5 anos,
marés,
piscina,
praia
sábado, 14 de agosto de 2010
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Aconteceu...gato preto, monstros e sexta-feira 13
.
De forma perfeitamente involuntária, ontem pus um poema em que entra um gato preto e hoje outro com monstros.
Já repararam que hoje é sexta-feira 13?
De forma perfeitamente involuntária, ontem pus um poema em que entra um gato preto e hoje outro com monstros.
Já repararam que hoje é sexta-feira 13?
Etiquetas:
gato preto,
monstros,
sexta feira dia 13
Poema - José Carlos Barros
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OS MONSTROS
.
Nos pesadelos
os monstros às vezes temem que os olhemos de frente
que possamos apagar-lhes a sombra
ou acordá-los a meio da tarde
abrindo as portadas dos seus refúgios
deixando a luz avassaladora a cobrir-lhes o corpo
a queimar-lhes as pupilas remanescentes
como se fôssemos nós
os monstros
deles.
OS MONSTROS
.
Nos pesadelos
os monstros às vezes temem que os olhemos de frente
que possamos apagar-lhes a sombra
ou acordá-los a meio da tarde
abrindo as portadas dos seus refúgios
deixando a luz avassaladora a cobrir-lhes o corpo
a queimar-lhes as pupilas remanescentes
como se fôssemos nós
os monstros
deles.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Poema - Eugénio de Andrade
.
ACERCA DE GATOS
.
Contigo chegam os gatos: à frente
o mais antigo, eu tinha
dez anos ou nem isso,
um pequeno tigre que nunca se habituou
às areias do caixote, mas foi quem
primeiro me tomou o coração de assalto.
Veio depois, já em Coimbra, uma gata
que não parava em casa: fornicava
e paria no pinhal, não lhe tive
afeição que durasse, nem ela merecia,
de tão puta. Só muitos anos
depois entrou em casa, para ser
senhor dela, o pequeno persa
azul. A beleza vira-nos a alma
do avesso e vai-se embora.
Por isso, quem me lambe a ferida
aberta que me deixou a sua morte
é uma gatita rafeira e negra
com três ou quatro borradelas de cal
na barriga. É ao sol dos seus olhos
que talvez aqueça as mãos, e partilhe
a leitura do Público ao domingo.
ACERCA DE GATOS
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Contigo chegam os gatos: à frente
o mais antigo, eu tinha
dez anos ou nem isso,
um pequeno tigre que nunca se habituou
às areias do caixote, mas foi quem
primeiro me tomou o coração de assalto.
Veio depois, já em Coimbra, uma gata
que não parava em casa: fornicava
e paria no pinhal, não lhe tive
afeição que durasse, nem ela merecia,
de tão puta. Só muitos anos
depois entrou em casa, para ser
senhor dela, o pequeno persa
azul. A beleza vira-nos a alma
do avesso e vai-se embora.
Por isso, quem me lambe a ferida
aberta que me deixou a sua morte
é uma gatita rafeira e negra
com três ou quatro borradelas de cal
na barriga. É ao sol dos seus olhos
que talvez aqueça as mãos, e partilhe
a leitura do Público ao domingo.
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