quarta-feira, 21 de abril de 2010

aconteceu ... a propósito de uma notícia num jornal - 3

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Um homem abusou sexualmente durante 2 anos de uma criança com 8 de idade.
O abuso sexual foi dado como provado, com base nas declarações da criança, pareceres de médicos e psicólogos. Todos afirmaram ter havido abuso. O homem também e deu-se como arrependido.
Trata-se de uma situação grave, tanto mais quanto foi repetido e prolongado no tempo. As consequências para a criança sabemos que certamente serão muitas e será difícil serem completamente ultrapassáveis.
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Nem sempre esta coincidência de confirmação é possível. Muitas vezes as provas médicas e psicológicas não são conclusivas. Ficamo-nos numa de compatibilidade mas não de afirmação. A maior parte das vezes o abusador não confirma. Aqui houve tudo.
Apanhou pena suspensa e ficou obrigado a pagar uma indemnização de cento e tal mil euros à família da criança.
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Tudo se paga em dinheiro? Até um abuso sexual de uma criança?
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Eu é que fiquei com a respiração suspensa...
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Poema - Maria Eugénia Cunhal

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Olha-me bem nos olhos,
E diz-me se acreditas
Que eu possa alguma vez
Já não gostar de folhas secas,
Das velas remendadas das fragatas,
Do Sol, do Céu, de búzios, das estrelas,
Do mar batendo a areia,
Do voo das gaivotas,
Duns olhos que se dão numa promessa,
Das lágrimas, do riso, da alegria
Da Nona Sinfonia,
Do calor que uma mão consegue dar
A outra mão, sem mesmo lhe tocar,
Dos girassóis que Van Gohg pintou...
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Olha-me bem nos olhos,
E diz-me que acreditas
Que até a morte vir,
Eu hei-de amar as coisas que tu amas
E nelas sempre te encontrar a ti.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Aconteceu...vídeo

Recebi este vídeo por mail. Gosto do ar sério que é usado. E é tudo verdade, ainda por cima!
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segunda-feira, 19 de abril de 2010

aconteceu...histórias com médicos -3

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Em situações de grande carência emocional certas pessoas são capazes apresentar comportamentos que têm vários significados, apelativo, auto e heteroagressivo, preverso, etc.
Acontece por exemplo com a ingestão de objectos estranhos, que não só não são comestíveis como não são digeríveis e que terão de sair do corpo, intactos como entraram.
O F. de 10 anos tinha perdido a mãe cedo na vida, ficando com um pai alcoólico, abandonante, desorganizador, pelo que o rapaz andava ao Deus dará. Faltava à escola, não tinha poiso, esmolava na rua, era aliciado por gangs, pelo que, avaliada a situação, confirmada a desorganização, teve de ser protegido e foi internado.
A sua integração não foi fácil e iniciou um período muito complicado em que, a par de outras alterações de comportamento, muitas das coisas que apanhava à mão iam para a boca e daí para o estômago. Por mais cuidado que se tivesse, havia sempre um objecto que era deglutido. Estas situações eram inquietantes, uma vez que alguns dos objectos podiam ficar retidos no tubo digestivo, e necessitarem de ser retirados por meios cirurgicos, para além do risco existente de uma perfuração.
Raro era o dia em que não tinha de ir ao hospital fazer uma radiografia para estudar onde estava o "alimento" e acompanhar a sua saída. Começou a ser conhecido dos radiologistas.
Um dia lá foi ele novamente à urgência para ver do trajecto das pilhas do comando da televisão que tinham ido goela abaixo. Raio X feito, estudada a situação e o relatório foi conciso "Pronto a recarregar".
Mesmo com as coisas complicadas da vida, por vezes há saídas com humor.

domingo, 18 de abril de 2010

Poema - Maria do Rosário Pedreira

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O sono retirou-se do meu corpo e as cigarras
atormentam as minhas noites. Depois de teres
partido, os lençóis da cama são como limos frios
que se agarram à pele. Porém, se me levanto,
não faço mais do que arrastar a solidão pela casa;
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talvez procure ainda um gesto teu nos braços
do silêncio, como um pombo cego a debicar
as sombras na única praça deserta da cidade -
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o amor nunca aprendeu a ler nas linhas da mão.