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segunda-feira, 19 de abril de 2010

aconteceu...histórias com médicos -3

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Em situações de grande carência emocional certas pessoas são capazes apresentar comportamentos que têm vários significados, apelativo, auto e heteroagressivo, preverso, etc.
Acontece por exemplo com a ingestão de objectos estranhos, que não só não são comestíveis como não são digeríveis e que terão de sair do corpo, intactos como entraram.
O F. de 10 anos tinha perdido a mãe cedo na vida, ficando com um pai alcoólico, abandonante, desorganizador, pelo que o rapaz andava ao Deus dará. Faltava à escola, não tinha poiso, esmolava na rua, era aliciado por gangs, pelo que, avaliada a situação, confirmada a desorganização, teve de ser protegido e foi internado.
A sua integração não foi fácil e iniciou um período muito complicado em que, a par de outras alterações de comportamento, muitas das coisas que apanhava à mão iam para a boca e daí para o estômago. Por mais cuidado que se tivesse, havia sempre um objecto que era deglutido. Estas situações eram inquietantes, uma vez que alguns dos objectos podiam ficar retidos no tubo digestivo, e necessitarem de ser retirados por meios cirurgicos, para além do risco existente de uma perfuração.
Raro era o dia em que não tinha de ir ao hospital fazer uma radiografia para estudar onde estava o "alimento" e acompanhar a sua saída. Começou a ser conhecido dos radiologistas.
Um dia lá foi ele novamente à urgência para ver do trajecto das pilhas do comando da televisão que tinham ido goela abaixo. Raio X feito, estudada a situação e o relatório foi conciso "Pronto a recarregar".
Mesmo com as coisas complicadas da vida, por vezes há saídas com humor.