sábado, 16 de janeiro de 2021

Um dia de sol no confinamento levou muita gente esquecê-lo. Eu cumpro!

 304º dia do recomeço do blog

Confinada a ler ao sol. Em casa. 

Não pensava interessar-me tanto com o livro da Alice Caetano, Palco Sombrio. Passado na Guiné, durante a guerra colonial, acompanha-se uma companhia de militares pelas situações que foram vividas. O dia, as noites, emboscadas, perdas de vida, conversas entre os militares, a comunicação com os familiares, crenças e outras coisas. Presente sempre o capitão miliciano Carlos Nery Gomes de Araújo. 

Estou agora a chegar a  parte interessante e divertida, quando Nery resolve antes de se vir embora encenar uma peça de Ionesco, A Cantora Careca.  

Um texto, sobre a comunicação, que se insere no teatro do absurdo. É uma peça pequena, que vi encenada pelo Nery no 1º Acto de Algés, nos anos 60. Falam, mas a referência à cantora só aparece uma vez, pela boca de um bombeiro que perguntará se ela continua a usar o mesmo penteado. Só.

De facto falamos muito e nada dizemos, quantas vezes? 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Depois do barulho veio a música

 303º dia do recomeço do blog

Confinar num prédio com um andar em remodelação, onde um martelo pneumático trabalhou todo o dia, foi obra!

O som da televisão ou o do rádio não abafavam o do martelo.

O esforço de concentração na leitura foi maior. E não era trabalho mas há por cá muita gente em teletrabalho. Coitados, espero que tenham bons fones.

Finalmente às 19h pude ver e ouvir a transmissão do concerto que se realizou na Fundação Gulbenkian ontem. Orquestra e 4 solistas, cantaram áreas de ópera. Muito bom!

Esta é das minhas preferidas, aqui na voz da Maria Callas.

https://youtu.be/5oZi2fovnZQ?t=253


quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Para o meu confinamento

 303º dia do recomeço do blog

Amanhã começa o novo confinamento. Apesar de achar que será um flop com tantas excepções para o poder não o cumprir.

Preveni-me:

Para me despedir fui almoçar numa esplanada à beira Rio Tejo, com sol.

Na Fnac comprei três livros apesar de ter começado um outro há poucos dias.

Comprei pilhas e já substituí as dos comandos da televisão, da Meo e da aparelhagem de som.

E haverá quem lhe vai custar muito mais do que a mim!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

A revolta do elevador.

 302º dia do recomeço do blog

O prédio tem 8 andares e um só elevador. Todas as semanas vou ao 5º andar onde moram os meus netos.

Frequentemente o elevador estava avariado e eu tinha de subir as escadas a pé. Ultimamente isso deixou de acontecer.

O elevador tem escrito 4 pessoas, 300 kg.

Acontece que no último andar mora uma família de 3, pais e 1 filho, gordíssimos. E sempre que tentavam descer, nem sei como cabiam lá dentro, o elevador parava. Insistiram muito tempo. Terão sido confrontados com a situação e depois passaram a descer só os pais. O elevador continuava a avariar. Finalmente passou a descer um de cada vez.

O elevador deixou de se revoltar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Hoje senti-me um animal exotérmico

 301º dia do recomeço do blog

Hoje será só um apontamento curioso.

Num dia em que os números de infectados e mortes por Covid-19 nunca foram tão altos, hoje fui a uma consulta.

À entrada uma senhora fardada pediu para me tirar a temperatura e toda contente por mim e se calhar por ela disse-me que podia passar que marcava 33ºC.

Fiquei a olhar para ela. 33ºC, pode passar.

Assim nunca encontraram ninguém com febre. E se dessem umas noções básicas a quem faz este serviço? Mais um faz-de-conta?

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

O frio em Lisboa durará muitos dias?

 300º dia do recomeço do blog

Está frio. Somos atravessados por temperatura baixas a que Lisboa não está habituada.

Eu que já vivi na Beira-Alta, Alto-Douro já passei por muito frio, mais frio que este. Meses seguidos.

- Os canos de manhã estavam gelados. Banho só à noite.

- As fechaduras ficavam tapadas pelo gelo. Era preciso deitar-lhes água para conseguir meter a chave.

- A pele das bochechas dos meus filhos, mesmo com o cuidado de lhes pôr creme, estavam vermelhas, como todos os miúdos das aldeias da zona.

- A água do tanque tinha uma camada de gelo. Para lavar a roupa antes de chegarem utentes - eu vivia no 1º andar do centro de saúde - tinha de a partir para então poder lavar a roupa. 

- Em Leomil, o posto de Saúde onde prestava serviço, na rua a fogueira era acesa por volta das 6 da manhã e à sua volta os doentes tentavam aquecer-se. Lá dentro, eu com duas camadas de roupa e sem aquecimento, tentava atender o observar o melhor que eu podia sem que o barulho dos dentes se ouvisse.

Em Lisboa, agora, o céu está azul, lindo! 

sábado, 9 de janeiro de 2021

A minha Mãe está nas plantas dos jardins da Gulbenkian

 299º dia do recomeço do blog

Margarida Roque Gameiro Mendo

(9 de Janeiro 1923- 7 Janeiro 2006) Cremada a 9 Janeiro 2006

Uns dias depois...

Dia de chuva fraca mas contínua, uma espécie de camada húmida que não deixava ver nada à frente.

Esta situação climatérica, em que ninguém passeava pelo jardim da Fundação Gulbenkian nem os polícias e guardas habituais, favoreceu a ilegalidade.

Com os meus dois filhos, já adultos e uma amiga, fui deitar as cinzas resultantes da cremação do corpo da minha Mãe num cantinho do jardim. Era o seu jardim preferido! 

E desde então quando por lá passo, penso sempre com ternura que ela está por ali.