domingo, 22 de novembro de 2020

O Zoom ajuda

 

251º dia do recomeço do blog


A vida não pode parar. É diferente e julgo que vai ser durante muito tempo. Mas temos de criar soluções, como ontem a Boutique da Cultura fez para rodear a dificuldade/proibição de juntar gente.

Estava marcado o lançamento do livro "Hoje Não Te Posso Abraçar" escrito por Maria Dias e ilustrado por Glória Rosa. Ainda não o tenho nem folheei, vi-o pela net, com capa preta como acharam que o assunto e o momento era adequado.

Era para ser presencial mas a altura não é adequada. Fizeram então por zoom.


Marquei-me com uma bolinha, sentada no meu sofá de orelhas. Cerca de 40 pessoas, ouviram-se as autoras. a Glória que não é uma ilustradora profissional falou um pouco sobre as dificuldades que se lhe levantaram mas também na ajuda que este trabalho lhe deu para este tempo de recolhimento que temos há meses.

E é isso mesmo, temos de nos ocupar, entreter, o tempo parado custa mais.

Foi um bom serão. 

sábado, 21 de novembro de 2020

Sábado, mais um com recolhimento

 

250º dia do recomeço do blog


Mais um fim de semana com regras de confinamento, às 13h fecha tudo, e é hora de recolher. Até às 5h da madrugada. Sobram as farmácias, pequenas mercearias e mais umas outras.

Está um sol lindo! Não fosse isto e estava todos na praia.

Levantei-me mais cedo, peguei no carro e decidi ir ao mercado de Alvalade buscar hortaliça arranjada e talvez peixe. Nem parei o carro! Imensa gente nas ruas, filas para quase tudo, engarrafamento de carros. De regresso a casa passei pelo jardim do Campo Grande. Sem estar atafulhado de gente havia quem corria, jogava ténis, passeava. Muito bom!

Moro numa espécie de condomínio, digo assim porque nenhuma rua no seu interior tem saída, pelo que vem quase quem cá mora ou quem nos visita. Uma tranquilidade enorme. Alvalade está na moda mas aqui está-se muito melhor. Também temos jardim, campo de futsal, parque infantil, uma ciclovia passa pela rua lateral, enfim, os equipamentos necessários. Se quiser passear temos mesmo ao lado restos de quintas, o pulmão de Lisboa que é Monsanto, um bom passeio um pouco mais longe mas que se faz a pá.

Esqueci-me da igreja, a dois passos. Como tenho a janela aberta para entrar o ar e o sol, ouvi agora o sino a dar as horas, 12h, com a música do Ave, Ave, Ave Maria, completa. Uma pessoa sente-se numa aldeia com este sino.

E antes que sejam 13h vou ali ao lado comprar flores à D. Maria do Céu que está sempre ao pé do coreto. Depois do Ave que outro nome podia ela ter ? 




Com a casa enfeitada, estou preparada para aqui ficar por aqui até amanhã.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

A solidão e o traumatismo. Humor nestes tempos precisa-se!

 

249º dia do recomeço do blog


1 - 9h da manhã, vou à janela e lá está a Lourdes sentada no murinho em que termina o passeio. A seu lado o seu cãozinho de raça, pêlo branco muito bem tratado, sentado a seu lado. Sempre a fazer-lhe festas. Ontem quando fechei a persiana, à noite, também lá estavam. Desde que não chova lá estão. Os dois. A dois passos ficam as escadas da entrada para o prédio do condomínio, classe média alta onde moram. Não vou tirar conclusões mas o sentimento de tristeza está presente em mim.

2 - Chamaram-me a atenção para um filme que passou há dias na RTP2. Fui esta tarde à gravações e pus-me a vê-lo. As Crianças de Windermere. Crianças e adolescentes judeus saídos de campos de extermínio nazis salvaram-se e são levados para Inglaterra. No filme há tentativa de recuperação do traumatismo que têm dentro deles. No centro onde foram colocados há desporto, arte, psicologia grupal etc. Baseado em testemunhos deles, quando adultos. E o futuro que construíram. Muito emocionante. 

Quando comecei a ver estive para desistir. Nesta fase preciso mais de Jerry Lewis, Louis de Funès, e outros cómicos para nos darem outro humor. Mas ainda bem que cheguei ao fim.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

O trabalho e o desencanto

 

249º dia do recomeço do blog

É triste ver hoje a discussão dos médicos novos sobre o trabalho, as condições de trabalho e de remuneração mas também o pensar/desejar a reforma.

O empenho da minha geração, a iniciar o trabalho pouco depois do 25 de Abril, com um mundo inteiro por fazer, era um ânimo que nos dava, um entusiasmo total. Não pensávamos em horário, era quando fosse preciso. Dia e noite se necessário. Sei que não posso generalizar, nem todos. 

Mas éramos respeitadas. O médico, o professor e o padre! E hoje? Trabalham que se fartam, muitos com risco da sua saúde aumentado pela Covid-19, ordenados cortados na crise P. Coelho assim como o pagamento das horas extraordinárias. Os professores, perderam a consideração que por eles tinham, até há pais que lhes batem. Quanto ao cura  há muito mais religiões de porta aberta que havia e não tenho conhecimento de avaliação do apreço que lhes têm. 

Trabalhei 40 anos como médica. Reformei-me nessa base acrescentando a idade exigida e que eu também cumpria. Só comecei a desejar a aposentação uns dois anos antes de a atingir. Até lá sempre disse que iria trabalhar até aos 70 anos, idade limite, o que não cumpri. 

Coitados dos mais novos!

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Milho de norte a sul

 

248º dia do recomeço do blog

Um dia destes telefonei para uma amiga minha que mora no norte. Cozinha muito bem! Desafiava-me então para ir lá comer os milhos e as couves que estão óptimas porque já há geada, coisa essencial para ficarem tenras.

Milhos? Acho que nunca comi, disse-lhe eu. Milho grosseiramente moído, com carne de vinha d´alhos e couves. Lá fui procurar no sr. google. Vi um vídeo e confirmo, nunca comi.

E se as palavras são como as cerejas, milho também o é.

Em casa dos meus pais, em Lisboa, fazia-se uma ou duas vezes e só no inverno uma sopa que aquecia e satisfazia. Papas de milho com couve. Era delicioso. Já comi num restaurante ribatejano o chamado requentado, sopa de feijão com couves e farinha de milho. A mesma inspiração.

Andando mais para o sul, quando estou no Algarve faço às vezes xerém. Lá, compro no mercado da Quarteira os bivalves que vêm com água do mar. Nunca ficam com areia. A água da cozedura aproveita-se para juntar ao refogado de tomate e misturar a farinha de milho mas não completamente em pó, depois os berbigões que tirei da casca e por cima camarões fritos em azeite e piripiri. 

E quase sem dar por isso, fiz um tour por Portugal.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Um dia do "novo normal"

 

247º dia do recomeço do blog

Achei que tinha de fazer um dia do "novo normal". O dia estava lindo, céu azul, sol brilhante e quente quando de frente, porque não aproveitar este verão de São Martinho?

Está em Cascais uma exposição organizada pela Bel-Air Fine Art, na marina de Cascais, que junta obras de várias galerias estrangeiras para vender. Não querendo comprar nada e regulando-me pelas regras anti corona vírus resolvi ir.


Esta, de Paul Sibuet (D 1986), escultor francês que eu não conhecia, achei-lhe graça. Ao ar livre, a escultura feita de resina com tintas. E tem lá várias trabalhando o mesmo tema, tintas a escorrer.


Também em resina, de Idan Zareski (DN 1968), francês israelita, terá vivido em muitas partes do mundo e as suas esculturas refletem as suas experiências de vida. São várias as que estão ali representadas. As cabeças são sempre do mesmo modelo mas com diferentes expressões. Li depois na net vi que tem muitas suas obras expostas na rua em lugar público. Gosto disso.

Na sala interior, que vi mais rapidamente atendendo às regras que são aconselhadas e embora quase sem mais pessoas, estão litografias, tapeçarias de artistas que conheço e outros não. Dali bem representado. Em tamanho pequeno esculturas de Jeff Koons, protegidas por caixas de vidro. 

Não sei preços, não sou compradora.

O passeio que se seguiu à beira da marina de Cascais soube muito bem. A vila de Cascais e as vistas que daí se podem alcançar são do melhor que conheço.

Foi muito bom! 

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

O futuro tem de ser diferente.

 

246º dia do recomeço do blog

Não deixa de ser curioso que no fim-de-semana de regras de confinamento maior, sem ninguém na rua depois das 13h e recolher obrigatório durante a noite até às 6h da madrugada eu só tenha posto "anedotas". 

Habituada a tentar compreender o que vai dentro de mim, embora possa parecer que não estou nervosa, a necessidade de pôr o aparelho que me impede de estar sempre a ranger os dentes, mesmo durante o dia, o adormecer muito tarde e acordar às 5-6 h da manhã, sem sono e não o ter nem para fazer uma sesta depois do almoço são sinais a ter em conta.

Acredito na gravidade de um vírus que sabemos agora que se transmite de pessoa para pessoa com uma força enorme. 

Ouvimos opiniões de um especialista, de outro e outro. Eles são intensivistas, virulogistas, de saúde pública, pneumologistas etc. Opiniões divergentes, acusatórias, números e mais números, de mortos, infectados, internados etc. Mais os que nada sabem e também poluem com opiniões.

Se no início desta pandemia eu ouvia e tentava compreender os relatórios técnicos diários, actualmente quase evito fazê-lo. Não, não é enfiar a cabeça na areia mas diminuir a minha ansiedade. As opiniões são diferentes porque muitas vezes têm alvos diferentes.

Hoje ouvi uma mesa redonda com um professor de saúde pública. O que falou são coisas básicas da organização da saúde pública, sim, ok mas agora? Agora estamos num período de doença aguda!

Li hoje um artigo interessante que saiu no jornal Público de um grande senhor da saúde pública, Constantino SaKellarides. Cito e termino por hoje " Por isso, este é também o tempo de, independentemente dos nossos posicionamentos políticos e de juízos mais ou menos informados sobre o que correu melhor ou pior no passado, dar força e alento aos que nos governam, valorizando com apreço o seu enorme esforço e determinação em servir o país em condições de dificuldade extrema."