domingo, 29 de março de 2020


15º dia de isolamento social (COVID-19)

Como distinguir os dias agora que me encontro dentro de casa com a recomendação de não sair?
Domingo sem despertador. É logo uma diferença. Mas acordar à mesma hora de semana para quê?
Procuro marcas, balizas, coisas que me possam organizar. É que já passaram 15 dias ... quem diria!
Lembrei-me de Mário Quintana 

SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS 

A vida é um dos deveres que nós trouxemos para fazer em casa

Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê já é 6ª feira...
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade.
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente...

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.



sábado, 28 de março de 2020



14º dia de isolamento social (COVID-19)

É preciso dar a volta por cima e ser feliz com as pequenas coisas.


Hoje, por exemplo, recebi uma mensagem que dizia " Às 17h concerto de piano via skype pelo Francisco".
É o meu neto mais novo, 10 anos, que aprende música há algum tempo e desde Setembro integra o Ensino Articulado de Música numa escola pública perto dele.
À hora lá estávamos 7 agregados familiares com laços de proximidade a olhar para o écran, . Algum atraso que isto das novas tecnologias e a 3ª idade nem sempre funcionam rapidamente.
Tocou bem, compenetrado como se estivesse numa audição, todos gostamos, batemos palmas, no fim falámos uns por cima dos outros. Foi a primeira reunião familiar desde este isolamento.
Que bem que soube!


sexta-feira, 27 de março de 2020


13º dia de isolamento social (COVID-19)


Cada dia fico mais preocupada com o aparente esquecimento que há outras doenças para além do causador desta pandemia. 


Entretanto e para distrair, porque não fazer umas bolachinhas? Ajuda a passar o tempo, são fáceis de fazer e muito saborosas com um chá a meio da tarde.


Receita - Bolachas de manteiga

125 g de manteiga, igual de açúcar 1 ovo e 250 g de farinha
Mistura-se tudo mas sem bater demais.
Fazem-se umas bolinhas pequenas já num tabuleiro forrado a papel vegetal que se esmagam com um garfo deixando sulcos cruzados. Vai ao forno.

quinta-feira, 26 de março de 2020


12º dia de isolamento social (COVID-19)
Agora diz-se confinamento mas eu vou continuar como comecei.


1. O Carlos caiu e fez um enorme hematoma numa perna. Acabou por rebentar ficando uma ferida muito feia. Foi levado de ambulância e ficou internado num hospital distrital a 81 Km de distância da terra onde vive. 
É um herói com um transplante cardíaco já há bastantes anos, por isso tem de tomar anticoagulantes. É diabético também.

Será concebível que um hospital não tenha insulina nem anticoagulantes para um doente internado? Custa a crer! E que não encomendam? Se assim se mantiver esta situação, isto é escandaloso!

2. A forma como foi resolvido a falta para hoje é um exemplo da rede comunitária solidária que tem de existir e ainda mais nestas situações de pandemia com as limitações que isso implica.
O Carlos tinha insulina e os comprimidos  do anticoagulante em casa. As filhas estão longe. Soube que uma enfermeira desse hospital vive na mesma vila que ele. Só que iria entrar no turno da noite e os medicamentos eram precisos  para ontem como se costuma dizer. 
Como funcionou a rede? Uma pessoa foi a casa dele depois de ter acesso à chave, e pelo telemóvel foi recebendo indicações onde estavam os medicamentos e algumas coisas básicas para quem está internado. A enfermeira não ia mas, coincidência, tem um pai bombeiro que teve de transporte de um doente na ambulância àquele hospital.  
Assim chegou o embrulho.

Se esta situação se mantiver, com o doente a ter de arranjar medicação básica, digo o nome do hospital. Estamos em Portugal e temos um Serviço Nacional de Saúde onde me orgulho de ter sido médica durante 40 anos e onde isto não acontecia.


quarta-feira, 25 de março de 2020


11º dia de isolamento social (COVID-19)




Ainda estamos aqui!


terça-feira, 24 de março de 2020


10º dia de isolamento social (COVID-19)

Almeida Garrett é um escritor português do século XIX.
Uma das suas obras mais conhecidas é as "Viagens Na Minha Terra". Fazia parte do programa do liceu e nós, jovens, achávamos muito aborrecido.
E eis que nestes dias de isolamento, peguei nele e encontrei esta parte que cito:

"Eu muitas vezes, nestas sufocadas noites de Estio, viajo até à minha janela para ver uma nesguita de Tejo que está no fim da rua, e me enganar com uns verdes de árvores que ali vegetam sua laboriosa infância nos entulhos do Cais do Sodré".

Nestes 10 dias de isolamento os meus passeios também são por casa. Não é verão, não vejo o Tejo, que moro noutra zona de Lisboa, mas vou à janela, às janelas, que dão para duas paisagens diferentes.
Vejo vizinhos por detrás das vidraças, um ou outro carro, raros, alguém passeando um cão (uma das excepções para se ir à rua).
A torre perto de mim tem um jardim. De forma isolada já vi pessoas a lerem, pai a jogar à bola com filho, ali à sombra alguém joga com uma raquete, são certamente dois mas ao outro não o vejo.
O meu prédio é rodeado por um terraço, sem relva e quantas vezes já pensei ir-me lá sentar com uma cadeirinha de praia que tenho na arrecadação, chapéu de palha e um livro. Mas ainda não o fiz. 
Certamente um dia...isto ainda está para durar.

segunda-feira, 23 de março de 2020



9º dia de isolamento social (COVID-19)


Não aguentei mais! Sei que não devia mas o trabalho caseiro é tão pesado!

Contratei uma senhora para me ajudar, logo hoje que era dia de mudar a cama e meter o édredon no saco.

Acho que o nome dela me agradou, chama-se Magda como eu, não é uma jovem como eu, e acreditei que teria muita experiência.

Acreditam que para meter o édredon no saco deu mil e uma voltas, pediu-me um youtube onde explicam


como se faz, acabou por conseguir segurando as pontas com molas. 1h20! Sim, Ela suava, tinha um ar cansado, felizmente era teimosa e conseguiu terminar a tarefa.

Mas não volta mais ainda por cima com isto do vírus.