domingo, 22 de maio de 2011

Aconteceu...todos os anos é a mesma coisa

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É numa pasta onde durante o ano se vão enfiando, que coabitam aqueles papéis, todos misturados, uns de pernas para cima, outros de pernas para baixo, uns pequenos, outros largos, juntinhos. 
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Tantos meses assim, mais de um ano para alguns, ali fechados, espalmados uns contra os outros, imagino que talvez tenham travado   conhecimento entre si, quem sabe se relações de amizade ou mesmo algum namoro. Será talvez por isso que tenho algum pudor e adio, dia a dia, mexer-lhes.
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Chegado a esta altura do ano, essas eventuais relações vão acabar, coitados, outras vão ser construídas, por força da lei, vão ser organizados. Quer queiram quer não, serão separados, classificados por rubricas.
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E eis que falta um, não estava na pasta, terá fugido, tentando determinar o seu destino, mas em vão, acaba por ser encontrado. 
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Todos os anos é assim, uma luta com os papéis,  que há que preencher o impresso do IRS na internet, submeter e enviar. 

sábado, 21 de maio de 2011

Poema - Eugénio de Andrade

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CABEDELO
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As gaivotas
as gaivotas demoram-se no Cabedelo
sabem que o sol também se demora
e só a bruma
hoje virá à tona.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Aconteceu... Porto, sólido e líquido

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................................Fotos - Magda

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Poema - Manuel António Pina

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AMOR COMO EM CASA

Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Aconteceu...Há algo de podre no reino da Dinamarca!

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Na minha infância, sobretudo nas épocas festivas, íamos ao Porto onde parte da família morava. Eram umas viagens longas, por estradas estreitas e com muitas curvas  que chegavam a demorar oito horas de carro.

Mas quando outros tios e primos se juntavam, costumavamos ir de combóio, viagem mais curta e muito mais divertida. Para além de nos podermos movimentar, dava tempo para muita conversas, jogos e, imprescindível, uma refeição na carruagem restaurante.

Será uma memória real ou tranformada pelo tempo, condensando várias sensações e escondendo outras, mas as omeletes mal passadas fazem parte das minhas memórias de viagem na CP desse tempo.

Entre olhar para fora e deixar-me prender pela paisagem, viajo dentro de mim e vou escrevendo.  Estou dentro de um comboio da CP.

Leio nos jornais, que têm sido desactivadas linhas e deixado pessoas apeadas. Todos terão de ter carro?

E o preço dos bilhetes, porque será cerca de 4 vezes mais  do que quase a mesma distancia que há dias fiz em Itália? 

Há algo de podre reino da Dinamarca! 


terça-feira, 17 de maio de 2011

Aconteceu...Arte urbana...no chão do cais

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..........................................Foto - Magda

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Poema - Rui Almeida

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O homem que se olha ao espelho sabe
Que vai morrer. Não sabe quando ou como,
Mas reconhece a finitude da vida
- Da sua vida, de cada vida.
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Contempla o processo biológico
E admira-se perante o zelo do tempo
A modelar-lhe a velhice do rosto.