sábado, 29 de janeiro de 2011
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Poema - Sophia de Mello Breyner Andressen
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INTERVALO I
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Eu só quero silêncio neste porto
Do mar vermelho, do mar morto
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Perdida, baloiçar
No ritmo das águas cheias
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Quero ficar sozinha neste espanto
Dum tempo que perdeu a sua forma
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Quero ficar sozinha nesta tarde
Em que as árvores verdes me abandonam.
INTERVALO I
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Eu só quero silêncio neste porto
Do mar vermelho, do mar morto
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Perdida, baloiçar
No ritmo das águas cheias
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Quero ficar sozinha neste espanto
Dum tempo que perdeu a sua forma
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Quero ficar sozinha nesta tarde
Em que as árvores verdes me abandonam.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Aconteceu...que os médicos, para além de profissionais, são pessoas
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Ouço frequentemente falar da frieza dos médicos. Pessoas que se queixam da pouca ternura e simpatia que sentem vinda dos médicos, quando estão doentes ou têm familiares doentes.
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Não que não os haja. Há de tudo como em todas as profissões, uns simpáticos, educados, competentes, outros bruscos, frios, demasiado calados, ou faladores. Podia enumerar imensas outras hipóteses. Cada pessoa é diferente e o curso de medicina não altera as pessoas.
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Ouvi recentemente uma pessoa que tem uma filha com doença grave, queixar-se que não conseguia saber ao certo o estado dela, o curso da doença, a resposta aos tratamentos. Quando se aproximavam do médico e lhe diziam que gostariam de de ser esclarecidos nalgumas coisas, ele respondia invariavelmente que teria de ficar para o dia seguinte.
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No entanto e como comecei por dizer, os médicos são pessoas, todas diferentes.
Perante a dor dos outros, há alguns que ficam tão aflitos que reagem pela fuga, evitam confrontar-se com os doentes e famílias. Parecem frios e se calhar o que são é demasiadamente frágeis.
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Numa das primeiras vezes que fiz urgência, assisti à morte de um rapaz de 20 anos, vítima de um acidente de viação. Ainda esteve umas horas em coma. Uma colega, jovem como eu, foi encontrada a chorar agarrada ao doente que ela não conhecia. Foram-na buscar e é uma imagem que me acompanhou sempre. A sua sensibilidade teria impedido qualquer eficácia, caso tivesse sido preciso. Não sei se "ganhou calo" ou se desistiu da profissão.
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Há dias em que perante certas situações, a consulta acaba e o doente fica cá dentro. Depositam em nós o seu sofrimento. Bem queremos pensar noutra coisa, mas voltamos sempre a pensar nele.
Ouço frequentemente falar da frieza dos médicos. Pessoas que se queixam da pouca ternura e simpatia que sentem vinda dos médicos, quando estão doentes ou têm familiares doentes.
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Não que não os haja. Há de tudo como em todas as profissões, uns simpáticos, educados, competentes, outros bruscos, frios, demasiado calados, ou faladores. Podia enumerar imensas outras hipóteses. Cada pessoa é diferente e o curso de medicina não altera as pessoas.
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Ouvi recentemente uma pessoa que tem uma filha com doença grave, queixar-se que não conseguia saber ao certo o estado dela, o curso da doença, a resposta aos tratamentos. Quando se aproximavam do médico e lhe diziam que gostariam de de ser esclarecidos nalgumas coisas, ele respondia invariavelmente que teria de ficar para o dia seguinte.
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No entanto e como comecei por dizer, os médicos são pessoas, todas diferentes.
Perante a dor dos outros, há alguns que ficam tão aflitos que reagem pela fuga, evitam confrontar-se com os doentes e famílias. Parecem frios e se calhar o que são é demasiadamente frágeis.
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Numa das primeiras vezes que fiz urgência, assisti à morte de um rapaz de 20 anos, vítima de um acidente de viação. Ainda esteve umas horas em coma. Uma colega, jovem como eu, foi encontrada a chorar agarrada ao doente que ela não conhecia. Foram-na buscar e é uma imagem que me acompanhou sempre. A sua sensibilidade teria impedido qualquer eficácia, caso tivesse sido preciso. Não sei se "ganhou calo" ou se desistiu da profissão.
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Há dias em que perante certas situações, a consulta acaba e o doente fica cá dentro. Depositam em nós o seu sofrimento. Bem queremos pensar noutra coisa, mas voltamos sempre a pensar nele.
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Nestas situações, não há "frieza" que resista!
Etiquetas:
comportamento fóbico,
frieza,
médicos,
projeção,
sofrimento
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Poema - Adília Lopes
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Minha mãe era uma pessoa
tão poupada
que as tias do meu pai
diziam a minha mãe
ó Maria Adelaide!
esse teu vestido!
já tinha idade para ir à escola
Minha mãe era uma pessoa
tão poupada
que as tias do meu pai
diziam a minha mãe
ó Maria Adelaide!
esse teu vestido!
já tinha idade para ir à escola
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Aconteceu...que curou a bebedeira aos espirros
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Recebi um e-mail com nomes e fotos de “remédios de antigamente”.
Conheço muitos, tomei alguns e prescrevi outros. Mas não me sinto assim tão "do antigamente".
Conheço muitos, tomei alguns e prescrevi outros. Mas não me sinto assim tão "do antigamente".
Aliás alguns desses medicamentos continuam à venda.
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Mas recordei uma história passada poucos anos depois do 25 de Abril.
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Na urgência do Hospital de S. José entram dois militares fardados, soldados rasos do exército. Um amparava o outro, que vinha a cair de bêbado.
O lúcido contou a história seguinte: estavam ambos de serviço. Um deles numa guarida estava de vigia e não podia dormir. De vez em quando, tempo que não sei determinar, uma ronda passava e para conferir a situação perguntava gritando "Sentinela alerta?" e o da guarida tinha de responder "Alerta está", e a ronda continuava.
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Na urgência do Hospital de S. José entram dois militares fardados, soldados rasos do exército. Um amparava o outro, que vinha a cair de bêbado.
O lúcido contou a história seguinte: estavam ambos de serviço. Um deles numa guarida estava de vigia e não podia dormir. De vez em quando, tempo que não sei determinar, uma ronda passava e para conferir a situação perguntava gritando "Sentinela alerta?" e o da guarida tinha de responder "Alerta está", e a ronda continuava.
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Estes dois soldados eram amigos e o que fazia a ronda não obteve resposta. Chamou uma segunda vez e silêncio. Pelo que foi ele que respondeu pelo amigo e no fim do seu trabalho foi lá ver e encontrou o amigo caído no chão, a curtir uma enorme bebedeira.
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Agarrou no amigo e levou-o às escondidas ao banco de urgência, onde eu e outros colegas (todos jovens) ouvimos a sua história.
E explicou que ia ser muito grave se na próxima ronda, em que ele já não estaria presente, o amigo não respondesse e continuasse naquele estado. Levaria uma "grande pilada", talvez mesmo uns dias de prisão. Será que nós médicos poderíamos fazer alguma coisa?
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E nós fizemos, demos-lhe uma injecção de Coramina, um medicamento estimulador usado na depressão respiratória. Quase de imediato o doente espirrava sem parar umas largas dezenas de vezes, era impressionante ver. Os meus colegas iam-se divertindo, é pá, parece que te constipaste e outras coisas assim, sempre atentos e preparados para intervir se fosse necessário. No fim dos espirros, o álcool tinha desaparecido do organismo e o soldado estava fino, pronto para pegar o serviço e sei lá se outra bebedeira.
Levou um sermão e lá foi.
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Teve sorte naquele dia, safou-se de um bom castigo.
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Éramos muito jovens e fomos solidários com a prevaricação. Hoje seríamos capazes da mesma cumplicidade?
Levou um sermão e lá foi.
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Teve sorte naquele dia, safou-se de um bom castigo.
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Éramos muito jovens e fomos solidários com a prevaricação. Hoje seríamos capazes da mesma cumplicidade?
Etiquetas:
cumplicidade,
intoxicação etílica,
responsabilidade,
serviço de urgência,
vigia
domingo, 23 de janeiro de 2011
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