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Há imensas acontecimentos que nos inquietam e perante os quais reagimos de forma absolutamente ridícula. Queremos livrar-me de qualquer maneira do incómodo, seja de como fôr, nem que seja um grande disparate.
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Já aqui falei várias vezes da minha experiência médica no início da minha vida profissional, na Beira Alta, durante o Serviço Médico à Periferia. Esta será mais uma história desse tempo.
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Um dia, para azar meu, tenho de acudir inutilmente a uma criança que levaram ao posto de saúde onde eu estava a trabalhar. Foi uma enorme trapalhada, movimentação, choros, gritos e a minha total impotência porque já chegou cadáver.
Foi muito complicado para mim gerir os sentimentos de me confrontar com esta situação.
Mais tarde tive de preencher uma certidão de óbito, também pela primeira vez. Como a criança tinha sido atropelada, pus como causa de morte provável traumatismo ou coisa parecida, não me lembro muito bem. O que sei é que nesse dia à tarde, ia eu na rua e um homem aproxima-se de mim, apresenta-se, era o Delegado do Procurador da Republica lá na terra e informa-me que eu teria no dia a seguir de ir fazer a autópsia ao miúdo.
Juro, má informação minha, mas eu não sabia que isso era uma ordem. Certamente que fiquei aflita, tanto mais quanto achava não saber fazer tal coisa, tinha visto uma e de má vontade durante o curso. Não achei pois melhor resposta do que dizer que não podia porque já estava com um compromisso.
Para a justiça não há outros compromissos, só os dela, e eu vi-me ali numa situação que, percebi depois, seria uma nódoa na minha carreira profissional.
Eu que achava que não ia conseguir. e se ainda estava muito incomodada com a situação que se tinha passado de manhã, como aguentaria uma outra?
Felizmente que uma colega e amiga ofereceu-se e foi autorizada a substituir-me.
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Mas a espontaneidade, coisa óptima em certas circunstâncias, pode, se usada como fuga sem a análise e o conhecimento das situações, ser uma inimiga.
Há imensas acontecimentos que nos inquietam e perante os quais reagimos de forma absolutamente ridícula. Queremos livrar-me de qualquer maneira do incómodo, seja de como fôr, nem que seja um grande disparate.
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Já aqui falei várias vezes da minha experiência médica no início da minha vida profissional, na Beira Alta, durante o Serviço Médico à Periferia. Esta será mais uma história desse tempo.
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Um dia, para azar meu, tenho de acudir inutilmente a uma criança que levaram ao posto de saúde onde eu estava a trabalhar. Foi uma enorme trapalhada, movimentação, choros, gritos e a minha total impotência porque já chegou cadáver.
Foi muito complicado para mim gerir os sentimentos de me confrontar com esta situação.
Mais tarde tive de preencher uma certidão de óbito, também pela primeira vez. Como a criança tinha sido atropelada, pus como causa de morte provável traumatismo ou coisa parecida, não me lembro muito bem. O que sei é que nesse dia à tarde, ia eu na rua e um homem aproxima-se de mim, apresenta-se, era o Delegado do Procurador da Republica lá na terra e informa-me que eu teria no dia a seguir de ir fazer a autópsia ao miúdo.
Juro, má informação minha, mas eu não sabia que isso era uma ordem. Certamente que fiquei aflita, tanto mais quanto achava não saber fazer tal coisa, tinha visto uma e de má vontade durante o curso. Não achei pois melhor resposta do que dizer que não podia porque já estava com um compromisso.
Para a justiça não há outros compromissos, só os dela, e eu vi-me ali numa situação que, percebi depois, seria uma nódoa na minha carreira profissional.
Eu que achava que não ia conseguir. e se ainda estava muito incomodada com a situação que se tinha passado de manhã, como aguentaria uma outra?
Felizmente que uma colega e amiga ofereceu-se e foi autorizada a substituir-me.
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Mas a espontaneidade, coisa óptima em certas circunstâncias, pode, se usada como fuga sem a análise e o conhecimento das situações, ser uma inimiga.