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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Aconteceu...acusações infundadas, desculpas públicas

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Já houve tempos em que as páginas dos anúncios e da necrologia faziam parte da minha leitura de um jornal. Não me perguntem qual a graça, nunca comprei nada através desses anúncios. Quanto à necrologia havia qualquer coisa mágica, supersticiosa, como se tivesse a necessidade de ver que não havia ninguém conhecido, até mesmo próximo. Deixei-me disso.
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Hoje não sei como, dei comigo a ler um anúncio. Emoldurado dentro de um rectângulo preto, era um pedido de desculpas, o que me parece que não é muito habitual. O nome da pessoa, trabalhadora no sítio tal, que pedia desculpa à Sra. D. Fulana a que se seguiam vários apelidos, por a ter acusado do roubo de 50€ no local do emprego. E seguia-se um rol de mais desculpas e lamentos por lhe ter causado tanto incómodo, e etc. e tal.
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Aqui há uns anos, estive no Grande Hotel de umas termas a tratar da minha sinusite e a descansar. Um dia de manhã saio do quarto, dei as minhas voltas, e eis quando sinto alguém muito perto de mim. Eram dois homens, eventualmente familiares entre si e também eles hóspedes do hotel. Desculpamo-nos mutuamente pelo discretíssimo encontrão, quando de repente percebo que o meu porta moedas, grande com espaço para notas e cartões, de uma pele verdadeira e muito bonita, tinha desaparecido. Tal como 1 mais 1 são 2, julguei ter logo percebido quem mo tinha surrípiado da mala.
Dirigi-me à recepção do hotel, onde me conheciam bem pois há anos que para lá ía, e perguntei se conheciam aqueles senhores, se sabiam quem eram, mas sem dizer a razão. Não conheciam, eram novos lá no sítio, estavam há poucos dias. Hesitei, se devia já contar o roubo.
Eu tinha a certeza de que tinha saído do quarto com o porta-moedas e eles tinham sido as únicas pessoas a estar perto de mim. Tinham sido eles quase com toda a certeza!
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Com o coração aos saltos de sobressalto e excitação, que não há nada que mais me irrite do que ser roubada, subi ao quarto para pensar o que fazer. A camareira ainda não tinha passado a fazer a cama e as arrumações. Resolvi puxar as orelhas à roupa da cama para me deitar um pouco e sossegar. E nesse movimento de levantar os lençois, ei-lo que lá o encontro, escondidinho, certamente caído quando o ia a meter na mala.
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E se eu tivesse acusado os tipos, mas que grande embaraço que tinha sido!
Será que teria havido no jornal um pedido de desculpas minhas para limpar a honra daqueles hóspedes manchada com um falso testemunho meu?
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"Nunca tenho dúvidas e raramente me engano"? Não, felizmente!