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terça-feira, 13 de abril de 2010

Aconteceu...que há passeios e paralisias mentais

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Durante muitos anos passávamos um mês na praia da Manta Rota.
De tão pequenina, naquela altura aquela terra quase nem era uma aldeia, antes um lugar, com poucas casas, baixinhas, uma pequena escola primária e uma mercearia cujo lema era "Casa Humberto, tem tudo aqui tão perto".
Quase deserta fora da época de verão, à sua frente um enorme areal quer para a direita, direcção Tavira, quer para a esquerda, na direcção de Vila Real de Santo António.
Dava enormes passeios, em família, com amigos às vezes, outras vezes sozinha. Levantava-me mais cedo que todos e lá ia eu, eu e as aves que ainda não tinham levantado voo depois da noite se calhar lá passada.
Eram uns quilómetros de areia, plana e fácil de andar. Andar e pensar. Naqueles meus passeios solitários, todos os pensamentos e emoções pareciam ter a facilidade de me aparecerem no espírito. Eu acho que "escrevi" dúzias de contos, "desenhei" imensos projectos de quadros, "construí" muitas esculturas com detritos que o mar ia deitando para terra e que eu ia levando para casa.
Sentia aquelas caminhadas solitárias como um espaço de liberdade, descansavam-me e alegravam-me. Eram mesmo férias!
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Tenho-me lembrado muito destes "passeios mentais" no ginásio onde, inicialmente com espírito de recuperação do pezinho, vou diariamente.
Chego e começo por um "passeio" de bicicleta. À minha frente um enorme vidro dá para a piscina, e acima dele muitas televisões com imagem e sem o som correspondente. No ar há quase sempre barulho, ou música ou "corridas" concertadas de bicicletas, as chamadas RTM (rotações por minuto), e que são acompanhada por ordens, urros ou frases ditas em conjunto.
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Por mais que eu pedale, o meu pensamento recusa-se a passear.
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Optei por levar um livro que leio sofregamente enquanto as pernas, de forma automática pedalam. É assim que passa o tempo e aguento o exercício que é suposto fazer.
Depois há a hidroginástica. Vários professores conforme o dia.
Música ritmada mas horrorosa. Nunca fui a uma rave mas imagino lá essa música, electrónica, techno, house ou lá o que é e com o som bem alto.
Suponho que a finalidade é pôr-nos com uma aceleração de pulsações e um aumento de adrenalina para darmos os pulos que nos são pedidos.
Há professores que dão muitas ordens, devem achar assim os exercícios mais dinâmicos. Então eu fico mentalmente presa, a contar, perna esquerda perna esquerda, braço direito, perna esquerda perna esquerda, braço direito, para depois mudar para pontapé perna direita, atrás perna esquerda, ao lado etc. É um cansaço!
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Outros são menos "criativos", os exercícios têm uma repetição simples, consigo fazê-los deixando lá só o meu corpo, e aí tenho dado grandes passeios.
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Nesses dias venho para casa muito mais bem disposta e leve. Quase consigo imaginar que estou a chegar da Manta Rota.

sábado, 20 de março de 2010

aconteceu estar a ler - 3


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Com a fractura do meu pé, experimentei primeiro a imobilidade, depois as saídas curtas amparada por canadianas e a receber o olhar cusca-piedoso de quem comigo se cruzava, como escrevi numa postagem.

Agora, já livre das pernas extra, vejo-me diariamente a fazer exercícios para repôr o meu pé, que coitado ficou com a posição em que o gesso o manteve durante quase 4 meses, e fortalecer os meus músculos, que ficaram moles de tanto tempo estive sentada.

Assim todos os dias rumo para um "wellness center" com piscina aquecida, ginásio, aulas de várias modalidades, um bom café-restarante, sauna, sala de leitura, um ambiente bem luminoso, cheio de janelas e ar muito agradável.

Chego, bebo o café e parto para uns quilómetros de biciclete. Tal como os outros companheiros de pedalagem, olhava para os écrans que à minha frente vão passando vários canais de cabo. Era uma chatice, estar ali a olhar para as séries que não acho graça nenhuma do AXN, ou ver a SIC Notícias sem som ou ainda uns canais de música ligeira sem som ou, claro os canais de desporto. As bicicletes que monto não estão ligadas ao som, pelo que, mesmo depois de comprar uns auscultadores, continuei sem ouvir nada.

Resolvi iniciar a técnica que já usava durante os tratamentos que desde há anos faço nas Termas das Caldas da Felgueira, ou seja ler. Escolho um livro maneirinho, letra grande e tempo passa mais depressa e de forma mais agradável e útil.

Há poucos dias começei e acabei hoje, A Herança de Eszter, de Sàndor Márai. É o 3º livro que leio dele e que gosto. Bem escrito, uma história sempre interessante.

E acabado este "passeio", passeio-me pela piscina, já sem livro.

Não imaginava o movimento que têm estes "healths clubs", ginásios, SPAs, como lhe queiram chamar. A toda a hora, já fui em dia de insónia matinal, às 7horas, e lá estava já muita gente, uns grupos que fazem uma bicicletadas simultâneas com coreografia de exercícios, aulas de bodys qualquer coisa (há imensas modalidades), aparelhos, água etc, o mesmo a meio da manhã, tarde e serão. Fecha às 22h30.

Sem dúvida que há uma ditadura do corpo, do aspecto físico certamente e talvez também da saúde.

Acabada a recuperação do pé, estarei eu a entrar nessa?