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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Aconteceu...que se pode intervir: criar e aumentar a resiliência, desenvolver a saúde mental

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A ida em anos diferentes aos mesmos sítios permite-nos ter bem a noção da diferença, por vezes superficial. Mas há outras mudanças bem mais profundas que se vão passando nas pessoas.
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No Rio de Janeiro e em São Paulo, há muito poucos bairros sociais. Há nomeadamente na periferia da capital, alguns grupos de prédios de andares, muito altos, sem varandas e pouco apelativos. Depois há uns aglomerados que à primeira vista parecem favelas, mas que por ter arruamentos passaram à categoria de bairros de renda social. E depois há as favelas, construções de 1 ou 2 pisos, sem ordenamento nenhum, que parecem plantadas umas em cima das outras.
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Quem vai observando as favelas por fora, como eu, nota diferença de há uns anos para cá. As casas passaram a ter, muitas delas, telhados de telha, muitos buracos de janela já têm as ditas, de alumínio e com vidros. O crescimento em altura das casas corresponde certamente a melhoria do seu interior. É conseguido à custa dos subsídios que o anterior governo estabeleceu para os mais fracos, economicamente falando.
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Na favela também onde moram muitos trabalhadores e suas famílias, não são só as redes de tráfico de droga como por vezes parece. Era dificil lá entrar e implantar fosse o que fosse. O governo de Lula fez uma distribuição de frigoríficos pelas favelas. Só que nelas não havia electricidade e as ruas e as portas foram-se abrindo para deixar instalar esse equipamento básico.
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Atrás da electricidade, instituições comunitárias e as crianças estão a usufruir disso. Há muito trabalho que lá está a ser feito, com pessoas e sobretudo com as crianças que têm vivências muito traumatizantes e tinham o desenvolvimento parado ou mal dirigido. Equipas diversificadas de técnicos vão fazer crescer as crianças, fazer-lhes chegar a cultura, nomeadamente através da escolarização. Ter outras vivências, é poder pensar-se de forma diferente. É de esperar que uma percentagem delas possam fazer a sua própria nova narrativa, um dia.
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Se a passagem de Boris Cyrulnik, mais uma vez por Lisboa, hoje no Instituto Franco Português, deixou, foi a noção da possibilidade de fazer crescer a saúde mental e a esperança onde às vezes parece não existir. A resiliência, processo tão querido a este médico francês, ensinou-lhe e ele a nós, que se é possível ir desenvolvendo em qualquer idade, quanto mais na infância. É possível recomeçar a vida psicológica e mudar o rumo.
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Ter vivido traumaticamente não é sinónimo de fatalismo. Há que intervir!