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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Aconteceu...ficam as memórias depois das portas se fecharem

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Caro Amigo,
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Ontem, por volta das 19h, fui ao Colombo buscar o jornal, digo buscar porque para quem compra o Público de 6ª feira e sábado, o de domingo é oferta.
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Entrei pela porta da Fnac, a mais perto de minha casa. Mas antes, como deves estar recordado, há a Bata, sapataria de cadeia internacional, com produtos bastante em conta. No sábado tinha feito o mesmo percurso e nessa loja estavam cartazes a anunciar 30% de desconto para sapatos de homem. Ontem, domingo, os cartazes tinham mudado alastrando o desconto a todos os artigos. Em ambos os dias, talvez algum mosquito invisível fizesse companhia aos empregados.
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É este o nosso panorama, e cada loja que faz estes descontos no início da época é uma loja que não está a conseguir vender. Corre o perigo de encerramento. E são muitas nestas condições. Todos podemos, já hoje, citar várias.
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Mas o encerramento de certas lojas dói. Pelo valor simbólico e não economicista.
Citaste o caso da livraria Portugal, onde durante tantos anos foste assim como eu. Tinha funcionários que tudo sabiam sobre os livros. Querias saber sobre um livro, um assunto, um autor, e ainda fora da era dos computadores eles lá te informavam e te levavam ao lugar certo. Mas as pessoas deixaram de lá ir comprar e fechou. Doeu.
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Quanto à Barateira, que parece que também vai fechar,  poucas vezes lá entrei.  Suponho que era por amor que se mantinha aberta. Mas também o amor deixa de ser possível de suportar. Ouvi dizer que para construir uma garagem. Ali? Deve valer muito esse espaço e os clientes serão poucos.
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Indissociável da livraria/alfarrabista Barateira, sabes, aquele homem muito magro, sério e com ar ausente, de grandes barbas que sempre nos habituámos a ver sentado na Cervejaria Trindade, na mesma mesa e frente a uma floresta de copos de cerveja grandes, "girafas", já  vazios. Faleceu há uns anos. Sempre achei que era ele o verdadeiro apaixonado dos livros.
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Memórias que ligam as coisas ao afecto, por isso e quem sabe se também por ser mulher, mais dada às coisas do coração que às da razão, estes desaparecimentos deixam marcas.
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Um abraço e até à próxima