quarta-feira, 11 de maio de 2011

Poema - Manoel de Barros

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Pela rua deserta atravessa um bêbado comprido
e oscilante
como bambu
assobiando...
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Ao longo das calçadas algumas famílias
ainda conversam
velhas passam fumo nos dentes, mexericando...
Nhanhá está aborrecida com o neto que foi estudar
no Rio
e voltou de ateu
- Se é para desaprender, não precisa mais estudar
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Pasta um cavalo solto no fim escuro da rua
O rio calmo lá embaixo pisca luzes de lanchas
acordadas
Nhanhá choraminga
- Tá perdido, diz que negro é igual com branco! 

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