sexta-feira, 8 de junho de 2012

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Aconteceu...a traição da cerdeira

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"As cerejeiras amadurecem mais perto do
jardim onde embalas o berço das crianças perdidas."
José Agostinho Baptista
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Estamos na época das cerejas. E estão bem boas. Ainda não comi das brancas, as minhas preferidas, rijas e doces. São mais raras.
Vem sempre esta discussão, qual a melhor, a vermelha, a vermelha escura, a branca? Cada um afirma que a sua preferida é a melhor.
Tal como com a zona, qual a que dá melhor cereja? Há os que preferem as da Gardunha, afirmando que as do Fundão são certamente as melhores. Não, diz logo o vizinho, são as de Resende.
Hoje comi de Vila Real de Trás-os-Montes, e quem as trouxe dizia que as desta zona são as melhores.
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Bem vistas as coisas, a boa cereja é mais do Norte. Ouve-se falar da cereja de Beja? de Tavira? de Alcobaça? Pois não, elas precisam de dias e dias de frio e de muita chuva.
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Já vi muita gente magoada por cair da cerdeira, são árvores traiçoeiras, diziam-me, os ramos partem-se com o nosso peso...e eu não tinha escadote justificavam-se.
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Foi assim que fiquei a saber o outro nome da cerejeira.

terça-feira, 29 de maio de 2012

domingo, 27 de maio de 2012

Poema - Ruy Belo

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E TUDO ERA POSSÍVEL
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Na minha juventude antes de ter saído
de casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
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Chegava o mês de Maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela tivesse acontecido
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E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
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Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer

domingo, 20 de maio de 2012

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Poema - Gastão Cruz

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E-MAIL
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Está sob o vidro a pele
é um suor de sílabas
de músculos pulsando
na primavera física
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Queria fazê-la
sair do vidro e simples
atravessar as nuvens
como um calor longínquo
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subitamente perto
com mãos e lábios vindo
encostar-se ao meu corpo
como o ramo do símbolo

domingo, 13 de maio de 2012

Aconteceu...o tempo, esse escultor

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Quando eu olhava para as fotos das comemorações dos antigos combatentes da 1ª guerra, pensava para mim que eram muito velhos, será que ainda se reconheceriam?
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Vem isto a propósito de um almoço a que fui recentemente, para festejar os 35 anos de licenciatura. Embora não estivéssemos todos, o curso era muito grande, lá nos encontrámos perto de 200. A verdade seja dita, há os que reconhecemos e os que não reconhecemos. E teremos conhecido alguma vez?
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Logo à entrada para os jardins, prévios ao salão onde seria servida a refeição, muitos abraços, beijos, muitas perguntas como há quanto tempo não nos víamos, onde estás colocada, ainda trabalhas?
E alguma admiração e um pouco de comiseração perante a minha resposta afirmativa.
Com a minha idade muitos estão reformados do serviço público - médico raramente se reforma do trabalho.
E claro, as perguntas que não podem falhar sobre os filhos e netos.
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À entrada uma colega muito simpática agarra-se a mim, contente, efusiva, beijos e abraços. Eu não me lembrava nada dela mas lá correspondi embora de forma mais discreta.
Quando os cumprimentos amainaram, optei por uma parcial sinceridade, dizendo lhe que lhe reconhecia a cara mas os nomes, sou péssima, já me é mais difícil de fazer a ligação, qual era o seu perguntei. Ela lá me disse, um nome que não me fez tocar nenhum sininho na memória. E perguntei-lhe para confirmar, se ela sabia o meu. Claro! disse sorridente, tu és a Zé!
Podia ter deixado a coisa por ali, mas, com um sorriso nos lábios, não sei porque o fiz, disse-lhe do seu engano.
Talvez pudesse não o ter feito, ela estava tão feliz de "me" rever.
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Assim que nós estamos 35 anos depois de acabarmos o curso, aproximando-nos a passos largos do que imagino serem os encontros dos veteranos de algum feito longínquo.