sábado, 22 de janeiro de 2011

Poema - Vítor Nogueira

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De negro vermelho
Em campo aberto mal fechado
pela paz em construção
pelo pão que se não faz
pela liberdade sem caridade ...
Coisas belas só de vê-las
uma criança em contradança
com imaginação no coração
esperança e alegria
pedra a pedra no dia-a-dia
da cidade em democracia.
Não há criação sem mim, diz o patrão
amigo da servidão
de porrete na mão !
Quem assola o sossego de quem teme o povo demente
seja ou não terra-tenente
com o zé povão em baraço ?
Mas poderá haver outra inspiração
poderá um homem dizer sim ou não
deixando de ser solidário
com quem tem mau solário
quando lhe pesam a fome
a sede e
a opressão
de quem não tem pão no meio da escuridão ?!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Aconteceu...ler sobre a criança que faz batota

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Nem sempre os técnicos de saúde mental e desenvolvimento estão de acordo. Acontece que há várias correntes teóricas em todas as ciências humanas, o que pode dar várias formas de ver e de intervir.

Por isso é frequente alguma desorganização junto dos pais que não confiam no técnico que escolheram e procuram ouvir várias opiniões. Arriscam-se a ouvir opiniões absolutamente contrárias.
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Li hoje um pequeno texto numa revista cor-de-rosa sobre as crianças e a batota.
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O normal e o patológico só podem ser vistos à luz do desenvolvimento. Alguém dirá que uma criança que ainda não mastiga tem um problema, se souber que a criança tem 6 meses? E que ainda não usa o bacio se tiver 1 ano? Ou que mente se tiver 2 anos? Tudo tem de ser visto à luz do esperado, conforme a idade e o desenvolvimento conseguido.
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Ora nesse texto, a fase do desenvolvimento não era referida e a batota era considerada de forma geral como qualquer coisa que tinha de ser corrigida, até mesmo com castigos.
Mas há crianças que ainda não sabem que para jogar há regras. Também podem não as cumprir sem ser com a finalidade de fazer batota.
A batota só poderá ser considerada na criança já com idade para saber isso que a está a praticar. Aí deve-se ensinar, brincar sobre o não gostar de perder, e ir corrigindo a batota, voltando atrás ou mesmo parar, se não conseguirmos que a criança cumpra.
Ninguém gosta de perder, e há que perceber porque algumas conseguem aguentar esse "desgosto" e outros não.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Poema - Ruy Belo

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O VALOR DO VENTO
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Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras e
só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores só ele traz
a música que jaz à beira-mar em agosto
Mas hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento actualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Aconteceu...na rua

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Os meus olhos pousaram nela.
Tal como um metal a ser atraído pelo íman, assim me senti. O meu olhar não descolava.

Levava um casacão com os botões apertados. Junto ao pescoço uma enorme flor vermelha, redonda como um cravo gigante, que abanava discretamente, movimentando-se em sintonia com ela.

Não olhei a cara da pessoa, atenta a tal pregadeira.

Eis que nos cruzámos, e pude ver que a dita flor era uma cabeça de bebé com um carapuço vermelho (passe-montagne?) que a mãe, encostando a si, protegia do frio e cobria com o casaco.

Bendito é o fruto do seu ventre... Mãe, linda é a flor ao teu colo!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Aconteceu...Foto - A ver o que lá se passa

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......................................................Foto - Magda

domingo, 16 de janeiro de 2011

Poema - Alberto de Lacerda

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Inventaste-me
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Uma vez mais
Deixei-me ser inventado
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Só os teus lábios
Verdadeiramente suspensos
Dos meus
Me restituiriam
A quem eu fui
Antes do labirinto ardente de palavras
Onde me inventas
E onde me abandonas consecutivamente
Coberto de sangue
Sem dares por isso.