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...................................Foto - Magda
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Poema - Manoel de Barros
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EXPERIMENTANDO A MANHÃ DOS GALOS
... poesias, a poesia é
- é como a boca
dos ventos
na harpa
nuvem
a comer na árvore
vazia que
desfolha a noite
raíz entrando
em orvalhos...
floresta que oculta
quem aparece
como quem fala
desaparece na boca
cigarra que estoura o
crepúsculo
que a contém
o beijo dos rios
aberto nos campos
espalmando em álacres
os pássaros
- e é livre
como um rumo
nem desconfiado...
EXPERIMENTANDO A MANHÃ DOS GALOS
... poesias, a poesia é
- é como a boca
dos ventos
na harpa
nuvem
a comer na árvore
vazia que
desfolha a noite
raíz entrando
em orvalhos...
floresta que oculta
quem aparece
como quem fala
desaparece na boca
cigarra que estoura o
crepúsculo
que a contém
o beijo dos rios
aberto nos campos
espalmando em álacres
os pássaros
- e é livre
como um rumo
nem desconfiado...
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Aconteceu...em viagem, ele há cada história!
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No avião rumo ao Rio de Janeiro, sentou-se a meu lado um homem de meia-idade, aspecto simples e rural.
Ainda estávamos em terra, e toca o telemóvel dele. Ouvi-o atender e surpresa, dar ordens sobre a rega dos tomates e dos pimentos, com pormenor de horário e quantidade de rega.
Manteve o telemóvel ligado e já no ar um novo telefonema e as ordens eram sobre a rega dos pepinos. Confesso que fiquei perdida de riso...e de curiosidade.
Como nenhum tripulante lhe deu nenhuma indicação directa sobre medidas de segurança como o desligar do telemóvel, disse-lhe eu. Ficou aflito e desligou-o, e aproveitou para me contar a sua aventura. Era a primeira vez que andava de avião.
Como nenhum tripulante lhe deu nenhuma indicação directa sobre medidas de segurança como o desligar do telemóvel, disse-lhe eu. Ficou aflito e desligou-o, e aproveitou para me contar a sua aventura. Era a primeira vez que andava de avião.
Era de uma aldeia do centro do País e nunca tinha viajado mais do que uns quilómetros em roda da sua terra. Pequeno agricultor, tinha empregado para trabalhar consigo uma brasileira. Aqui falou de uma maneira especial, baixou a voz como se de um segredo se tratasse. Só que ela, na semana anterior, sem aviso prévio e sem que ele percebesse o porquê quis voltar para o Brasil. Disse-me que ela lhe fazia muita falta, tinha quase chorado, implorado para que ficasse, mas ela tinha partido.
Uns dias depois ela telefonou-lhe, arrependida, queria voltar para Portugal, pediu-lhe que ele a fosse buscar. Com o coração aos pulos, dispôs-se a ir, sem hesitar. Arranjou um vizinho que lhe ia tratar de regar as hortas durante a sua ausência. E lá estava ele, já com dois bilhetes comprados de volta para dois dias depois.
Não sabia onde ela se encontrava, só tinha o número do telemóvel. À saída desejei-lhe boa sorte.
Não sabia onde ela se encontrava, só tinha o número do telemóvel. À saída desejei-lhe boa sorte.
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A brasileira tinha-lhe dado a volta ao coração...e à cabeça.
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Quanto aos tomates, pimentos e pepinos, esperemos que o vizinho tenha sabido cuidar.
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domingo, 31 de outubro de 2010
sábado, 30 de outubro de 2010
Poema - Ferreira Gullar
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MEU PAI
.
meu pai foi
ao Rio se tratar de
um câncer (que
o mataria) mas
perdeu os óculos
na viagem
quando lhe levei
os óculos novos
comprados na Ótica
Fluminense ele
examinou o estojo com
o nome da loja dobrou
a nota de compra guardou-a
no bolso e falou:
quero ver
agora qual é o
sacana que vai dizer
que eu nunca estive
no Rio de Janeiro
MEU PAI
.
meu pai foi
ao Rio se tratar de
um câncer (que
o mataria) mas
perdeu os óculos
na viagem
quando lhe levei
os óculos novos
comprados na Ótica
Fluminense ele
examinou o estojo com
o nome da loja dobrou
a nota de compra guardou-a
no bolso e falou:
quero ver
agora qual é o
sacana que vai dizer
que eu nunca estive
no Rio de Janeiro
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Aconteceu...há mar e mar, há ir e voltar
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A organização de uma viagem é para certas pessoas, mesmo que sempre prontas para ir, muito complicada. Deixam quase tudo para a última da hora e arrastam-se, em dúvidas, e hesitações sobre o que levar, o que deixar, como arrumar, enfim, é mesmo até ao último minuto.
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Há uns anos, um grupo de quatro amigos, resolveu ir a Paris de camioneta. Como partia às 6h da matina, juntaram-se na casa de uma delas e lá ficaram encostados a tentar dormitar, para depois partir juntos. Acho que não conseguiram, a dona da casa andava para a frente e para trás, à procura do que levar, sem acabar de arrumar...nem deixar descansar. À hora de partir, estava cansada mas tinha conseguido ter tudo pronto.
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Como se movimentos internos contraditórios existissem dentro das pessoas, partir de casa é um pouco a aventura, o afastamento, a perda da base de segurança conhecida. Mas o desconhecido atraí, e a curiosidade, vivida com segurança, pode ajudar a afastar do conhecido, separar.
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Margareth Mahler, psicanalista que estudou o desenvolvimento psicológico da criança e conceptualizou uma teoria sobre as psicoses infantis, descreve a certa altura do desenvolvimento infantil, quando a criança começa a ter autonomia para se afastar da mãe (aqui como figura de ligação e segurança para a criança), como ela se afasta um pouco, olha para trás, avança mais um pouco e depois volta completamente para junto da mãe, às vezes toca-lhe, para depois recomeçar a afastar-se. Este voltar para depois partir de novo, é como se a criança fosse à bomba-mãe encher o depósito de gasolina-afectiva.
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Curiosamente, quando as pessoas viajavam muito de carro, hoje é mais de avião, os receios motivados pelo afastamento eram sobretudo nos primeiros cem quilómetros, nem que ainda faltassem mil. Mas a partir dessa altura era mais a vontade do novo que prevalecia e até já carregavam no acelerador.
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Quando se vai de férias, deve-se encher bem o depósito afectivo antes de partir e ir gastando-o com moderação. Daí a importancia para mim de comer bacalhau com todos na véspera da partida para uma viagem a Terras de Vera Cruz...
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quinta-feira, 28 de outubro de 2010
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