quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Aconteceu...Pôr-do-sol na marina

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............................Foto - Magda

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Poema - Ana Hatherly

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A PALAVRA ESCRITA
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A palavra-escrita
é um labor arcaico: sulca enigmas
venda e desvenda
o sentido do gesto
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é uma imagem detida
recolhida do mais fundo cinema íntimo
onde o verdadeiro
é um ser invisível
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O cinema do mundo está aí
onde houver ilusão
onde houver vontade de ver
mesmo que seja só o nada

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Aconteceu...subsídio aumenta 50 cêntimos?? Obrigadinho!

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Estou furiosa! Estas coisas dos computadores tem muito que se lhe diga e eu nem sempre saberei bem o que faço com esta máquina.
Tinha aqui escrito um texto sobre o valor do dinheiro, e, pimba, apagou-se! Nem no rascunho o recuperei.
Por isso vou tentar, abreviadamente, repor as ideias do dito.
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Falava no engano que o valor em euros causa, eventualmente por ter, em muitas coisas como no supermercado, valores de só um digito. Pêra a 1,2€, frango a 2,2€, leite a 0,60€, mais isto e mais uma promoção, e até parece que achamos que isto hoje está barato. Chegando à caixa para pagar, tal como o ditado que diz "grão a grão enche a galinha o papo", o nosso cesto está caro.
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De quanto vale hoje em dia uma banal gorjeta, por exemplo no cabeleireiro, onde são logo a três pessoas, a ajudante que lava, a manicure e a cabeleireira que corta e penteia, um euro a cada faz três ou seja seiscentos escudos. Que menos que um euro "não se dá a ninguém".
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Ao arrumador dos carros a quem não costumo dar mas quase toda a gente dá uma moedinha. E como tem medo que o carro vá aparecer com um risquinho, não vai dar menos de 1 €.
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Isto veio a propósito de ter ouvido uma notícia hoje anunciando que o subsídio para os livros escolares dos mais carenciados tinha subido 50 cêntimos. 50 cêntimos?? Ou se precisa ou não, mas isto parece uma brincadeira de mau gosto!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Aconteceu...nuvens ao pôr-do-sol

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..........................................Foto - Magda

domingo, 12 de setembro de 2010

Poema - Cesário Verde

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DE TARDE

Naquele "pic-nic" de burguesas,
Houve uma cousa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!

sábado, 11 de setembro de 2010

Aconteceu...os piqueniques da minha infância

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O dia começava cedo para os adultos, que era preciso fritar os croquetes e os rissóis, fatiar o lombo já assado na véspera, as tartes salgadas e doces, não esquecer o pão, as febras, o sal e os limões, os chouriços cortados em rodelas não completamente separadas, para que o lume não as faça cair quando abrirem e começarem a pingar, e o bolo de laranja. As bebidas no congelador um bocado, vinho tinto, cervejas, um garrafão meio de água a congelar, depois é só acabar de encher e a água ficará fresquinha pelo dia fora, o frango e as ervilhas já estão estufadas, vamos lá pôr o arroz e esperar que levante fervura para embrulhar em jornais e chegar lá pronto e quente, é melhor levar uns pacotes de batatas fritas que sempre sabem bem, ai que já me ia esquecendo dos termos com café e o outro com chá, isto está quase, a salada de tomate que aguenta ir temperada, fresquinha vai saber muito bem. Melão e melancia bem fresquinhas, que a casca protege do calor. Estará a faltar alguma coisa?

O fogareiro e o carvão já estão, a cesta dos pratos, dos copos e talheres, fica tão giro, mais a toalha grande dos quadrados, vermelha e branca, e os guardanapos de papel vermelhos a condizer.

Já lá estão as mantas para pôr no chão? As redes para pendurar nos pinheiros? As cadeiras de lona? Como é que isto tudo vai caber no carro?

Eram assim os piqueniques, na altura escrevia-se pic-nic, da minha infância. Na casa dos amigos dos meus pais, movimentos semelhantes deviam existir, e juntos, adultos e crianças passávamos um dia muito divertido nos pinhais lá para o lado do Guincho.

No fim as cinzas do fogareiro eram deitadas já murchas para o chão. E com grande divertimento, os rapazes, não fosse alguma ter ficado viva, regavam-nas com o seu xixi, todos ao mesmo tempo e debaixo de uma grande risota.

Na volta, a excitação de um dia de aventura passada, o sono enchia-nos e adormecíamos até Lisboa.

Nota- O Pedro e Miguel já não me podem ler mas eram os meus grandes amigos e companheiros, treinavamos subir às árvores, aventuravamo-nos pinhal fora à procura de tesouros, a seguir os caminhos de alguma bicharada, ouvir e procurar adivinhar qual o pássaro que assim cantava...