terça-feira, 14 de setembro de 2010

Aconteceu...subsídio aumenta 50 cêntimos?? Obrigadinho!

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Estou furiosa! Estas coisas dos computadores tem muito que se lhe diga e eu nem sempre saberei bem o que faço com esta máquina.
Tinha aqui escrito um texto sobre o valor do dinheiro, e, pimba, apagou-se! Nem no rascunho o recuperei.
Por isso vou tentar, abreviadamente, repor as ideias do dito.
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Falava no engano que o valor em euros causa, eventualmente por ter, em muitas coisas como no supermercado, valores de só um digito. Pêra a 1,2€, frango a 2,2€, leite a 0,60€, mais isto e mais uma promoção, e até parece que achamos que isto hoje está barato. Chegando à caixa para pagar, tal como o ditado que diz "grão a grão enche a galinha o papo", o nosso cesto está caro.
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De quanto vale hoje em dia uma banal gorjeta, por exemplo no cabeleireiro, onde são logo a três pessoas, a ajudante que lava, a manicure e a cabeleireira que corta e penteia, um euro a cada faz três ou seja seiscentos escudos. Que menos que um euro "não se dá a ninguém".
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Ao arrumador dos carros a quem não costumo dar mas quase toda a gente dá uma moedinha. E como tem medo que o carro vá aparecer com um risquinho, não vai dar menos de 1 €.
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Isto veio a propósito de ter ouvido uma notícia hoje anunciando que o subsídio para os livros escolares dos mais carenciados tinha subido 50 cêntimos. 50 cêntimos?? Ou se precisa ou não, mas isto parece uma brincadeira de mau gosto!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Aconteceu...nuvens ao pôr-do-sol

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..........................................Foto - Magda

domingo, 12 de setembro de 2010

Poema - Cesário Verde

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DE TARDE

Naquele "pic-nic" de burguesas,
Houve uma cousa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!

sábado, 11 de setembro de 2010

Aconteceu...os piqueniques da minha infância

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O dia começava cedo para os adultos, que era preciso fritar os croquetes e os rissóis, fatiar o lombo já assado na véspera, as tartes salgadas e doces, não esquecer o pão, as febras, o sal e os limões, os chouriços cortados em rodelas não completamente separadas, para que o lume não as faça cair quando abrirem e começarem a pingar, e o bolo de laranja. As bebidas no congelador um bocado, vinho tinto, cervejas, um garrafão meio de água a congelar, depois é só acabar de encher e a água ficará fresquinha pelo dia fora, o frango e as ervilhas já estão estufadas, vamos lá pôr o arroz e esperar que levante fervura para embrulhar em jornais e chegar lá pronto e quente, é melhor levar uns pacotes de batatas fritas que sempre sabem bem, ai que já me ia esquecendo dos termos com café e o outro com chá, isto está quase, a salada de tomate que aguenta ir temperada, fresquinha vai saber muito bem. Melão e melancia bem fresquinhas, que a casca protege do calor. Estará a faltar alguma coisa?

O fogareiro e o carvão já estão, a cesta dos pratos, dos copos e talheres, fica tão giro, mais a toalha grande dos quadrados, vermelha e branca, e os guardanapos de papel vermelhos a condizer.

Já lá estão as mantas para pôr no chão? As redes para pendurar nos pinheiros? As cadeiras de lona? Como é que isto tudo vai caber no carro?

Eram assim os piqueniques, na altura escrevia-se pic-nic, da minha infância. Na casa dos amigos dos meus pais, movimentos semelhantes deviam existir, e juntos, adultos e crianças passávamos um dia muito divertido nos pinhais lá para o lado do Guincho.

No fim as cinzas do fogareiro eram deitadas já murchas para o chão. E com grande divertimento, os rapazes, não fosse alguma ter ficado viva, regavam-nas com o seu xixi, todos ao mesmo tempo e debaixo de uma grande risota.

Na volta, a excitação de um dia de aventura passada, o sono enchia-nos e adormecíamos até Lisboa.

Nota- O Pedro e Miguel já não me podem ler mas eram os meus grandes amigos e companheiros, treinavamos subir às árvores, aventuravamo-nos pinhal fora à procura de tesouros, a seguir os caminhos de alguma bicharada, ouvir e procurar adivinhar qual o pássaro que assim cantava...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Poema - Nuno Júdice

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SOBRE O POEMA
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As palavras caem, como a estrela
cadente que vi uma destas noites, e
desenhou uma linha nítida no meio
dos astros que não deram por ela.
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É possível que os versos sejam
como essa estrela cadente, e ninguém
repare na sua linha exacta, quando
olha para as imagens do poema.
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Mas há palavras que caem
no meio dessas imagens, e antes
que desapareçam deixam o sulco
de uma ferida que não cicatriza.
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Molho a caneta na tinta dessa
ferida, e vejo a palavra secar
no papel, como o brilho da estrela
cadente que se apaga no céu.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Aconteceu...Querido mês de Agosto...na 2ª circular

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É muito divertido este país no mês de Agosto, como bem retratou o filme, embora por detrás do enredo manifesto estivesse o drama, na relação pai-filha, artistas que alegram as festas.
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Em certas praias, o espaço para as toalhas é escasso, o mar está pejado de gente, de tal forma que ao longe parece uma multiplicidade de pontos pretos, vulgo cabeças se vistas de perto. Há bichas para os supermercados, no mercado do peixe somos empurrados contra as bancadas com o cheiro a agarrar-se-nos à roupa. Se usarmos carro, a ida e a volta é feita em marcha lenta. Sua-se litros! Que maravilha!
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Como o filme "Aquele Querido Mês de Agosto" mostra, terras quase abandonadas de gente durante o ano inteiro, ficam cheias dos que ganham a vida lá por fora, a festejar, romarias, casamentos, microfones nas praças a ecoarem música e publicidade; as janelas sempre fechadas das maisons abertas, mais uma obrazita.
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E em Lisboa? Quando hoje de manhã, demorei vinte e cinco minutos para fazer quatro quilómetros, pela 2ª circular, pára, pára, arranca, dei comigo a lembrar-me como foi Agosto, o mês que há dias acabou.
Ruas sem movimento, lugares de estacionamento havia o que se quisesse, doentes poucos que estão de férias, mas que grande diferença!

E não foi por não haver gente em Lisboa. Museus cheios, com aumento das visitas guiadas tal a procura, espectáculos esgotados, pessoas a passear pelas zonas mais interessantes da cidade.

Ai meu querido mês de Agosto em Lisboa!
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PS: Talvez os que ficaram em Lisboa, a fazer praia na Caparica, bichas para as camionetas, calor, ou nos carros, horas para atravessar a ponte, esses certamente não viveram as minhas boas experiências, mas espero que tenham tirado partido das deles. É que a vida é dura para alguns, conheço miúdos para quem as férias, foi ficarem fechados em casa. Esses sonham com o regresso da escola, aos amigos, nem sempre às aulas que no entanto também fazem parte da escola.