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Sábado passado estava um dia lindo, com sol aberto, calor quanto baste. Não era dia para se ficar em casa.
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Saí e fui-me sentar num banco do jardim, virado para o sol. Começo a ler um artigo que tinha levado, quando oiço uma voz perguntar-me "podemos sentar?". Levanto os olhos, uma senhora bem arranjada, talvez ainda sem meia centena de anos, e que trazia pela trela uma cadelinha minúscula toda branca e de laçarote rosa no alto da cabeça.
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Saí e fui-me sentar num banco do jardim, virado para o sol. Começo a ler um artigo que tinha levado, quando oiço uma voz perguntar-me "podemos sentar?". Levanto os olhos, uma senhora bem arranjada, talvez ainda sem meia centena de anos, e que trazia pela trela uma cadelinha minúscula toda branca e de laçarote rosa no alto da cabeça.
"Podemos?", sai-me pela boca fora, ao que ela me responde "sim, eu e a Ema, que também gosta e precisa", e sentaram-se, ela com a cadelita ao colo.
Continuo a minha leitura mas sou atraída para a conversa quase em murmúrio que ela vai tendo para a cadela. Fala como sobre se está bem ali "estás a gostar, não estás Ema?", sobre quem passa "aquela senhora olhou para ti, és muito linda!", ou tratando da cadela como se de uma criança fosse "queres águinha, não queres meu amor"?.
A certa altura levanta-se e vai pôr a cadela no relvado onde duas crianças muito pequenas jogam à bola com o pai. A Ema desata a correr e salta para cima de uma delas, que no máximo teria uns 3 anos e que desata num berreiro, assustada. Não fosse o pai pegar-lhe ao colo e a senhora nada faria. Só dizia à criança em pranto, "não tenhas medo, anda para o chão brincar com a Ema, ela gosta tanto!"
Não, a senhora não era louca, digo eu num diagnóstico feito à la minute. Certamente muito solitária, e até, quem sabe se com boas capacidades maternais...apesar da indiferença perante a reacção da miúda.
Há animais que são muito melhor tratados que crianças! E há tanta criança abandonada, a necessitar de uma família. Os preconceitos, as dificuldades que existem para a adopção não deveriam ser revistas?
Nota : Não me levem a mal o último parágrafo, está escrito de forma leviana, superficial, telegráfica. Só que, cada vez mais, vejo os animais serem promovidos a gente... e as gentes, a serem tratadas como bestas.