terça-feira, 12 de julho de 2016

Há encenadores corajosos ou público paciente?



No Festival de Teatro de Avignon, Julien Gosselin encena um espectáculo descrito nos jornais como "excepcional", 2666, uma adaptação do romance do mesmo nome de Roberto Bolano.
Li o livro há uns anos, uma exploração do mal na viragem do século. Tem mais de mil páginas e divide-se em 5 partes. Publicado depois da sua morte, morreu com pouco mais de 50 anos, a família decidiu publicar tudo num só livro. Podiam ter sido cinco.
Em palco será a música e o vídeo, sempre presentes, a dar a continuidade. A peça dura onze horas com 2 intervalos. Dizem que o tempo passa depressa.
Teria eu hoje coragem de ir ver a peça?  


quinta-feira, 9 de junho de 2016

Estou a pensar, dizia ela


Quando a minha Mãe estava sentada na sala, no seu maple de orelhas, aparentemente sem fazer nada, em resposta à minha pergunta respondia frequentemente "estou a pensar". 

Estes últimos dias cruzei-me na rua com várias pessoas, de pescoço dobrado, a rirem. Iam sozinhas.
Umas no passeio, outras a atravessarem as passadeiras descuidadamente e rindo.
Olhavam todas para o telemóvel e, suponho, viam um vídeo ou anedota no Facebook.

Cada vez menos as pessoas são capazes de ficar sós, acompanhadas por si próprias. Nem na rua, nem nos transportes públicos nem em sítio nenhum.
Também por isso encontro cada vez mais crianças, adolescentes e adultos com manifestações patológicas externalizadas, como as perturbações do comportamento.
Um dia falarei mais sobre isto.


domingo, 29 de maio de 2016

Amigos virtuais


Sabe-se que se comunica hoje mais do que antigamente, mas não daquela forma, cara a cara, pessoa a pessoa.
Aliás, se alguém me está a ler aqui, não será bem um amigo, mas um leitor/seguidor virtual deste blog. E que se quiser até pode deixar comentários, ou seja responder à minha comunicação.

Às vezes acontecem situações caricatas como esta que se segue.

Uma rede social, enviou uma mensagem ajudante da memória, avisando que hoje é o aniversário de uma colega minha de liceu. Por acaso morreu há 3 anos.

Mas há quem cumpra como se de uma ordem se tratasse e dois colegas nossos assim fizeram sem se lembrar do facto final. Um singelo "parabéns, um bj".
Mas uma pessoa, imagino que amiga virtual que escreveu esta ridícula mensagem "Parabéns! Estás cada vez mais nova! Beijinhos".

Apesar de tudo, saiu-me uma boa gargalhada!

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Fruta importada


O título é literal. No Algarve entro num "armazém de fruta", assim diz o letreiro.
Para meu espanto constato que quase toda a fruta é importada. Umas de África, já agora, onde fica este país? Maçãs, peras, laranjas, meloas, uvas, morangos etc. Acreditam que até a pera rocha era importada?
Vou parar, a indignação enjoa-me! com tanta fruta portuguesa e boa! Que fazer?

sábado, 21 de maio de 2016

Onde dormir???


Esta semana houve mais um encontro da APPIA*, associação científica a que pertenço. Podia ocupar este espaço a falar na persistencia anual do encontro, com convites e apresentações de portugueses e estrangeiros, da Revista bianual e outras. Fica quem sabe para outra vez.
Porque hoje, só vou contar o insólito.
Tendo sido marcado quartos num hotel novo da cidade para um grupo de nós, os primeiros a chegarem encontraram o hotel ainda francamente em obras, material, operários, mesas de pernas para o ar, tomadas electricas de fios à mostra e um cheiro a pó e tintas insuportável. É que o hotel não tinha ficado pronto a horas, nem àquelas nem nas dos próximos dias!
Alguns colegas já se tinham instalado, tomado duche (nem todas as torneiras tinham água) quando a empresa que nos tinha levado considerou isso insuportável e tentou encaixar-nos noutros hoteis da cidade. Eram 23h quando soube para qual ia e instalei-me numa bruta suite, quase tão grande ou maior que muitos apartamentos. Dormi maravilhosamente e isto, para mim, foi só mais uma história a juntar a outras que já vivi.
E porque conto? Porque esse tal hotel parece-me diferente e bonito. Inserido e respeitando o urbanismo da cidade, casas baixas de 1 ou 2 andares, logo à entrada tem uma lindíssima escada em espiral que não resisti a fotografar. Aqui fica.

*  Associação Portuguesa da Psiquiatria da Infância e da Adolescência


domingo, 15 de maio de 2016

Que falta de jeito, postura, precisa-se!


Ontem fui ao Festival de Arte Urbana, em Lisboa. Passei pelas ruas, tirei fotografias, vi o entusiasmo de quem lá investe.
Entidades oficiais fizeram uma visita, muitos beijinhos do presidente M.R. Na sua comitiva um representante da Casa Militar, homem grande atende o TM e  diz que está num "bairro pobre". Falta de jeito! A meu lado, algumas habitantes ficaram muito ofendidas, pobre, diziam com mágoa, social é o que somos.
O bairro Padre Cruz, da freguesia de Carnide, é o maior bairro social da Europa. 


sábado, 7 de maio de 2016

História entre putos


Um miúdo de 9 anos com quem conversei esta semana, tentava explicar-me que bate nos outros rapazes quando lhe chamam preto. Ele é castanho disse-me. 
E continuou falando do seu amigo a quem lá na escola chamam cigano.
Ambos ficam furiosos e partem para a porrada.
É que ele até nem é cigano, os pais é que são. Tento compreender a lógica...os ciganos estão sempre cheios de cicatrizes na cara e o meu amigo não. Por isso não é.