domingo, 31 de janeiro de 2010
Poema - Maria Eugénia Cunhal
sábado, 30 de janeiro de 2010
aconteceu...histórias com médicos
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
aconteceu...um filme - 1
É um filme a preto e branco e a fotografia é muito bonita.
É interessante e rico do ponto de vista psicológico e sociológico.
A história passa-se numa aldeia do Norte da Alemanha, no período imediatamente anterior à 1ª grande guerra.
As crianças que vemos retratadas no filme serão mais tarde os adultos da geração nazi
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
2 Poemas - Adília Lopes
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Aconteceu em viagem - 7 - Douro Internacional
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Poema - Maria Eugénia Cunhal
Deixa ficar a cinza nos cinzeiros
E as flores murchas nas jarras.
Não dês ordem às coisas.
A cinza ainda é um resto de presença
E as flores recordação.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Aconteceu...a propósito de uma notícia - 5
domingo, 24 de janeiro de 2010
Poema - Manuel Bandeira
CÉU
.
A criança olha
Para o céu azul.
Levanta a mãozinha,
Quer tocar o céu.
Não sente a criança
Que o céu é ilusão:
Crê que o não alcança,
Quando o tem na mão.
Manuel Bandeira
sábado, 23 de janeiro de 2010
aconteceu estar a ler - 3
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Poema - Maria do Rosário Pedreira
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Aconteceu...a propósito de uma notícia - 4
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Poema - Gonçalo M. Tavares
Não é um roubo retirares da paisagem
uma andorinha ou uma cadeira, mas não é simpático.
Daí a considerares o que digo um convite à imobilidade,
parece-me exagero.
Move-te, sim, mas acrescentando
coisas e assuntos à paisagem onde entras. Eis só.
Gonçalo M. Tavares
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Aconteceu em viagem - 6 - Sicília
Aconteceu em viagem - 5 -Sicília
Aconteceu ficar no Art Hotel Atelier Sul Mare, em Castel di Tusa na Sicília que tinha no hall de entrada estes desenhos nas paredes e papel-jornal no tecto .
Logo a entrada justificava o nome e o mote: arte.
É descrito como um hotel-museu de arte contemporânea onde o artista põe a sua obra à disposição do hóspede, para despertar emoções e meditações: "el viaje del espíritu", obra essa que só fica completa depois de vivida por quem lá entra e fica.
É curiosa esta forma de falar da arte, uma vez que raros museus nos deixam tocá-la. Como sentir certas esculturas se não pudermos escorregar as nossas mãos por ela?
Para a decoração das partes comuns e de alguns quartos tinha sido pedida a colaboração de artistas.
Os quartos eram extremamente originais. Lembro-me de um que tinha perto do tecto um conjunto em fila de televisões e uma cama no meio do quarto, enviesada, o mais minimalista possível. Era no entanto muito desconfortável: a luz era dada pelas televisões (com uma imagem parada), o interruptor era junto à porta, não havia mesa de cabeceira para pôr fosse o que fosse e as almofadas rapidamente iam parar ao chão. Seria o desamparo que era suposto despertar?
Quando em viagem, defendo que a gastronomia, escolher o típico da zona, deixar-me invadir pelos odores, sentir e saborear os diversos paladares faz também parte da cultura que se apreende.
Ficar neste hotel foi um acrescento moderno numa viagem a uma zona mais conhecida pelas suas ruínas históricas.
domingo, 17 de janeiro de 2010
Poema - Maria do Rosário Pedreira
encostarei amorosamente os lábios ao teu copo
para sentir o sabor desse beijo que hoje não
daremos. E então, sim, poderei também eu
partir, sabendo que, afinal, o que tive da vida
foi mais, muito mais, do que mereci.
sábado, 16 de janeiro de 2010
Aconteceu...estar a ler 2 - A propósito da diferença
Caim, José Saramago
Dou-me conta de como é diferente a forma como as pessoas com quem me cruzo me olham desde que ando com pé de gesso e canadianas.
Ainda vêm longe e começam a mirar-me primeiro por baixo, depois o olhar sobe, mira as canadianas e quando estão perto olham-me fixamente nos olhos.
Ouço frequentemente os lamentos de mães de crianças perturbações do desenvolvimento, e com comportamentos diferentes dos habituais. Queixam-se, algumas com sentimentos de vergonha, de como nos transportes públicos, nas lojas, as pessoas olham para os seus filhos, franzem as sobrancelhas e acabam por ouvir comentários onde as crianças passam por malcriadas e eles por pais que não sabem educar.
Contaram-me no outro dia uma situação curiosa. Uma senhora aproximou-se de uma criança com paralisia cerebral, numa cadeira de rodas dizendo “coitadinho”. Resposta pronta da criança, olhe que eu chamo-me Pedro!
A diferença é quase sempre incómoda ao próprio mas também ao outro.
Henrique Amoedo director artístico do Grupo “Dançando com a diferença”, companhia onde se misturam bailarinos com vários tipos de deficiência com outros sem, afirmou que o trabalho que faz lhe permite lidar com o seu próprio preconceito, porque também ele não está fora disso. Considera aliciante descobrir as potencialidades em cada bailarino. O trabalho da dança permite ao bailarino deficiente modificar a sua visão de si próprio, ajudando-os a lidar com as suas dificuldades, sentir-se melhor, aceitando-se.
Já pude assistir a espectáculos deste grupo. É um grande trabalho!
Muitos trabalhos destes, que nos ajudem a lidar com o diferente, sem negar as diferenças, podem vir a ser muito importantes numa sociedade ainda preconceituosa e rejeitante como aquela em que vivemos.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Poema - Cristina de Matos Barreiros
Son pied blessé emprisonné dans une importante coque rigide
Elle reste coincée à la maison par les intempéries hivernales
Se soumettant ainsi aux aléas d’un sort qui la rend invalide
Pendant quelques longues semaines qui lui semblent bancales.
Imprévu, ce repos imposé la prive de ses patients habituels
Qui impatiemment espèrent à l’hôpital son retour prochain
Pour déverser des problèmes qui resteront confidentiels
Et lui faire sentir l’importance de son indispensable soutien.
Dans les taxis elle qui aime papoter avec les chauffeurs
Echanger, les taquiner pour mieux les cerner et découvrir
Devra attendre que la pluie daigne se retirer en douceur
Pour reprendre plus loin des activités diverses avec plaisir.
Heureusement le site des anciens l’aide à passer le temps
En entretenant de part le monde des amitiés sincères et solides
Tout en se disant que cet hiver humide dure bien longtemps
Et qu’il lui serait fort agréable d’en sentir un départ rapide.
Cristina de Matos Barreiros
Lá dentro estava este poema.
Muito obrigada Cristina.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
aconteceu...a propósito do "desenhar durante a escuta -1"
A propósito do desenho que postei há dois dias com o título “aconteceu…desenhar durante a escuta”, alguém me perguntou se tinha a ver com as escutas telefónicas, coisa que no último ano esteve na moda.
O pedagogo e psicólogo Eduardo Claparède (1873-1940), médico neurologista e psico-pedagogo, defendeu numa das suas teses que o bocejo não era um sinal de desinteresse mas uma forma de criar novas condições para se manter interessado. No fundo a oxigenação aumentada do cérebro pelo bocejo, provocaria uma estimulação cerebral, revitalização e um aumento da capacidade de estar atento.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Poema - Maria Virgínia Varela
Sou como a onda que rebenta na praia,
Sou como a pedra que rola no monte,
Sou como o vento que bate na vela,
E sou como a água que brota da fonte.
Sinto o meu peito a arder de saudade,
Sinto este amor que já não vale nada,
Sinto o vazio das noites compridas
E preciso de força p´ra seguir esta estrada.
Vejo a alegria nos olhos dos outros,
Vejo a tristeza bem dentro de mim,
Vejo o vagar com que passam os dias
E será que esta vida vai ser sempre assim?
Gostava de rir como dantes fazia,
Gostava de voltar à casa da partida,
Gostava de dar um abraço apertado
E olhar bem de frente sem ter medo da vida.
Maria Virgínia Varela
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
domingo, 10 de janeiro de 2010
aconteceu estar a ler - 2
sábado, 9 de janeiro de 2010
Poema - Maria do Rosário Pedreira
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
aconteceu... a propósito de uma notícia - 3
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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
aconteceu hoje -1
Pai, hoje postei um poema teu datado de 1953
Tinha eu 1 ano.
Sempre te preocupaste com o sofrimento dos outros
As dificuldades de quem nasce em berços parcos.
Entrei hoje na idade que tinhas quando morreste,
Eras de facto muito novo para morrer
Na altura não tive completamente esta noção.
Não sabes, já cá não estavas,
Mas a Mãe também foi embora neste dia
No dia dos meus anos
Mais uma coisa que nos uniu,
Como se isso fosse preciso...
Poema - Henrique A. Jorge
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
aconteceu...a propósito de uma notícia - 3
Que tristeza! Que mediocridade! Um bom exemplo de como somos tão pouco livres, tão conservadores por baixo de uma capa de modernice!
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Aconteceu...no Serviço Médico à Periferia – 2
O meu pensamento transporta-me de imediato para o meu Serviço Médico à Periferia.
Uma vez que Moimenta da Beira não tinha hospital, as urgências eram feitas em Armamar, vila situada bem em cima do rio Douro. O hospital, oferecido por um “brasileiro” da terra era um bom edifício e razoavelmente equipado. Enfermarias para cerca de 50 doentes, homens e mulheres, salas de cirurgia, de dentista, de radiologia, e maternidade.
No meu 1º dia de urgência, tive de internar 5 doentes. Nenhum dos casos que internei era grave, mas as distâncias e os poucos transportes levava-nos a deixar no hospital estes casos com a finalidade de fazer algum tratamento que noutras condições se faria em ambulatório.
E ao recolher os dados clínicos, a todos perguntei sobre os seus hábitos alcoólicos. Bebiam todos um garrafão por dia. Perante tal coincidência e mais uma vez pela minha falta de cultura local, optei por pensar que "garrafão" era um regionalismo. Longe de mim saber que da jorna faziam parte 5 litros de vinho que eram bebidos durante o trabalho!
Essa noite não poderá nunca ser esquecida. Os tais doentes do garrafãozinho entraram todos em estado de privação, com agitação psicomotora, estado confusional, tremor, um deles teve mesmo alucinações, enfim, quadros de delírium tremens. Um, grande e forte, tentava apavorado, em pé em cima da cama, apanhar bichos que só ele via na parede.E todos no mesmo quarto!
Eu e a minha colega, que embora não estivesse de urgência me fazia companhia, uma agarrada ao telefone a pedir indicações a um colega da psiquiatria, a outra a fazer cumprir as instruções, lá conseguimos sedar os doentes e resolver a situação.
Escusado será de dizer, claro está, que ficou instituído a partir desse dia “dieta alcoólica” para certas pessoas, um copo de água cheio de vinho a cada refeição.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
aconteceu hoje - 1
Poema - João Farelo
Será a esperança uma ilusão
Neste mundo em destruição,
Ou é a esperança algo real
Em que valha a pena acreditar.
Será...a motivação para mudar?
Ter esperança é ter fé;
Acreditar na mudança;
Pois o estado constante
Ganha demasiada importância,
Esperança é algo Universal
Sentida por todos como tal.
Todos têm a esperança
Que se deixe de matar
Pois a esperança é acreditar
Que cada dia que passa
O homem luta e desespera
Para melhor se compreender
Pois não há dúvida alguma
Que a esperança é a última a morrer!
João Farelo (1980-2001)
Este poema foi-me enviado pela Maria Vírginia Varela de quem postei O Tempo no dia 22 Dez 2009.
Dizia no pequeno texto que me fez chegar (...)"poesia escrito pelo João, poucos meses antes de partir. Publica-o em sua memória e em homenagem ao seu pai Mário Nuno, meu grande amigo de sempre."
domingo, 3 de janeiro de 2010
aconteceu estar a ler - 1
No Inimigo Público de 9 de Outubro 2009 pôde-se ler:
“Dois mil seiscentos e sessenta e quantos?”
“Intelectuais pedantes não gostam que o título seja “2666””
“A Bola garante que Jorge Jesus seja Roberto Bolano”
“Código do cartão multibanco da maioria dos portugueses é 2666”
“ TVI ainda não sabe como enfiar à má fila referências a Roberto Bolano nos “Morangos com Açúcar””
“ Figuras públicas pediram reforma antecipada para ler 2666”
A mim bastou-me ser Natal, oferecerem-me o livro e ter muito tempo livre pelo pé partido que me obriga à imobilidade.
Da leitura hei-de ir dando notícias, mas sem saber sempre para onde se vai, ora com tonalidade mais depressiva ora irónica, a leitura é agradavel e prende. O livro é que é um tijolo pesado e pouco prático. Vou na página 271.
sábado, 2 de janeiro de 2010
aconteceu no Serviço Médico à Periferia - 1
Faz hoje 30 anos que iniciei o Serviço Médico à Periferia (SMP), numa vila do norte frio de Portugal, a mais de 300 quilómetros de distância e por más estradas.
Para quem não sabe o que isso foi, direi que foi uma tentativa de dotar de médicos zonas pouco ou nada cobertas na área da saúde. Era no 3º ano depois terminado o curso de medicina e antes de se iniciar a formação para especialista, e tinha a duração de 1 ano.
A colocação era feita por escolha voluntária de uma terra e depois por sorteio quando o número de inscritos ultrapassava as vagas. Nesse dia a sorte não estava do meu lado e fui saltando de terra em terra até ficar lá longe de Lisboa, numa terra da qual nunca tinha ouvido falar.
Li depois bastante sobre esta zona, também conhecida por Terras do Demo, uma vez que Aquilino Ribeiro por ali nasceu e muito escreveu sobre ela.
Eu e uma colega, que nos conhecíamos relativamente pouco, saímos de Lisboa, comigo a guiar, com o espírito de quem vai para uma missão, obrigatória, quiçá para ambiente de guerra.
Passei por casa dela para a buscar e a mãe confidenciou-me que tinha estado para chamar o médico porque a filha de noite só vomitava e sentia que ia morrer…
A viagem fez-se em silêncio.
Os psicanalistas que interpretem, mas em vez de irmos parar a Moimenta da Beira, no distrito de Viseu, fomos parar a Aguiar da Beira, distrito da Guarda. Encontramos uns grandes pedregulhos e ficamos aliviadas ao fazer os quilómetros que nos separavam do verdadeiro destino, supondo que teria de ser melhor.
Fomos para lá obrigadas, mas ao fim de pouco tempo estávamos integradas. Aprendemos a gostar das coisas simples da vida, das gentes, das comidas, das paisagens, das festas populares. Fizemos amigos que se mantêm até hoje.
O regresso, um ano depois também foi triste, uma parte de nós ficou por lá.
E tal como no filme que referi no escrito de ontem, e a propósito das diferentes linguagens, vou recordar um doente que vi no 1º dia de consulta. Começou por me dizer que a razão da consulta era por “ir muito ao campo”. Lisboeta que sou, e jóvem que era, não achei que isso fosse muito grave e fiz-lhe ver as vantagens do campo e do ar puro. Ao que ele me disse que eu não teria percebido bem, e quis ajudar-me dizendo que “dava demais do corpo”.
Iinterrompi a consulta e fui perguntar à senhora enfermeira que me dissesse qual o significado destas frases, e depois do o saber pareceu-me óbvio, o homem estava com diarreia!
Lição nº 1, passar a estar atenta às diferentes formas de denominar as mesmas coisas, e à cultura local, o que só nos enriqueceu.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
aconteceu...um filme "Bem-vindo ao norte" - 1
Hoje estive a ver o filme "Bem-vindo ao Norte", com título original de "Bienvenue chez les Ch'tis", realizado por Dany Boon.
Comédia que me fez sorrir e até rir.
Trata-se da ida de um funcionário dos correios para o norte de França, local com cultura e linguagem diferente. Contrariamente ao esperado ele adaptou-se com muito prazer e uma excelente integração.
Ainda bem que vi o filme na versão original, em francês e sem legendas. É que a tradução, conforme se pode ouvir nesse pequeno extrato do youtube, não transmite toda a confusão que um sotaque diferente pode criar.