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A propósito do desenho que postei há dois dias com o título “aconteceu…desenhar durante a escuta”, alguém me perguntou se tinha a ver com as escutas telefónicas, coisa que no último ano esteve na moda.
A propósito do desenho que postei há dois dias com o título “aconteceu…desenhar durante a escuta”, alguém me perguntou se tinha a ver com as escutas telefónicas, coisa que no último ano esteve na moda.
Não, não, não tinha a ver com essas escutas, mas com aquela escuta do outro que comigo fala, e para a qual tenho, na tentativa de o compreender, de estar atenta, com a chamada "atenção flutuante". Porque enquanto o outro associa nós flutuamos, "acordando" quando algo de especial faz um eco, eventualmente quando os nossos inconscientes se encontram e algo se torna consciente.
Desenhar sempre me ajudou a captar a atenção. Nas aulas do liceu, os meus riscos nem sempre foram bem interpretados. Estaria distraída.
Muitas vezes são riscos, simétricos ou não, curvos ou direitos, sem nenhum aspecto estético. Outras vezes fica giro. Essa não é a finalidade do acto de riscar.
Já nas reuniões de serviço estão mais habituados e já terei contado, alguma vez, que nem sempre o que parece desatenção o é.
O pedagogo e psicólogo Eduardo Claparède (1873-1940), médico neurologista e psico-pedagogo, defendeu numa das suas teses que o bocejo não era um sinal de desinteresse mas uma forma de criar novas condições para se manter interessado. No fundo a oxigenação aumentada do cérebro pelo bocejo, provocaria uma estimulação cerebral, revitalização e um aumento da capacidade de estar atento.
Portanto quando bocejamos estamos a tentar estar atentos e não a deixarmo-nos adormecer.
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Há nesta explicação uma mudança de sinal muito importante e despenalizadora.
Ora ainda bem!