quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Aconteceu...a propósito de uma notícia - 4

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O que não se faz em nome da "ciência"!
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Ouço na RTP1 que uma criança, cujos pais andam em conflito pela sua guarda, é retirada pelo juíz da casa da mãe e internada num lar, com afastamento quase total do seu meio habitual.
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Não sei os contornos da situação, mas ouço 2 pedopsiquiatras e 2 psicólogos (um deles com formação em medicina legal), advogados, todos mais ou menos de acordo quanto ao disparate da medida tomada pelo juíz.
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A institucionalização de uma criança é a mais grave medida que se pode defender, e sempre depois de todas as outras se terem mostrado inválidas. E parece não haver dúvidas que não é defensável para este caso.
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O que um juíz, de 30 anos de idade fez, certamente sem apoio de uma opinião técnica, ninguém consegue compreender e todos acreditam que não só não será bom como será muito mau para a criança.
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SAP, Sindrome de Aleanação Parental, descrito nos anos 80 por Gardner, só é sindrome no nome (não é uma doença) e está na moda. Na boca de todos, desde os jornalistas, pais, psicólogos, advogados e alguns médicos.
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Uma criança filha de pais separados recusa ir ao pai? É um SAP!
Sem nenhuma dúvida para alguns, que papagueiam sem pensar. Mas não há só branco e preto, há muitas outras nuances que é preciso ter em conta.
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Gardner na altura defendeu que a criança nesta situação deveria ser retirada ao progenitor aleanador "conforme o grau" da situação. Não foi comprovada a vantagem desta medida.
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Alguns anos mais tarde Gardner suicidou-se. Remorso insuportável?

6 comentários:

  1. Eu também vi a reportagem.
    Será que a igreja evangelista tem assim tanta força?

    Ou como hoje, já houvi dizer: "foi uma perseguição à igreja evangelista"

    Igreja à mistura, ou não, a situação é do menos, incompreensível e de grande crueldade e de grande "pequeno poder"

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  2. Pois, eu também acho fantástico, que levianamente se possa dispor da vida duma criança invocando o " S.A.P " ( síndrome de alienação parental). Mesmo " o superior interesse da criança " segundo a minha experiência profissional não passam de conceitos que camuflam, com palavras impressionantes, o desejo dos técnicos de resolver aquilo que dois adultos (pais) se recusam a entender. A entender é claro a sua criança, e a poder funcionar respeitando os seus ritmos, os seus medos e toda uma panóplia de sentimentos que a assaltam quando surge a palavra separação. Então o que faz este juiz? delirantemente " chuta " com a menina para fora do seu ambiente e supera os pais da criança, achando-se acima de qualquer vulnerabilidade de ser humano que não sabe o que fazer! Nessa altura se tivesse a possibilidade de se debruçar sobre si próprio talvez tivesse encontrado o que não vem nos livros, nem está regulamentado... a criança tem o direito de ter sentimentos e de os manifestar na sua plenitude. Com juízes saídos há pouco da forma, e talvez até muito mal enformados e informados estamos sujeitos a que na ignorância continuem já que não consultam nem ouvem ninguém. ANA SANTOS SILVA

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  3. Nicha - o problema central da reportagem era a retirada da criança à família, fosse para um bom acolhimento ou mau.Calhou ser aquele e pelos vistos terá distraído algumas pessoas do problema essencial, o poder jurídico mal usado.
    Mas o problema da qualidade dos acolhimentos para crianças e jóvens é um problema muito grave nesta nossa terrinha.
    Claro que todos sentimos a frieza da forma como os telefonemas da mãe eram recebidos, e imaginamos a rigidez de funcionamento do mesmo.
    Sabemos da sobrelotação de alguns, da falta de pessoal, dos abusos que se cometeram noutros. Este lar Betânia por ser da Igreja Evangélica não tem necessariamente de ser melhor nem pior. Se vissem alguns do Estado que para aí há...

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  4. Ana - Obrigada pelo teu comentário, fruto de uma prática de muitos anos.
    Pois é, os juízes também têm a sua história pessoal e que certamente interferem em algumas das suas decisões.
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    Lembro-me do meu pai, nas vésperas de morrer, ter tido o acaso/azar de ter um médico que lhe retirou a morfina essencial para acalmar o seu sofrimento de últimos dias. Viemos depois a perceber, o Dr. era filho de um toxicodepêndente, morfinómano e alcoólico. A sua atitude para com o meu pai, foi ditada mais pela sua problemática pessoal que pelo caso clínico que tinha nas suas mãos.
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    Coitadas desta e de outras crianças impedidas de ter uma vida mais simplificada e livre dos conflitos dos pais.

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  5. Magda,
    Claro que para mim a importância da notícia foi(é) o caso da criança ter tido a "pena de internamento".
    O Sistema pelo qual somos regidos, levam a estas situações, quenão são rídiculas ,porque são trágicas.

    Quando falei da igreja, foi por me ter apercebido que para bastantes pessoas no dia seguinte, teria sido um assunto de igrejas .

    Para uma pessoa (pouco-lol) atenta, não gostei que tivessem dado tanto enfâse a um "pormenor",isto no caso da igreja, como ao verdadeiro(para mim ) caso da reportagem.

    Como mt bem dizes a "fé" da instituição é secundária..

    E de grandes "pequenos poderes", como referi atrás, são esses juizes ,presidentes de... etc
    Ou talvez de problemática pessoal; o que de qualquer modo não está correcto, faltando o profissionalismo.

    Vês, acho que me exprimo muito mal.

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  6. Que nada, Nicha, referia-me à tua informação sobre o que tinhas ouvido pessoas dizer "foi uma perseguição à igreja evangelista".
    Pelos vistos expressamo-nos as duas mal.

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