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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Aconteceu...o valor afectivo daquela aguarela

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Era uma bonita aguarela! Assinada, legível, mas de nome não sonante. Já devia ter muitos anos, uma centena? Mais? Estava num lote de herança de um antepassado que gostava de arte. Bonita, sim, mas esteve anos guardada dentro de um armário.
Há coisas assim, envelhecem sem ter uso nem louros.

Um dia pegou nela e reparou como era bonita. Começou a pensar que gostaria de olhar para ela mais frequentemente...naquela parede ficaria bem. Começou a gostar, achar cada vez mais bonita, bem pintada, aguarela, uma técnica tão difícil! E por gostar, ela ganhou outro valor.
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Com cuidado ouve a opinião do funcionário da loja das molduras. Hesita, esta ou aquela, acaba por escolher e deixa-a lá. Estará pronta daqui a quinze dias, muito obrigada, cá a virei buscar, responde.
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No dia seguinte recebe um telefonema do empregado da loja dizendo-lhe que um coleccionador tinha passado por lá, tinha visto o quadro e estaria interessado em o comprar, quanto quereria por ele. Surpresa, logo agora que tinha olhado para ele com maior cuidado e já lhe tinha arranjado sítio. Mesmo assim respondeu, se o coleccionador o quer, ele que ofereça. E assim apareceu um valor aparentemente simpático. Desconhecendo o real valor dele, mas sentindo subitamente uma maior ligação com o quadro, a pessoa exclama se fosse por dez vezes mais quem sabe...
No dia a seguir novo telefonema, a mesma pessoa a oferecer dez vezes mais.
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Mas será que isto é assim tão valioso? Que importa, se já gostava dele. E recusou.
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Ocupou o lugar na parede que lhe estava destinado. E que bem que fica!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Aconteceu em viagem - 6 - Sicília





Um dos quartos do Hotel Art.
Contemplar pela janela para fora do quarto. Fora de nós? Que fazer com a projecção?
E para dentro de nós, onde nos sentamos, como encostarmos as costas? não ficaremos desamparados?
Mas estéticamente é de facto muito bonito!

Aconteceu em viagem - 5 -Sicília

Parede do hall do hotel - Foto Paulo Mendo

Aconteceu ficar no Art Hotel Atelier Sul Mare, em Castel di Tusa na Sicília que tinha no hall de entrada estes desenhos nas paredes e papel-jornal no tecto .

Logo a entrada justificava o nome e o mote: arte.

É descrito como um hotel-museu de arte contemporânea onde o artista põe a sua obra à disposição do hóspede, para despertar emoções e meditações: "el viaje del espíritu", obra essa que só fica completa depois de vivida por quem lá entra e fica.

É curiosa esta forma de falar da arte, uma vez que raros museus nos deixam tocá-la. Como sentir certas esculturas se não pudermos escorregar as nossas mãos por ela?

Para a decoração das partes comuns e de alguns quartos tinha sido pedida a colaboração de artistas.

Os quartos eram extremamente originais. Lembro-me de um que tinha perto do tecto um conjunto em fila de televisões e uma cama no meio do quarto, enviesada, o mais minimalista possível. Era no entanto muito desconfortável: a luz era dada pelas televisões (com uma imagem parada), o interruptor era junto à porta, não havia mesa de cabeceira para pôr fosse o que fosse e as almofadas rapidamente iam parar ao chão. Seria o desamparo que era suposto despertar?

Quando em viagem, defendo que a gastronomia, escolher o típico da zona, deixar-me invadir pelos odores, sentir e saborear os diversos paladares faz também parte da cultura que se apreende.

Ficar neste hotel foi um acrescento moderno numa viagem a uma zona mais conhecida pelas suas ruínas históricas.