Era uma bonita aguarela! Assinada, legível, mas de nome não sonante. Já devia ter muitos anos, uma centena? Mais? Estava num lote de herança de um antepassado que gostava de arte. Bonita, sim, mas esteve anos guardada dentro de um armário.
Um dia pegou nela e reparou como era bonita. Começou a pensar que gostaria de olhar para ela mais frequentemente...naquela parede ficaria bem. Começou a gostar, achar cada vez mais bonita, bem pintada, aguarela, uma técnica tão difícil! E por gostar, ela ganhou outro valor.
Com cuidado ouve a opinião do funcionário da loja das molduras. Hesita, esta ou aquela, acaba por escolher e deixa-a lá. Estará pronta daqui a quinze dias, muito obrigada, cá a virei buscar, responde.
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No dia seguinte recebe um telefonema do empregado da loja dizendo-lhe que um coleccionador tinha passado por lá, tinha visto o quadro e estaria interessado em o comprar, quanto quereria por ele. Surpresa, logo agora que tinha olhado para ele com maior cuidado e já lhe tinha arranjado sítio. Mesmo assim respondeu, se o coleccionador o quer, ele que ofereça. E assim apareceu um valor aparentemente simpático. Desconhecendo o real valor dele, mas sentindo subitamente uma maior ligação com o quadro, a pessoa exclama se fosse por dez vezes mais quem sabe...
No dia a seguir novo telefonema, a mesma pessoa a oferecer dez vezes mais.
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Mas será que isto é assim tão valioso? Que importa, se já gostava dele. E recusou.
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Ocupou o lugar na parede que lhe estava destinado. E que bem que fica!