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segunda-feira, 28 de março de 2011

Aconteceu...adeus às refeições em família?

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Quando eu era miúda, há umas largas décadas, lembro-me de algumas histórias que as empregadas lá de casa contavam da vida delas. Filhas de gente humilde, ou mesmo pobre da província, algumas dormiam na sua própria cama e sozinhas pela primeira vez quando vinham servir..

A Maria contava-me que eram 6 irmãs e dormiam todas na mesma cama, umas com os pés para a cabeceira e as outras ao contrário. A comida era pouca, ou pouco diversificada, coisas que o campo dava, pão e mais uma galinha que de vez em quando matavam. A sopa vinha na panela que pousavam em cima da mesa, à volta da qual todos se sentavam..

Os tempos mudaram. Estamos outra vez com situações económicas muito complicadas para certas famílias. Mas muitas habituaram-se a objectos, leia-se bens materiais, e fazem deles uma gestão muito mal feita..

Dizia-me um pai que o filho de 8 anos nunca come com os pais. A razão era que o programa de televisão que se vê na cozinha, onde os pais fazem as refeições não agrada ao rapaz. Esta situação tem alguns anos de instalação e vai ser difícil de alterar. O pai, encolhendo os ombros, justifica-se que ele nunca teve televisão em pequeno, e agora que pode dar ao filho esse prazer... . A mesa e o convívio deixaram de fazer parte das rotinas e hábitos. . Esta situação, mais frequente do que se pensa, é grave.

Pais e filhos criam caminhos divergentes. Se nada for feito para os aproximar, um dia serão quase desconhecidos, com todos os riscos que isso implica, quer para os jovens, quer para os pais quando forem idosos.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Aconteceu...Há quem tenha os pais unidos pela raiva

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Desde cedo que se acostumou a ver os pais discutirem. Eu disse acostumou? Disse mal, devia ter dito ouviu, porque nunca isso se tornou para ele como uma coisa normal.
Insultos, gritos dos pais, e ele a gritar, com as mãos a tapar as orelhas e a pedir que parassem, deixassem de gritar, mas sem que eles o ouvissem.
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Alguns anos mais tarde, ainda ele era pequeno, ouviu uma nova discussão e viu o pai passar por ele, bater com a porta e não voltar nesse dia a casa. Nem no outro, nem no outro... até que a mãe lhe começou a dizer que tinha sido bom, que o pai era muito mau e assim podiam os dois viver sós e felizes.
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E todos os dias lhe lembrava que o pai era mau. Mas ele também se lembrava de jogar à bola com ele, comer algodão doce lá na feira da aldeia, e até armar costelas para apanhar os pássaros. E tinha saudades de estar com o pai...
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Um dia soube que o pai o queria também, para viver com ele. E nova guerra se desencadeou, aqui com Tribunal à mistura. E passou a estar em casa da mãe umas semanas e em casa do pai noutras.
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Era um verdadeiro calvário quando tinha de trocar de casa, um interrogatório completo lhe era feito, tanto pelo pai como pela mãe. E críticas, críticas, críticas. A certa altura sentia-se confuso. Serão para mim? pensava. Como fugir disto, tão pouco crescido que era?
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Muitas crianças vivem esta vida. A raiva que a separação e por vezes nem a constituição de uma nova família deixa de existir entre os pais. Pais unidos pela raiva.
Este ambiente cerca as crianças e destroí-as. Sofrem.
Mergulhados neste caldo raivoso, os pais nem se apercebem como estão a destruir os filhos, a inquinar-lhes a existência actual e a futura.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Aconteceu...que com o mal do vizinho podemos nós bem

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De vez em quando somos confrontados com situações que nos dão um autêntico abanão.
Em termos de doença, por exemplo, acontece por exemplo vamos a uma consulta mas não imaginamos que a situação possa ser grave. Quando o médico dá o veridicto nem o entendemos, ou só parcialmente, ou até erradamente. E podemos mesmo ficar com alguma desorganização psicológica momentânea.
Não, não é má vontade nossa, mas só ouvimos e compreendemos o que podemos aceitar naquela altura. Depois, a pouco e pouco, vamos elaborando o choque da novidade e poderemos vir a compreendê-la mais tarde.
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É uma posição difícil para os pais que ouvem dizer que o que os filhos têm é isto, ou aquilo. Às vezes apetece não ouvir o que nos estão a dizer. Tirem-me deste filme, como se dizia há uns anos.
Quando me dizem que aqueles pais não querem compreender o que é evidente para um técnico, costumo dizer que não podem, tem de se dar tempo, uns sais (conversar), uma água das pedras (ir compreendendo as pessoas) e mais tarde poderão compreender/ver.
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Nem sempre é assim, alguns têm uma dificuldade acrescida. Como aqueles para os quais os filhos são o seu espelho para os outros. Poderão sentir como grandes feridas para eles próprios a doença ou as dificuldades dos filhos. E dificilmente poderão aceitar.
Outros, perante os problemas dos filhos, conseguem pôr-se na posição da criança, identificando-se por forma a compreender e sentir o que elas sentem, seja a dôr física, a irritação, a dificuldade de se integrar, brincar ou evoluir como os outros, tornando-se possível a sua relação positiva.
Estes pais são muito mais capazes de ajudar os filhos a ultrapassar as dificuldades.

Mas lá que há notícias que dão "digestões" difíceis, isso há!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

aconteceu hoje -1

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Pai, hoje postei um poema teu datado de 1953
Tinha eu 1 ano.
Sempre te preocupaste com o sofrimento dos outros
As dificuldades de quem nasce em berços parcos.

Entrei hoje na idade que tinhas quando morreste,
Eras de facto muito novo para morrer
Na altura não tive completamente esta noção.

Não sabes, já cá não estavas,
Mas a Mãe também foi embora neste dia
No dia dos meus anos
Mais uma coisa que nos uniu,
Como se isso fosse preciso...
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Convosco dentro de mim
Sinto uma sombra de tristeza, mas
É com prazer que olho para os meus filhos
Para os meus netos
E vejo que a vida continua.
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Magda