253º dia do recomeço do blog
Neste estado em que me encontro, aposentada e em confinamento, estou quase sempre em casa. Passei a ver mais filmes na televisão, mais um filme e eventualmente uma série por dia do que antigamente.
A RTP2 dá muito bons filmes, tardios é verdade. Mas como estou por aqui, vejo quase sempre na manhã do dia a seguir.
Hoje vi o Mamã, título original Mommy, de Xavier Dolan, canadense, nascido em 1989, portanto 10 anos mais novo que o meu filho mais novo. Os seus filmes anteriores, porque já fez 5 filmes apesar da idade, têm sido premiados em vários festivais incluindo Cannes.
O que me chamou a atenção foi o título do seu 1º filme, "Eu Matei A Minha Mãe", que não vi.
Da sua história pessoal li que tinha sido uma criança/jovem hiperactivo e impulsivo. E eu julgo ser possível que esse 1º filme e o que vi hoje serem de alguma maneira partes desse seu problema.
Sabemos que a repetição de temas pelos artistas, que são aqueles a que temos acesso através das suas obras, são sinais de traumatismo psíquico mas também tentativas de os elaborar.
Não vou falar do filme Mamã, filme pesado mesmo para quem trabalhou sempre na área que ele aborda. No entanto no início do filme é apresentado um diagnóstico de Hiperactividade, como já disse. Nunca gostei de rótulos pedopsiquiátricos nas crianças, e no filme vê-se bem como há "tanta coisa" por ali e que ajuda a uma compreensão mais global da situação, nomeadamente a relação familiar muito disfuncional, neste caso com a Mãe viúva e educadora única. Ambos com aspectos depressivos mascarados pela incapacidade de contenção dos impulsos, seguidos de culpabilidade.
O Canadá até tem uma escola de pedopsiquiatria considerada, mas neste filme só se vê o internamento, com uso colete de forças dos antigos e não o químico. E nenhuma outra intervenção. É cinema. Pela forma como acaba o filme, com o jovem a fugir do hospital, certamente para ir procurar a mãe, fica-se com a fantasia que a situação se perpetuará infinitamente.