240º dia do recomeço do blog
Antes de mais quero afirmar que acredito na pandemia da Covid-19, muito grave.
Mas começo a preocupar-me a sério com as medidas tomadas pelo governo para lutar contra ela. Não compreendo a sua lógica. Confinamento, recolher obrigatório com muitas excepções. Nos dois próximos fins de semana ficaremos encerrados a partir das 13h. 13h? Mas que hora é esta? Porque não 15h ou 16h? Isto irá cortar de facto o contágio?
É que ou há saúde ou economia, nestas condições, é difícil ou mesmo impossível conjugar. Bem diz o ditado, não se pode ter sol na eira e chuva no nabal.
Muito preocupada fiquei quando o Presidente Associação Portuguesa dos médicos de medicina geral e familiar (mgf), propõe que as consultas de vigilância sejam adiadas.
Aos mgf foram-lhe pedidas tarefas impossíveis de realizar. São eles que trabalham nos centros de saúde, que pelo telefone controlam todos os doentes infectados por covid-19 que se encontram em casa. Depois são eles que preenchem vários formulários para cada doente. Que tempo lhes sobra? Estão a rebentar pelas costuras.
Quanto aos utentes deles, coitados, pouco lhes podem fazer. Pelo telefone maioritariamente, lá enviam os medicamentos pelo telemóvel.
Uma das actividades importantes em medicina é a prevenção. Avaliar e rever as pessoas para conseguir evitar que qualquer problema a começar não fique a crescer sem vigilância ou tratamento.
Ora o que hoje foi proposto pelo mgf que falou é que as consultas de vigilância sejam adiadas. Atrasadas já estão, adiadas é acabar com elas?
No início da pandemia a Ordem dos Médicos pediu voluntários para trabalhar. Ofereci-me mas nunca fui chamada. Pela idade? Pela minha especialidade?
Ora eu já não saberei fazer medicina directa, há muitos anos dedicada a uma pequena franja de doentes específicos. Mas não saberíamos, eu e muitos outros, fazer o trabalho burocrático que tanto tempo leva aos mgf? Iso anda mesmo mal organizado!