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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Aconteceu...há quanto tempo é que eu não andava de taxi?

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Chamei um taxi pelo telefone, onde deixei a morada e nome. Ao chegar, o taxista começou por se apresentar e cumprimentar-me, sabendo que eu era a senhora Magda. Era simpático (talvez demasiado) e falador.
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Pouco depois já eu sabia que a filha, adulta,estava com uma depressão há mais de um ano. Estava a tratar-se numa médica, mas ele não tinha confiança nela. Não sabia porquê, mas não lhe parecia suficientemente boa, embora reconhecesse que ela estava um pouco melhor e que nunca necessitou de meter uma baixa.
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Quis-me dizer o nome da dita mas não se lembrava. Rapidamente pegou no telemóvel e ligou à filha. Pude então assistir ao seguinte diálogo, que reproduzo de cor. Então minha querida, isto é cá um namoro!... ainda há pouco te liguei e já estou outra vez. é o que faz gostar-se muito de alguém...Olha, como é que se chama a tua médica, perguntou, e a partir daqui percebi que era com a filha e não com a mulher que ele estava a falar.
Ela disse-lhe prontamente e sem perguntar para quê e despediu-se com um adeus meu amor!
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Fiquei um pouco impressionada com esta relação do pai com a filha. É aliás uma das coisas que me impressiona é a confusão dos papeis numa família. Somos amigos? Somos colegas? Ou temos gerações com funções próprias, não deixando de ser amigos dos filhos.
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Um pai que quer ver uma filha crescer bem, não se pode agarrar a um papel sedutor. Terá de querer ver a filha crescer para ser mulher e arranjar um dia um homem.
Senão só dará razão ao velho Freud, na não resolução do conflito edipiano, com todas as dificuldades daí resultantes.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Aconteceu...que não andava de taxi há muito tempo

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Então não havia de saber onde fica a sua rua, eu ando nisto há 46 anos, diz o taxista que eu tinha chamado para me levar ao aeroporto.
Quando a menina da central me disse para entrar pela parte antiga do bairro disse-lhe logo que isso era para os novatos, eu conheço Lisboa como as minhas mãos.

Sim, porque isto é uma vida muito má mas da forma que a coisa está má em todas as profissões ainda há quem venha para isto.

É uma vida de perigo, sabe, eu conto-lhe, às vezes só apetece não parar, mas quem vê caras também não vê corações.

Olhe, um dia à noite, uns 3 mal encarados mandaram-me seguir ali para São Brás, eles tinham mesmo mau aspecto, mas que fazer, queriam que eu fosse para uma rua de barracas, mas eu desconfiei e não fui. Com prédios sempre me sinto mais seguro, eles ficaram furiosos e mandaram-me parar. Saíram, e o que ia atrás de mim veio aqui à minha janela e disse "ó velhote segue lá que nós gastamos tudo e não temos dinheiro para te pagar", que havia eu de fazer, segui e fiquei com os quinze euros de calote.

Estou sempre muito atento mas às vezes, nunca se sabe.
Olhe, conto-lhe outra, esta já foi há muitos anos, mandaram-me parar, e queriam ir para a Caparica, um sentou-se aqui ao meu lado e outro lá atrás, fiquei logo de sobreaviso, mais ainda quando o da frente tirou uma caneta que eu tinha no tablier e meteu ao bolso.
Ainda havia portagens no lado de Lisboa e eu pedi-lhes uma nota de cem para pagar a portagem, que não, que pagasse eu, e eu paguei. Só que fui direito à GNR, saí de imediato do carro e contei ao guarda que aqueles pelintras nem dinheiro tinham para pagar a portagem. Os guardas foram porreirinhos, mandaram-nos sair e eles saíram. Mas um deixou uma faca grande ali no banco de trás, depois de apalpados o outro também tinha uma,  olhe ficaram logo os dois no posto.

Isto é uma vida de perigo, minha senhora, chegamos e faça um boa viagem.

De perigo e de solidão, pensei eu, que quase não abri a boca durante toda a "corrida". Ele tinha mesmo necessidade de falar...e eu ouvi.

sábado, 13 de novembro de 2010

Aconteceu...num taxi, viagem com direito a filme de família

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Ipanema, 17h de uma sexta feira. O taxi pára e perante o destino pedido faz o ar mais chateado, e diz que vai ser a 3ª viagem seguida que faz até lá, que está tudo engarrafado, numa franca tentativa de desistência.
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O trânsito nesta zona do Rio de Janeiro é muito complicado. Enquanto não construírem um metro de superfície ou de underground, ou uma linha de caminho de ferro e só alargarem as vias para os automóveis, nada vai melhorar. A Barra da Tijuca continua a crescer em condomínios em altura, para classe média com carro e cada família tem vários carros.
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O taxista tinha um leitor de vídeo no tablier e resolveu mostrar o do 1º aniversário do filho, o Gabriel. De forma contínua, chata e insistente, foi-nos chamando a atenção para todos os pormenores.
Foi uma festa como acho que não é usual em Portugal. Organizada por uma empresa de eventos, em espaço alugado, um animador, imensos divertimentos, piscina de bolas, trampolim, comida e música. Na sala mesas redondas todas de toalha igual e fitas de laçarote e cadeiras vestidas. E imensa comida que enumerou.
Ele havia carneiros feitos em madeira tamanhos natural, com furos no corpo dos quais saíam paus de algodão doce, simulando o bicho real; bonecos de madeira iguais ao Gabriel, em pé; vimos o fato, o cabelo, da mulher, mais o 1º banho dado pela avó, enfim, a viagem nunca mais chegava ao fim.
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E dizia que toda a vida tinha sonhado que quando tivesse um filho e ele fizesse um ano teria uma festa assim.
Durante a viagem nomeou as suas tias e a avó. É possível que conhecer a infância deste homem tornasse compreensível este desejo, espécie de obsessão.
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Foi uma viagem muito chata! Mas fiquei a conhecer estas festas que nem de telenovela brasileira.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

aconteceu no taxi - 6

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Mais uma vez chamo um taxi.
Depois daquela experiência de apanhar um na rua sem marcação, e em que me sai um chauffeur bêbado, agora só quero taxi com reserva prévia, como aliás é meu costume. Pelo menos sinto-me mais segura, que têm a quem prestar contas, são uma cooperativa de sócios com regras (refiro-me aos taxis da Autocoop que são os que chamo).

Desço as escadas lentamente com o apoio das canadianas e o taxista com um grande sorriso recebe-me e abre-me a porta.

Então está melhorzinha? Quando me disseram que era para aqui pensei logo que devia ser a senhora.

Eu não me lembrava dele, não teria havido história marcante ou nesse dia em não estava disponível para estar atenta.

Pois, disse para me refrescar a memória, andou no meu carro quando foi ao Hospital de Jesus. Ía pôr o gesso, já foi há uns tempos.

Pois já, quase há 2 meses e continuo com o osso sem calcificar!

domingo, 20 de dezembro de 2009

aconteceu no taxi - 5 Chauffeur alcoolizado

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Ao sair do Restaurante Valenciana, faço sinal a um taxi com a minha canadiana no ar. Talvez não seja muito bonito, mas agora é um prolongamento das minhas mãos. Ele ía em sentido contrário e estranhei que não estancasse, como normalmente fazem. Parou já depois da rua de Campolide. Depois deu a volta.
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A Joana e eu entramos e dissemos para onde queríamos que nos levasse.

Ele estava a fumar e disse qualquer coisa sobre não estragar o carro, (as canadianas?), pelo que eu, que nem sou militante activista anti tabaco comentei que era bom que ele não estragasse os nossos pulmões. Sem grande vontade lá apagou o cigarro e deitou-o pela janela fora.
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Nitidamente a viagem tinha começado mal...mas isto ainda era só o princípio.

Logo nos primeiros minutos percebemos pela forma como guiava, às curvas, quase a bater nos passeios, que alguma coisa não estava bem. O diagnótico foi imediato, o homem estava completamente embriagado!
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Vi a Joana, em silêncio, a começar a mandar mensagens de telemóvel. Estranhei mas estava mais preocupada com o motorista e a nossa viagem.
Meti conversa...sobre as operações stop. Com voz arrastada e empastada, as sílabas a enrolarem-se na língua explica que não vai haver, em Lisboa é só às 5as e 6as feiras, ora estavamos num sábado. E se houvesse,arrisco, faziam teste ao alcóol? Sem dúvida, responde e eu estava feito, lixado, que estou cheio de vinho. Só vinho tinto, que não gosta de outras bebidas. Não sei se acredite mas...
Mais uma guinada e no banco de trás somos atiradas para o lado.
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Ai, ai a minha hérnia! gritava a Joana por cada guinada que o carro dava.
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E o homem continuava despudoradamente a falar, que tinha bebido uns copos, uns 4 precisa, e eu pergunto-lhe tamanho penalty? pode ser, sim desses grandes e mais uns tantos acrescenta.
E sabe, um destes dias a minha filha foi apanhada numa operação stop na 24 de Julho e ficou toda chateada comigo por não a ter avisado. Ía depressa, pergunto-lhe eu, não, você não está a ver bem, ela também ía com os copos.
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Somos novamente sacudidas e passamos uma tangente a uma paragem de autocarro.
.Ai, a minha hérnia, gritou novamente a Joana.
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A saída do eixo norte-sul para a 2ª circular foi um pesadelo. Parecia que o carro não iria dar a curva. Apontado ao separador lateral da curva, só mesmo no último momento e com uma guinada rápida a volta é dada.
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"Ai a minha hérnia!" .
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Já na Estrada da Luz novamente uma paragem do autocarro passa junto da nossa janela. Aproximamo-nos do meu bairro, um bairro classe média, é aqui neste buraco que mora comenta ele sem esperar resposta.

Saio ainda meia perplexa e a Joana continua viagem.
Ao chegar telefona-me logo. Conta que apesar de ser quase meia noite, e depois do taxi passar uma rasante a um autocarro, este terá apitado com força e longamente.
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Fiquei a perceber que as mensagens da Joana eram gritos de socorro para a Vera que tinhamos acabado de deixar.

Estamos loucas ou quê? Porque em vez de mandarmos parar e sairmos, ficamos e continuamos a viagem?

Quanto a mim não tenho dúvidas, senti-me uma jornalista em pleno campo de batalha,mesmo no meio de fogo cruzado, alheia aos perigos, à procura da melhor reportagem.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

aconteceu no taxi - 4 O fadista

Pára sem me olhar. Digo-lhe para onde quero ir e arranca o carro.
Cá está um dos que não fala, pensei.


Vejo-o por trás, parece pequeno e magro, cabelo muito bem penteado talvez com um pouco de brilhantina (escrevi brilhantina e não gel, curioso, talvez porque o homem tinha um ar de antigamente) e um bigode escova preto. Guiava com cuidado.

Ele não falava mas havia um rádio de onde saía fado.
Arrisco “isto é a nova estação Amália?”. Na mouche, a língua destravou.
Criado no bairro Alto, desde miúdo frequentou o ambiente do fado, aos 13 anos já ajudava por vezes na Adega Machado, despejando uns cinzeiros, fazendo uns recados.


Uma noite um americano deu-lhe uma gorjeta gorda.
Ao chegar a casa entregou o dinheiro à mãe. O pai viu e acusou-o de o ter roubado e obrigou-o a ir devolver. Foi com ele à adega e o Machado deu um raspanete ao pai, seu bêbado, achas que o teu filho é ladrão? Tu devias ter orgulho no teu filho!


Continuou com o tio Alfredo, que conheceu tão bem, e mais este e aquela. E lembra daquela vez que estavam lá no Machado uns tipos da PIDE, a senhora sabe quem eram e o tio Alfredo não queria cantar e eles queriam ouvi-lo. Então mandaram-lhe uma nota de dinheiro, e eu interrompo e digo “e ele não cantou à mesma”, ri-se, cantou, claro que cantou!

Do rádio continuam a sair fados. Atiro “este é o Tristão da Silva?” Parece-me o Maurício diz ele. Não lhe disse que nem sabia que havia um Maurício. Que ele começa a falar na nova geração de fadistas, uma categoria. E conta com um enorme orgulho que um dia destes uma senhora mandou-o parar e ele viu logo que era a Ana Moura. “Não desfazendo”, é uma frase que acho uma enorme piada “é uma senhora a sério, inteligente, culta, e que voz!” “E imagine só a coincidência, não é que começa aqui no rádio a tocar um fado cantado por ela? Não me volta a acontecer outra assim, ai isso não”.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

aconteceu no taxi - 3 A culpa é das mulheres

Foi o 1º taxi em que entrei com separador, por um quadrado de abertura comunica com o cliente . Chauffeur de boné à Lenine, e de conversa imediata.Estava um dia gelado e uma conversa parece que nos aquece.

Naquela profissão desde 1976, vai-me explicando que "isto está muito mau", referindo-se ao lucro de um taxista. Lisboa tem cerca de 4000 taxis, o mais caro não é comprar o taxi é o alvará. Por isso muitos taxistas, como ele, fazem-se sócios de cooperativas que lhes "alugam" o alvará. Há várias modalidades, no caso dele deu o carro, paga as despesas do carro, seguro, oficinas, gasolina, e fica com cerca de 40%do dinheiro do dia.

Mas, diz ele, quando começou a trabalhar em 4, 5 horas fazia o que faz hoje, 70 a 80 € por dia ilíquidos. "Isto está mau" vai repetindo. Lamenta-se não ter ido para a polícia, isso é que tinha sido bem visto, e estava quase reformado. Assim, quando o fizer, vai ficar com "300€ por mês,já viu?", tenho de concordar que é pouco.

Conta da filha, enfermeira, com vários empregos, comprou casa, carro, tem de ser.Mora na periferia de Lisboa e perde horas em bichas.

Como ela, diz, toda a gente tem carro, para que precisam de taxis? "Olhe a senhora, se calhar só precisa por andar assim com o pé". Condescendo, é verdade.
Quer-me convencer das vantagens do taxi, porta à porta, sem pagar estacionamento, nem seguro, nem... Todas as casas agora têm vários carros, nem é só um!
Estamos a chegar ao meu destino e ele faz uma análise sociológica da questão "A culpa é das mulheres, antes eram só os homens que tinham carro"!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

aconteceu no taxi - 2 Azeite bom

Psiuu, taxi! o carro pára ...chauffeur de uns 60 e tal anos, rádio aos berros nas notícias que vão acabar pouco depois. Apaga o rádio. Silêncio. Aproveito para perguntar se tinha havido alguma notícia de geito, diz-me que pouca coisa, conta-me só da votação da oposição em conjunto numa proposta do Bloco. A música da sua fala foi-me familiar, e pergunto-lhe situando-o na zona da Sertã (este é um exercício que adoro fazer). Confirma que é de perto, Proença-a-Nova, mas que é chauffeur de taxi em Lisboa há quase 40 anos. Nesta época da azeitona vai lá à apanha todos os fins de semana. Está um bocado aborrecido calcula que vai sair azeite de 0,5º e ele gosta pelo menos de 1,2º, "senão não sabe a nada". Já no ano passado saiu com 0,6º. Fala-me de alqueires, do lagar novo lá da terra de que é sócio. E a conversa esprai-se pelos azeites, do colega que fez tropa em Angola e lhe deu um garrafão mas que não lhe toca que fica com o estomago a arder, do outro de Valpassos que também não sabe a muito, do capitão do agrupamento da tropa, hoje advogado em Vila Franca que lhe compra 80 litros por ano, mais o... e o ..., e a cunhada do G.S.M que gosta muito mas compra só 1 garrafão de cada vez.
Obviamente que vou provar do azeite. Fiquei de lhe telefonar depois do Natal, um garrafão para começar a 5€/litro.
Nome do motorista? Tinha de ser, Cristóvão!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

aconteceu no taxi - 1 Barro à parede?

Entro no taxi e ele nem se vira. Apercebo um boné à Americana, um cabelo pouco espontado, homem muito magro.
Sou eu que tenho de meter conversa, a propósito do trânsito, cansaço de guiar na cidade. Não foi necessário mais, daí e ficar conhecedora de muitos factos da sua vida, emigração nos EUA, no Canadá, todos os irmãos com cursos mas ele que nunca gostou de estudar, as suas dificuldades de adaptação aos vários sítios, enfim, pouco mais tive de intervir.
Mas dois apontamentos vos deixo.Conta-me que de dia é motorista de taxi, de noite vigilante no Ministério da Educação. Comento "Então, não dorme?" "Claro que sim, acha que os 500€ que recebo como segurança é para estar acordado? Para isso tinham de me pagar muito mais!"
Explica-me que não tem casa. A mulher não o quis mais e pô-lo na rua.
Estamos a chegar ao meu prédio. Pára o carro, vira-se para trás e diz-me "sabe minha senhora, o que me faz falta? Arranjar uma senhora para me fazer companhia".

Aqui há tempos conheci 2 crianças com o pai e a madrasta. Fiquei a saber que a mãe das crianças abandonou o marido e os filhos. O homem, taxista, é dias depois mandado parar por uma senhora que lhe pede para o levar à rua X; só que antes de lá chegar conta-lhe que está a vir de assinar o divórcio e pede-lhe que páre o carro e beba um café com ela antes do fim da viagem, que ela precisa de se acalmar. Bebem o café e ele cumpre o resto da viagem. Chegados à morada do destino ele sobe com ela e nunca mais de lá sai. Foi esse casal que tive à minha frente.

E eu pago e saio apressadamente, não vá o diabo tecê-las!