quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Aconteceu...há quanto tempo é que eu não andava de taxi?
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Aconteceu...que não andava de taxi há muito tempo
Então não havia de saber onde fica a sua rua, eu ando nisto há 46 anos, diz o taxista que eu tinha chamado para me levar ao aeroporto.
sábado, 13 de novembro de 2010
Aconteceu...num taxi, viagem com direito a filme de família
Ipanema, 17h de uma sexta feira. O taxi pára e perante o destino pedido faz o ar mais chateado, e diz que vai ser a 3ª viagem seguida que faz até lá, que está tudo engarrafado, numa franca tentativa de desistência.
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O trânsito nesta zona do Rio de Janeiro é muito complicado. Enquanto não construírem um metro de superfície ou de underground, ou uma linha de caminho de ferro e só alargarem as vias para os automóveis, nada vai melhorar. A Barra da Tijuca continua a crescer em condomínios em altura, para classe média com carro e cada família tem vários carros.
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O taxista tinha um leitor de vídeo no tablier e resolveu mostrar o do 1º aniversário do filho, o Gabriel. De forma contínua, chata e insistente, foi-nos chamando a atenção para todos os pormenores.
Foi uma festa como acho que não é usual em Portugal. Organizada por uma empresa de eventos, em espaço alugado, um animador, imensos divertimentos, piscina de bolas, trampolim, comida e música. Na sala mesas redondas todas de toalha igual e fitas de laçarote e cadeiras vestidas. E imensa comida que enumerou.
Ele havia carneiros feitos em madeira tamanhos natural, com furos no corpo dos quais saíam paus de algodão doce, simulando o bicho real; bonecos de madeira iguais ao Gabriel, em pé; vimos o fato, o cabelo, da mulher, mais o 1º banho dado pela avó, enfim, a viagem nunca mais chegava ao fim.
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E dizia que toda a vida tinha sonhado que quando tivesse um filho e ele fizesse um ano teria uma festa assim.
Durante a viagem nomeou as suas tias e a avó. É possível que conhecer a infância deste homem tornasse compreensível este desejo, espécie de obsessão.
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Foi uma viagem muito chata! Mas fiquei a conhecer estas festas que nem de telenovela brasileira.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
aconteceu no taxi - 6
Desço as escadas lentamente com o apoio das canadianas e o taxista com um grande sorriso recebe-me e abre-me a porta.
Então está melhorzinha? Quando me disseram que era para aqui pensei logo que devia ser a senhora.
Eu não me lembrava dele, não teria havido história marcante ou nesse dia em não estava disponível para estar atenta.
Pois, disse para me refrescar a memória, andou no meu carro quando foi ao Hospital de Jesus. Ía pôr o gesso, já foi há uns tempos.
Pois já, quase há 2 meses e continuo com o osso sem calcificar!
domingo, 20 de dezembro de 2009
aconteceu no taxi - 5 Chauffeur alcoolizado
Ele estava a fumar e disse qualquer coisa sobre não estragar o carro, (as canadianas?), pelo que eu, que nem sou militante activista anti tabaco comentei que era bom que ele não estragasse os nossos pulmões. Sem grande vontade lá apagou o cigarro e deitou-o pela janela fora.
Logo nos primeiros minutos percebemos pela forma como guiava, às curvas, quase a bater nos passeios, que alguma coisa não estava bem. O diagnótico foi imediato, o homem estava completamente embriagado!
Saio ainda meia perplexa e a Joana continua viagem.
Estamos loucas ou quê? Porque em vez de mandarmos parar e sairmos, ficamos e continuamos a viagem?
Quanto a mim não tenho dúvidas, senti-me uma jornalista em pleno campo de batalha,mesmo no meio de fogo cruzado, alheia aos perigos, à procura da melhor reportagem.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
aconteceu no taxi - 4 O fadista
Cá está um dos que não fala, pensei.
Vejo-o por trás, parece pequeno e magro, cabelo muito bem penteado talvez com um pouco de brilhantina (escrevi brilhantina e não gel, curioso, talvez porque o homem tinha um ar de antigamente) e um bigode escova preto. Guiava com cuidado.
Ele não falava mas havia um rádio de onde saía fado.
Arrisco “isto é a nova estação Amália?”. Na mouche, a língua destravou.
Criado no bairro Alto, desde miúdo frequentou o ambiente do fado, aos 13 anos já ajudava por vezes na Adega Machado, despejando uns cinzeiros, fazendo uns recados.
Uma noite um americano deu-lhe uma gorjeta gorda.
Ao chegar a casa entregou o dinheiro à mãe. O pai viu e acusou-o de o ter roubado e obrigou-o a ir devolver. Foi com ele à adega e o Machado deu um raspanete ao pai, seu bêbado, achas que o teu filho é ladrão? Tu devias ter orgulho no teu filho!
Continuou com o tio Alfredo, que conheceu tão bem, e mais este e aquela. E lembra daquela vez que estavam lá no Machado uns tipos da PIDE, a senhora sabe quem eram e o tio Alfredo não queria cantar e eles queriam ouvi-lo. Então mandaram-lhe uma nota de dinheiro, e eu interrompo e digo “e ele não cantou à mesma”, ri-se, cantou, claro que cantou!
Do rádio continuam a sair fados. Atiro “este é o Tristão da Silva?” Parece-me o Maurício diz ele. Não lhe disse que nem sabia que havia um Maurício. Que ele começa a falar na nova geração de fadistas, uma categoria. E conta com um enorme orgulho que um dia destes uma senhora mandou-o parar e ele viu logo que era a Ana Moura. “Não desfazendo”, é uma frase que acho uma enorme piada “é uma senhora a sério, inteligente, culta, e que voz!” “E imagine só a coincidência, não é que começa aqui no rádio a tocar um fado cantado por ela? Não me volta a acontecer outra assim, ai isso não”.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
aconteceu no taxi - 3 A culpa é das mulheres
Naquela profissão desde 1976, vai-me explicando que "isto está muito mau", referindo-se ao lucro de um taxista. Lisboa tem cerca de 4000 taxis, o mais caro não é comprar o taxi é o alvará. Por isso muitos taxistas, como ele, fazem-se sócios de cooperativas que lhes "alugam" o alvará. Há várias modalidades, no caso dele deu o carro, paga as despesas do carro, seguro, oficinas, gasolina, e fica com cerca de 40%do dinheiro do dia.
Mas, diz ele, quando começou a trabalhar em 4, 5 horas fazia o que faz hoje, 70 a 80 € por dia ilíquidos. "Isto está mau" vai repetindo. Lamenta-se não ter ido para a polícia, isso é que tinha sido bem visto, e estava quase reformado. Assim, quando o fizer, vai ficar com "300€ por mês,já viu?", tenho de concordar que é pouco.
Conta da filha, enfermeira, com vários empregos, comprou casa, carro, tem de ser.Mora na periferia de Lisboa e perde horas em bichas.
Como ela, diz, toda a gente tem carro, para que precisam de taxis? "Olhe a senhora, se calhar só precisa por andar assim com o pé". Condescendo, é verdade.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
aconteceu no taxi - 2 Azeite bom
Obviamente que vou provar do azeite. Fiquei de lhe telefonar depois do Natal, um garrafão para começar a 5€/litro.
Nome do motorista? Tinha de ser, Cristóvão!
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
aconteceu no taxi - 1 Barro à parede?
Sou eu que tenho de meter conversa, a propósito do trânsito, cansaço de guiar na cidade. Não foi necessário mais, daí e ficar conhecedora de muitos factos da sua vida, emigração nos EUA, no Canadá, todos os irmãos com cursos mas ele que nunca gostou de estudar, as suas dificuldades de adaptação aos vários sítios, enfim, pouco mais tive de intervir.
Mas dois apontamentos vos deixo.Conta-me que de dia é motorista de taxi, de noite vigilante no Ministério da Educação. Comento "Então, não dorme?" "Claro que sim, acha que os 500€ que recebo como segurança é para estar acordado? Para isso tinham de me pagar muito mais!"
Explica-me que não tem casa. A mulher não o quis mais e pô-lo na rua.
Estamos a chegar ao meu prédio. Pára o carro, vira-se para trás e diz-me "sabe minha senhora, o que me faz falta? Arranjar uma senhora para me fazer companhia".
Aqui há tempos conheci 2 crianças com o pai e a madrasta. Fiquei a saber que a mãe das crianças abandonou o marido e os filhos. O homem, taxista, é dias depois mandado parar por uma senhora que lhe pede para o levar à rua X; só que antes de lá chegar conta-lhe que está a vir de assinar o divórcio e pede-lhe que páre o carro e beba um café com ela antes do fim da viagem, que ela precisa de se acalmar. Bebem o café e ele cumpre o resto da viagem. Chegados à morada do destino ele sobe com ela e nunca mais de lá sai. Foi esse casal que tive à minha frente.
E eu pago e saio apressadamente, não vá o diabo tecê-las!