Chamei um taxi pelo telefone, onde deixei a morada e nome. Ao chegar, o taxista começou por se apresentar e cumprimentar-me, sabendo que eu era a senhora Magda. Era simpático (talvez demasiado) e falador.
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Pouco depois já eu sabia que a filha, adulta,estava com uma depressão há mais de um ano. Estava a tratar-se numa médica, mas ele não tinha confiança nela. Não sabia porquê, mas não lhe parecia suficientemente boa, embora reconhecesse que ela estava um pouco melhor e que nunca necessitou de meter uma baixa.
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Quis-me dizer o nome da dita mas não se lembrava. Rapidamente pegou no telemóvel e ligou à filha. Pude então assistir ao seguinte diálogo, que reproduzo de cor. Então minha querida, isto é cá um namoro!... ainda há pouco te liguei e já estou outra vez. é o que faz gostar-se muito de alguém...Olha, como é que se chama a tua médica, perguntou, e a partir daqui percebi que era com a filha e não com a mulher que ele estava a falar.
Ela disse-lhe prontamente e sem perguntar para quê e despediu-se com um adeus meu amor!
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Fiquei um pouco impressionada com esta relação do pai com a filha. É aliás uma das coisas que me impressiona é a confusão dos papeis numa família. Somos amigos? Somos colegas? Ou temos gerações com funções próprias, não deixando de ser amigos dos filhos.
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Um pai que quer ver uma filha crescer bem, não se pode agarrar a um papel sedutor. Terá de querer ver a filha crescer para ser mulher e arranjar um dia um homem.
Senão só dará razão ao velho Freud, na não resolução do conflito edipiano, com todas as dificuldades daí resultantes.
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