segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Poema - Al Berto

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VISITA-ME ENQUANTO NÃO ENVELHEÇO
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visita-me enquanto não envelheço
toma estas palavras cheias de medo e surpreende-me
com teu rosto de Modigliani suicidado
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tenho uma varanda ampla cheia de malvas
e o marulhar das noites povoadas de peixes voadores
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ver-me antes que a bruma contamine os alicerces
as pedras nacaradas deste vulcão a lava do desejo
subindo à boca sulfurosa dos espelhos
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antes que desperte em mim o grito
dalguma terna Jeanne Hébuterne a paixão
derrama-se quando tua ausência se prende às veias
prontas a esvaziarem-se do rubro ouro

perco-te no sono das marítimas paisagens
estas feridas de barro e quartzo
os olhos escancarados para a infindável água
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com teu sabor de açúcar queimado em redor da noite
sonhar perto do coração que não sabe como tocar-te

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