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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Aconteceu...a cultura serve para alguma coisa?

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Escrevi eu a 9 de Janeiro deste ano que "Ao domingo os museus são gratuitos". São, ainda, mas parece que vão deixar de ser.
Sei, a crise. Mas receio que com o pagamento do bilhete, muita gente altere o programa e deixe de ir "passear" pelos museus, criar proximidade com eles e com as obras de arte.
Mais tarde haverá mais gente menos sensibilizada, mais bruta, analfabeta e outras coisas que só empobrecem um povo.

Não tenho a certeza de qual o país em que estive e cujos museus visitei, em que os visitantes do país tinham entrada grátis. É chato, também achei isso uma vez que paguei, mas é uma defesa dos seus habitantes e do seu nível cultural.
É só uma sugestão, ok?

sábado, 24 de setembro de 2011

Acontece...faz falta a clareza nestes tempos que correm

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Há a mesa. Aquilo é uma mesa. Há a cadeira. Aquilo é uma cadeira. Aquilo é uma taça de fruta. Há a toalha de mesa. Há as cortinas. Não há vento. Há o balde de carvão.  (Harold Pinter)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Acontece..."isto é só no 1º dia de escola, depois ficam todos iguais"

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Uma casa apalaçada e velha, onde hoje é a junta de freguesia. Manhã cedo, primeiro dia de aulas. Muitas mães, nenhum pai. Crianças algumas com batas brancas e cabelos penteados com pente molhado, deixando sulcos no penteado. De mãos dadas com as mães, sérios e um ar espectante, um pouco assustados. A maioria das mães com aspecto humilde, quer nas roupas quer no arranjo pessoal, ali estavam elas, lutadoras, que puxavam e empurravam sem dó para que os seus filhos ficassem na fila da frente.
Dei por mim assustada. Era ali que eu ia deixar o meu filho? Naquela escola e durante quatro anos?

Os meus olhos encheram-se de lágrimas. E eis senão quando senti uma mão que pousava no meu ombro. Era uma vizinha que só conhecia de vista. Vim depois a saber que era minha colega. Vinha com o 2º filho, que por acaso ficou na mesma turma do meu.
Já tinha experiência disto e disse-me de uma forma que me sossegou "Isto é só no 1º dia, olha que depois ficam todos iguais".
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Nunca mais me pude esquecer daquele dia. Cheia de preconceitos, eu, uma antiga aluna do Lycée Français Charles Lepièrre, tinha um filho na escola pública.
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Tive um filho e depois dois. Se houve algum contratempo, o saldo foi positivo. As línguas, foram reforçadas por fora, o inglês, mais actual, mas também o francês. O desporto também, cá fora. Mais as artes e durante pouco tempo a música. Em casa, a presença e a estimulação possível.
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Ontem fui buscar o meu neto mais velho à saída do seu primeiro dia de escola pública.
Uns trinta anos medeiam estas duas gerações. À vista, superficialmente, muita coisa mudou. 
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Os meus filhos tiveram a sorte de ter na escola pública estabilidade, um ensino adequado.
Como será agora, neste país em crise?

sábado, 10 de setembro de 2011

Aconteceu...esqueléticos, magros, gordos e anafados.

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Completamente baralhada! Nos últimos tempos tem-se ouvido o governo falar na necessidade de cortar as gorduras.
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Começaram os cortes nos ordenados dos funcionários públicos, pensei que a gordura eram os vencimentos.
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Depois houve o aumento dos impostos. Tive de fazer ginástica mental, e lá consegui encaixar que a gordura era o dinheiro que sobrava às pessoas do seu vencimento.
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Depois foram os aumentos dos transportes público, aqui percebi, porque a malta vai a pé ou de biciclete para poupar nos bilhetes e assim perde gordura.
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Depois foi a subida do preço da água. Haverá menos banhos e portanto a água também será uma gordura.
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Por último o corte nos descontos da pílula anti contraceptiva nas farmácias. E aqui baralhei-me toda.
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Ora eu sei, tenho a certeza, eu que tão poucas tenho, que muitas mulheres não vão poder ir aos centros de saúde para obter o comprimido. Com os empregos de hoje, precários, faltar para ir ao centro de saúde, deslocação, taxa moderadora, o mais certo é não tomarem a pílula. Como resultado vai haver mais gravidezes indesejadas. De forma errada, que o aborto não deveria ser um método de planeamento familiar, haverá quem a ele recorra, apesar de todo o sacrifício que uma interrupção involuntária da gravidez causa à mulher, aumentando o número das que tentarão abortar. Legalmente, felizmente que assim o é. Aumentarão a gordura dos serviços de obstretrícia e as consultas de ginecologia e de psis. Aqui não vejo o corte.
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Outras deixarão a gravidez continuar e isso sim, será realmente um aumento da gordura...no estado de grávida.
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Tal como no colesterol, sabe-se hoje que há o bom e o mau.
Desconfio que estão enganados nesta escolha para os cortes de gordura. É que a pior parece intocável! Quanto aos outros, a quem andam a obrigar a fazer dieta, vão ficar mal.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Aconteceu..talvez à beira mar as terras estejam mais animadas

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Faça férias cá dentro, diz o slogan. Em tempo de crise ou fica em casa ou vá para a terrinha, e se não tiver uma, escolha uma qualquer. E descanse. 

Mas preparem-se, se escolher o interior centro-norte, arriscamo-nos a encontrar muitas casas com letreiros de vende-se, ruas vazias, praças e esplanadas vazias grande parte do dia, restaurantes fechados.

Há crise? Pois há, ninguém duvida. Os da terra dizem que nunca viram nada ssim, nem os imigrantes aos montes como é costume.

Mas quem tem negócio de comes e bebes pode dar-se ao luxo de folgar nos meses de verão, um ou mais dias? Ainda por cima em simultâneo com os outros restaurantes da terra? E será natural, tal qual refeitório de fábrica ou hospital, o horário ser rígido e estrito? Desculpe, já fechamos a cozinha...
Quanto a petiscos, ai Espanha, Espanha, porque não te copiamos, nós por cá as mais das vezes só nos servem uma sandocha.
Ou porque não imitar o Brasil, onde a qualquer hora se comem pasteis variados quentinhos, fritos à hora. Aqui, quando os há, são todos fritos de manhã (com raras excepções).

Petinga, jaquinzinhos, peixes do rio, todos em escabeche, quanto mais dias estivem de poisio mais saborosos ficam.  E há muitos outros petiscos que duram dias e dias sem se estragar e poderiam esperar por ser servidos!

Para quando se criam condições para fazer férias cá dentro? A crise existe, todos sabemos, mas para chamar gente é preciso criar situações alternativas, ser criativo e servir bem.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Aconteceu..."Fome"

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(...) Sabe Deus, pensei, se alguma vez mais valeria a pena voltar a procurar emprego. Recusas, meias promessas, meros e secos "nãos", expectativas alimentadas e destruídas, novas tentativas, tudo acabara em nada e fizera com que eu tivesse perdido o ânimo. Por fim, requeri um lugar como cobrador de dívidas, mas cheguei demasiado tarde, além disso não teria podido arranjar cinquenta coroas, para depositar como fiança. Surgia sempre qualquer obstáculo. Também me candidatei à corporação de bombeiros. Estávamos cinquenta homens num átrio e enchíamos o peito para darmos a impressão de força física e valentia. Veio um funcionário fazer a inspecção a todos os candidatos: apalpou-lhes os braços e fez-lhes uma ou outra pergunta. Contudo, por mim limitou-se a passar, abanando a cabeça e disse que estava excluído por usar óculos. Voltei lá sem óculos, perfilei-me, franzi as sobrancelhas e dei aos olhos uma expressão acutilante, mas o homem voltou a passar por mim e sorriu. Tinha-me reconhecido. O pior de tudo era que a minha roupa começava a ficar num estado tão lastimável que eu já não podia apresentar-me onde quer que fosse como uma pessoa decente. (...)

Este trecho, escrito por Knut Hamsun e publicado pela 1ª vez em 1890, é actual e poderia ter sido escrito hoje. Hélas!

domingo, 27 de junho de 2010

Aconteceu...que detesto vento

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"(...) Há um vento impetuosamente solto na noite da minha vida(...)"
Ruy Belo
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Ouço nos noticiários que este vai ser o Verão mais quente dos últimos anos.
Não o tenho sentido. Aqui em Lisboa, um vento permanente e desagradável, empurra não sei para onde o calor.

Será a crise, o vento ou ambos que fazem com que as esplanadas antigamente cheias estejam agora vazias?
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Nunca gostei de vento. Como se imaginasse que se com força raspasse o meu corpo me levasse partes salientes, quem sabe se as orelhas. E ficando os orifícios bem à vista entrasse dentro de mim e pudesse, com as ondas que provocaria, baralhar o meu interior.

Mas se ficar um verão com muito calor, com as temperaturas mais altas dos últimos anos, vejo-me a gritar pela sua filha, Ó Aragem, vem cá!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

aconteceu no taxi - 3 A culpa é das mulheres

Foi o 1º taxi em que entrei com separador, por um quadrado de abertura comunica com o cliente . Chauffeur de boné à Lenine, e de conversa imediata.Estava um dia gelado e uma conversa parece que nos aquece.

Naquela profissão desde 1976, vai-me explicando que "isto está muito mau", referindo-se ao lucro de um taxista. Lisboa tem cerca de 4000 taxis, o mais caro não é comprar o taxi é o alvará. Por isso muitos taxistas, como ele, fazem-se sócios de cooperativas que lhes "alugam" o alvará. Há várias modalidades, no caso dele deu o carro, paga as despesas do carro, seguro, oficinas, gasolina, e fica com cerca de 40%do dinheiro do dia.

Mas, diz ele, quando começou a trabalhar em 4, 5 horas fazia o que faz hoje, 70 a 80 € por dia ilíquidos. "Isto está mau" vai repetindo. Lamenta-se não ter ido para a polícia, isso é que tinha sido bem visto, e estava quase reformado. Assim, quando o fizer, vai ficar com "300€ por mês,já viu?", tenho de concordar que é pouco.

Conta da filha, enfermeira, com vários empregos, comprou casa, carro, tem de ser.Mora na periferia de Lisboa e perde horas em bichas.

Como ela, diz, toda a gente tem carro, para que precisam de taxis? "Olhe a senhora, se calhar só precisa por andar assim com o pé". Condescendo, é verdade.
Quer-me convencer das vantagens do taxi, porta à porta, sem pagar estacionamento, nem seguro, nem... Todas as casas agora têm vários carros, nem é só um!
Estamos a chegar ao meu destino e ele faz uma análise sociológica da questão "A culpa é das mulheres, antes eram só os homens que tinham carro"!