terça-feira, 12 de maio de 2020
60º dia de isolamento social (COVID-19)
Há uma percentagem razoável de pessoas não muito espertas, para não dizer com debilidade ligeira, mas que fazem a sua vida normal. Normalmente trabalhos manuais, sem grande necessidades cognitivas, tarefas definidas, como limpeza, serventia de pedreiro etc.
Lembrei-me disto quando ontem ouvi na entrevista a familiar da mãe da menina assassinada.
A pergunta da jornalista foi completamente parva.
- "E como estava a mãe quando soube?"
Resposta da senhora:
- "Estava sentada".
Por vezes têm treino social e pode até, à primeira vista passar despercebido.
Uma colega cuja mãe lhe tinha descrito a maravilhosa evolução de uma criança débil depois de um tratamento de origem brasileira, pediu-me para a observar no meu consultório. De início parecia muito bem, regras sociais, cumprimentos, forma de se sentar, onde pôr as mãos, a bolsa que trazia. Na conversa fiquei a saber que seguia uma telenovela que eu também conhecia, pedi-lhe para falar dela. Era uma compreensão muito superficial, não fazia relacionamentos das personagens, nem compreendia os não ditos e perdia-se na história. Mas sempre com um ar seguro, sem dúvidas. Simpática e boa pessoa com certeza.
Pena que o tal tratamento só a tinha ensinado a estar.