294º dia do recomeço do blog
Houve uma altura em que não entendia, outra em que achei um disparate. Hoje compreendo e aplaudo a minha Mãe.
A minha Mãe, médica e com uma vida muito preenchida, tinha por vontade homenagear algumas pessoas que considerava mesmo que não as conhecesse em vida.
Abandonada a crença da religião muitos anos atrás, era mesmo à pessoa que ela fazia.
Lembro-me bem de a acompanhar ao Cemitério dos Prazeres, aquando o funeral do Vasco Santana (1958) e do João Villaret (1961). Em qualquer um deles eu não tinha ainda 10 anos.
Houve outros. Anos mais tarde vi-a e ao meu Pai, este já bastante doente, a seguirem a pé o funeral do Pedro Soares e da Maria Luísa Costa Dias, ela colega de curso da minha Mãe e amiga, ambos do PCP, mortos num acidente nunca completamente esclarecido o como ou se por quem foi provocado.
Ela tinha um profundo respeito pelas pessoas e reconhecia-os.
Quando morreu Joaquim Agostinho perguntou-me se a acompanharia. Não pude.
Hoje, dia do enterro do Carlos do Carmo, certamente ela iria querer prestar-lhe uma homenagem.
A homenagem que eu prestarei será ouvir os LPs que eram dos meus Pais. Felizmente mantenho os discos e o gira-discos na casa de "aldeia".