227º dia do recomeço do blog
Não gosto de ir ao cabeleireiro, mas reconheço que um bom corte faz o cabelo. Por isso, de 2/2 meses ou mesmo três lá vou eu. Uma excelente profissional proprietária de vários aqui em Lisboa. Vários...eram, agora serão dois. Até quando, interrogava-se hoje ela.
Estranhei quase nunca ver lá clientes. Fiquei a saber que a "maioria delas têm grandes quintas, casas ótimas fora da cidade e foram para lá quando começou a pandemia. Nunca mais vieram a Lisboa, os filhos não deixam".
Hoje vi vários homens. Lavavam a cabeça ali perto de mim e subiam umas escadas em que eu nunca tinha reparado. E foi então que me explicaram.
Um grande hotel aqui de Lisboa, grande em altura e em estrelas, tem um salão de cabeleireiro também da mesma. Na altura do confinamento quase fechou, ficou em layoff (não entendo porque empresas multinacionais com possibilidade de suportar os danos recebem do estado subsídios pagos por todos nós) e ainda está quase vazio, só dois andares funcionam. Estes clientes que eu hoje vi costumavam ir ao hotel cortar o cabelo com a barbeira, que também lá estava. Agora mudaram para a sede. Mais um salão a ir abaixo.
A internet tem destas coisas boas, de clicar e poder ver. Curiosa, fui "visitar" o hotel. Perante as imagens, lembrei-me do tempo das vacas gordas, quando os laboratórios nos convidavam para participar em congressos no estrangeiro. Na altura eram hotéis como aqueles, lembro-me de um em Berlim em que o quarto era quase maior que a minha casa, tudo bonito, espaçoso, salas e espaços livres bem arranjados; Em Istambul, um de uma cadeia internacional muito conhecida, tinha lá do alto onde ele estava construído, tinha jardins lindos, que desciam até ao Bósforo.
Nem fui das que mais beneficiou destas viagens mas sei que durante aqueles dias muita gente se sentia princesa.
É possível que muitas destas empresas não se aguentem. E os mais pequenos? Tenho visto como tantos se têm adaptado, mudado funções, acrescentando mordomias, mercearias e pequenos supermercados que passaram a levar as coisas a casa, o Expresso é entregue à porta, restaurantes que passaram a take away. Aqui no meu bairro nada fechou as portas.
Isto tudo por causa da covid-19. E ainda há bestas que se revoltam com medidas para evitar a transmissão!
Viva a máscara, a distância social e a higiene! Abaixo a irresponsabilidade individual! Isto tem de acabar!