223º dia do recomeço do blog
Já há anos fui convidada para assistir à matança do porco. Aliás fui várias vezes convidada e em terras diferentes. Nunca achei muita graça mas aproveitei para ver ao vivo. E descobrir diferenças, não no porco mas na festa gastronómica que se lhe seguia.
Nem a matança nem as comidas frescas de porco acabado de matar me agradaram. Sangue cozido, fígado frito em "entretinho" como diziam, que penso ser a parte de gordura externa do estômago e outras iguarias que deliciavam os presentes.
Mas uma dessas matanças foi numa casa de uma aldeia ribatejana. A piada é que a festa, de facto era para os homens. Matar, desmanchar o bicho era um homem contratado para o efeito. Os pedaços de carne foram entregues às mulheres, que estavam na cozinha e iam cozinhando. Eles estavam numa sala que não era habitualmente de jantar, com pão, vinho, nozes e figos secos e aguardando que uma mulher lhes fosse levando as comidas conforme acabassem de ser feitas. Não ficavam lá, entregavam e voltavam para a cozinha.
Acabado o repasto das carnes do porco não faltou o arroz doce, amarelo e seco como é uso naquela terra.
Para as mulheres, apesar do trabalho, aquilo também era uma festa. Viam como natural não estarem na sala com os maridos, os irmãos, os filhos porque era tudo da mesma família.
Durante este tempo esteve ao lume uma panela com uma galinha a cozer. Depois deitaram-lhe a massinha.
Canja foi a comida de mulheres, o almoço na cozinha. E que boa que estava!