MEIO-DIA, severo e uno, sol duro.
As mães cruzam com os filhos
À hora de repartir
A justiça.
Os corpos sabem da separação
E não conseguem falar.
As mãos fazem e desfazem
Os jogos.
O cérebro reflecte o sol,
O rigor da ciência,
A lúcida tristeza, a exacta natureza
Da lei.
.Caminhamos ao lado do mundo
E não aceitamos
Este sol
Impiedoso da verdade.
E vamos a meio do rio, destacados
E nítidos.
A erva já não canta, e de manhã cantava
A inocência.
A luz cega agora os passos
Que parecem dançar à beira dum passado
Pessoano,
Fluentes, independentes,
Pós-modernos.
Aqui à beira do sol fixo
Como uma planta asfixiada pela luz
Que lhe dá vida.
.
Armando Silva Carvalho
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