386º dia do recomeço do blog
Durante anos fui a coordenadora pedopsiquiatra da medicina legal do meu hospital.
Cabia-me ler e estudar os processos que os tribunais entendiam necessitar de uma avaliação médica ou psicológica às crianças, jovens e famílias, e distribuí-los pelos peritos, por vezes com um resumo ou anotações referindo as páginas a que pertenciam. A distribuição, quase sempre por ordem, era complicada. A quase totalidade dos colegas, médicos ou psicólogos, não gostavam da tarefa.
Pela minha parte, ler aquele montão de páginas que o tribunal enviava, as partes pertinentes do processo como devia ser embora alguns juízes não estivessem para fazer a seleção e enviassem o processo todo, era para mim uma tarefa agradável.
Gostando como gosto de livros policiais ou de trama psicológica e tendo tempo distribuído para o fazer, lia-os como se de um livro se tratasse. Alguns estavam mesmo muito bem escritos. Mas nunca tive, como é óbvio processos gigantes. E mesmo assim a leitura tinha de ser muito atenta.
Este mega processo de que se fala tanto, das três horas de leitura em voz alta que o juiz fez, de seguida, é um espanto de trabalho que terá dado. Inútil? Logo veremos.