domingo, 6 de dezembro de 2020

Vizinhos que deixam um vazio por aqui

 

265º dia do recomeço do blog


Não os conhecia profundamente mas gostava deles. Quando vieram morar para o apartamento mesmo à minha frente resolvi apresentar-me como Magda, a vossa vizinha aqui da frente, sejam bem vindos. E responderam com uma enorme simpatia. Ele brasileiro, ela argentina, e uma criança pequena que mal sabia andar e aprendeu o meu nome.

Muito educados e discretos, havia semanas que não nos cruzávamos mas às vezes ouvia-os sair e chegar, tal como eles a mim.

Usavam a bicicleta como meio de transporte e só às vezes alugavam um carro. Muito cuidadosos com a alimentação, seriam vegans ou vegetarianos, não perguntei mas quando um dia quis dar uma bolacha à filha o pai ficou aflito até eu lhe mostrar que era produto biológico.

Um dia dei à miúda uns livros de histórias dos meus filhos. Eram do Babar, pai de uma família de elefantes, tal como os humanos. Livros que deixei de ver à venda. A mãe disse-me que ela tinha gostado muito. E eram giros, de facto.



Um destes dias percebi pelas caixas e malas que iam embora. E foi quando percebi que, quase sem contacto, era aconchegante tê-los aqui.

Mudaram para uma pequena aldeia onde compraram uma casinha com jardim. Escola e praia perto. Lisboa fica a menos de uma centena de quilómetros e tem autoestrada. E com o teletrabalho estas situações ficam mais fáceis.

Ontem e hoje já não ouvi as correrias da criança, a sua vozinha agora com três anos.

Gosto que tenham ido procurar um sítio onde se sintam melhor. Mas eu fiquei triste.