93º dia de isolamento social (COVID-19)
Desconfinada mas isolada
Aqui na "aldeia" a minha casa é rente ao chão. A rua onde antigamente não passava carro nenhum tem hoje muito pouco movimento. E quando passa um, temos de nos encostar à parede. As crianças brincam na rua como antigamente.
Ouvi gritaria, é costume nestas terras falar-se alto e as mães gritarem pelos filhos. Ouvi, oh Fábio, oh Diego anda cá, em brasileiro.
Pouco depois uma algazarra e fui ouvir, atrás das tabuinhas que me deixam ver para fora mas o inverso não se consegue...
Os gatos...matou...e uma voz frágil de mulher a defender-se, eles a acusá-la. Percebi ser uma vizinha idosa, abri a porta e a algazarra parou. A senhora estava desorganizada, nem sabia onde era a casa dela, duas à frente da minha, que não via nada. À janela de um 1º andar a brasileira assistia.
Conheço a vizinha desde sempre. Pessoa complicada, hoje trôpega e quase cega. Salvei-a daquilo e mandei-a entrar. Ups, esqueci-me do Covid 19... Contou-me uma história confusa de uns gatinhos recém nascidos que estavam no quintal dela e que ela pôs num canto para a mãe os ir buscar.
Rua calma, encaminhei-a para casa. Aparecem então uns miúdos a querer contar a história. "Ela se os quisesse salvar não os tinha atirado assim", e com um gesto um deles explica que os atirou, dizia um com dificuldades articulatórias e dentes mal implantados. A miúda que o acompanhava explicou-me que a Cátia, namorada do Manel, desconheço qualquer um, tinha-os levado e ia tratar deles. O Fábio insistia que se ela os quisesse ter ajudado tinha-lhes posto ração ao pé.
Bom, lá conversamos um pouco, contentes pela história ter um "bom" fim.
Quanto aos gatinhos...
Quanto aos gatinhos...