sexta-feira, 5 de junho de 2020



84º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada



Isolada? Fiz um pequeno intervalo. 

Estava a sentir uma dor dentro de mim. Quando desconfinei, mudei para as buganvílias, a areia e os passeios longos pela areia. Sozinha, isolada é certo. Mas era uma novidade, e durante dias esqueci a dor. 
Com o skype falava com os meus netos, com o WhatsApp escrevia com os filhos, frases curtas, fotografias, pequenos acontecimentos.

Mas os dias foram ficando todos iguais e a dor voltou.

Regressei à minha casa. E foi com prazer que contemplei os meus objectos, me sentei no meu sofá, meu, meus, ser filha única mantém-se nesta pertença.

E eis que o meu filho Martim me desafia para jantar, numa esplanada ou em casa. Não aguentei. Tinha mesmo de ir, sem abraços nem beijos, mas foi tão bom!

E hoje fui almoçar com os meus netos a uma esplanada. Foi o Duarte, o meu outro filho que sugeriu.
O primeiro momento senti-me uma emigrante que regressa a casa ao fim de quase 3 meses. Tinham crescido, o mais novo com a cara mais redonda, o mais velho mais alto. Contentes, simpáticos. Verbalizaram que tinham saudades minhas, rimos bastante mas também falámos do que passámos no confinamento.

Acabámos com um gelado, comido pela rua fora, com o prazer da boca a confundir-se com o do coração.

Agora recomeço outro período de maior isolamento. Mas para já, a dor desapareceu.