sexta-feira, 5 de março de 2021

O mistério do cartão

 348º dia do recomeço do blog  

Estes dias numa área protegida, serra e polje muito bonitos, justificavam carregar uma máquina fotográfica. E lá levei a minha Canon, para tirar uns retratos com mais qualidade que as fotos do telemóvel. 

Vi paisagens muito boas para as fotos. Na procura de chegar à água no polje, o entusiasmo era grande, quando dei por mim estava em terrenos alagados, calças e botas não impermeáveis todas molhadas. Acabou ali a minha veia fotográfica, voltei direita a casa, despir-me para não me constipar.

Depois pus-me a ver as fotos que tirei. Apaguei umas duas que tinham ficado tremidas e com escolha manual transferia-as para o ficheiro que previamente escolhi. Onde nunca chegaram...nem ficaram no cartão.

Tenho a certeza que não as cortei.

Fiquei "desesperada", pedi ajuda ao informático que me apoia, acabei por lhe ir entregar o cartão. Confirma-se, desapareceram, nem no cartão nem no computador.

As máquinas parece que têm sempre razão. Só sei funcionar com elas quando tudo corre bem. Não percebo de nenhuma como funcionam para além do básico. Admiro quem seja capaz de descobrir e arranjar coisas que nunca tinha visto...mas eu sou uma analfabeta. Mesmo no computador e no telemóvel, só o básico.

Hoje lá fui à Fnac comprar outro cartão de memória. Quem sabe se com esta chuva do fim de semana ainda volto a encontrar a dita água e os ramos cruzados a fazerem alamedas.

quarta-feira, 3 de março de 2021

O valor informativo dos sinos da igreja

347º dia do recomeço do blog  

Os sinos da igreja começaram a tocar "a defunto", um toque curto, repetido e mantido durante muito tempo. 

As vizinhas da frente vieram logo à rua falar, quem teria morrido?

Na cidade, em Lisboa onde vivo, pode morrer alguém do meu prédio, ser enterrado e nenhum vizinho saber. Aqui, terra pequena, e com a casa na parte antiga perto da igreja, não será só por haver pouco que fazer, há relações entre as pessoas.

Ao fim da tarde, já de telemóvel na mão com a foto do aviso da agência funerária, uma vizinha mostrou-me. Uma história triste, uma mulher de 40 anos que se tinha suicidado. Mãe de três filhos, a adolescente também já fez duas tentativas. 

Das mortes, o suicídio é das que mais marcam quem fica vivo. Que se poderia ter feito por esta família que parecia já dar sinais de grande sofrimento?

Esperemos que os técnicos de saúde mental, há pedopsiquiatras em dois dos hospitais na zona e psicólogos também, tomem a cargo esta família certamente disfuncional neste momento.

terça-feira, 2 de março de 2021

A "sala do meio"

347º dia do recomeço do blog 

O dia acordou bonito. Com as novas janelas luz e sol entravam na sala do meio, como lhe chamava a minha avó. A casa é antiga e as janelas aos quadradinhos, se bem que eram bonitas, deixavam entrar pouco luz.

Tirei uma fotografia ao chão, julgo que nunca tinha apanhado sol!


Esta sala era sobretudo usada no verão. As paredes largas e as janelas com vidros pequenos, tornava-a muito fresca.

Já pensei se alterei a qualidade desta sala, só no verão saberei.

Para já está-se muito bem!

segunda-feira, 1 de março de 2021

Não nos conhecíamos mas recebeu-me assim.

 347º dia do recomeço do blog

Uns dias em Minde.

À minha chegada, parei o carro e ela olhou para mim.

Com a chuva que tem estado, as ervas cresceram e devem estar deliciosas. Pelo ar delas é a conclusão possível.

domingo, 28 de fevereiro de 2021

Encontros de café, fazem-me falta

 346º dia do recomeço do blog

Na mesma avenida do Liceu Francês havia lá mais à frente, esquina com a Artilharia 1, um café/pastelaria chamado Sol Parque. Nesta mesma rua ficavam mais dois colégios, o Colégio Maristas de Lisboa e o Externato do Parque. Não me lembro de nos termos juntado por ali.

O Sol Parque era o espaço onde os meus amigos e eu nos encontrávamos quando tínhamos mais tempo. Um café/pastelaria amplo, com um empregado muito simpático que já nos conhecia a todos. 

É maravilhoso relembrar como tínhamos sempre prazer em conversar! Tinha um grupo interessante, activo culturalmente, quer no teatro, quer na música, quer na política numa altura muito antes do 25 de Abril. 

Uma referência ao meu primo Pedro, sete anos mais novo que eu e que já morreu. Na altura era aluno dos Maristas e no Sol Parque orgulhoso da prima mais velha, pedia sempre para pôr as suas despesas na minha conta.

Nunca mais fui frequentadora de cafés, nem nunca mais tive um grupo que se encontrasse nalgum. Pena!

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Concursos de rapidez a comer bolos.

  345º dia do recomeço do blog

Morava em Campolide e ia todos os dias a pé para o Liceu Francês. Distância curta. Em pequena ia com o meu Pai de mão dada até à porta. Depois começou a deixar-me na esquina. E mais tarde ia sozinha, mas quase sempre acompanhada por dois colegas que também moravam para ali.

Em adolescente, não sei com que idade, íamos sempre mais cedo e parávamos naquilo a que chamávamos leitaria. Um pequeno espaço, paredes de azulejos brancos, um balcão e umas mesas.

Encontrávamos ali grande parte da turma. Se calhar um pastel de nata, ainda não bebia bica diária mas fumava cigarros. Fazíamos um pequeno ajuntamento fardado, eles de calças cinzentas e camisa azul clara e blazer azul escuro, nós, as raparigas semelhante mas com saias. Umas conversas ou melhor trocas de frases e lá íamos para as aulas que começavam às 8h da manhã. 

Também se comia lá, raramente mas lembro-me de um ou outro almoço que combinávamos. E na galhofa fazíamos uns concursos, ver quem comia mais rapidamente um pudim flan ou noutros dias um bolo de arroz. Ambos com técnicas diferentes. 

O pudim era mesmo de forma inestéctica, prato junto à boca, pudim junto à boca e aspirava-se todo de uma vez. Por acaso nunca nenhum se engasgou. 

O bolo de arroz, pelo contrário, era comido aos bocadinhos pequenos, retirados do bolo com a mão que os levava à boca. Quem comia às dentadas embuchava, não conseguia engolir e como o concurso era de velocidade, perdia.

Não me lembro quem tinha mais perícia para ganhar. 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Uma vergonha passageira

 344º dia do recomeço do blog

Hoje ouvi falar do cinema de Campolide de que não me lembro mas que ficava ao pé do mercado. Esse sim, descendo a rua quase a pique ficava do lado esquerdo. Era pequeno. Dito na minha dimensão de criança. 

Entrei para o Lycée Français aos quatro anos. Por isso esta minha recordação foi antes dessa data ou nalgum dia sem aulas.

Já falei várias vezes na minha Mãe, super educada e discreta.

Uma manhã fui com a empregada (antigamente chamada criada) ao mercado. Na zona do peixe, uma peixeira exuberante no tom de voz e chamamento das clientes, estava cheia de ouro. Brincos vistosos, cordões de ouro, anéis, aquilo que o meu Pai chamaria uma ourivesaria ambulante. Certamente me chamou, quem sabe se cantou, seguramente me encantou.

E devo ter dito qualquer coisa como "gostava que fosse minha Mãe", que a criada transmitiu à minha Mãe.

A minha Mãe, a senhora sóbria, discretamente perfumada e enfeitada, não sei o que sentiu mas lembro-me do que me disse "e gostavas que eu chegasse a casa a cheirar a peixe?".

Não, não me traumatizou mas envergonhou-me. Tanta coisa que dizemos e que quem ouve deve calar. Mas a rapariga, não me lembro de qual, deu com a língua nos dentes. Vai na volta também ela gostou do festival da peixeira.