quarta-feira, 18 de maio de 2011

Aconteceu...Há algo de podre no reino da Dinamarca!

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Na minha infância, sobretudo nas épocas festivas, íamos ao Porto onde parte da família morava. Eram umas viagens longas, por estradas estreitas e com muitas curvas  que chegavam a demorar oito horas de carro.

Mas quando outros tios e primos se juntavam, costumavamos ir de combóio, viagem mais curta e muito mais divertida. Para além de nos podermos movimentar, dava tempo para muita conversas, jogos e, imprescindível, uma refeição na carruagem restaurante.

Será uma memória real ou tranformada pelo tempo, condensando várias sensações e escondendo outras, mas as omeletes mal passadas fazem parte das minhas memórias de viagem na CP desse tempo.

Entre olhar para fora e deixar-me prender pela paisagem, viajo dentro de mim e vou escrevendo.  Estou dentro de um comboio da CP.

Leio nos jornais, que têm sido desactivadas linhas e deixado pessoas apeadas. Todos terão de ter carro?

E o preço dos bilhetes, porque será cerca de 4 vezes mais  do que quase a mesma distancia que há dias fiz em Itália? 

Há algo de podre reino da Dinamarca! 


terça-feira, 17 de maio de 2011

Aconteceu...Arte urbana...no chão do cais

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..........................................Foto - Magda

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Poema - Rui Almeida

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O homem que se olha ao espelho sabe
Que vai morrer. Não sabe quando ou como,
Mas reconhece a finitude da vida
- Da sua vida, de cada vida.
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Contempla o processo biológico
E admira-se perante o zelo do tempo
A modelar-lhe a velhice do rosto.

domingo, 15 de maio de 2011

Aconteceu...avó, tu já viste uma pulga?

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Nasci na segunda metade do século passado. Os anos passam. Sei e reconheço  naquilo que me rodeia.
Tenho lembranças que serão vistas como estranhas curiosidades para os mais novos.
Mas a minha idade cronológica não se articula com a minha idade subjectiva, esqueço-me frequentemente dela, tornando-se-me desconhecida. 
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O meu neto, "especialista" em dinossauros, um destes dias perguntou-me, cheio de curiosidade, se eu já tinha visto uma pulga. Curioso desvio de interesse do gigante para o minúsculo. 

Quando eu era miúda havia pulgas, não muitas na minha casa mas esporadicamente aparecia uma que merecia uma caçada especial.
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Não me tinha dado conta que já há muitos anos que não me cruzo com nenhuma.
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As crianças, por todas as razões, confrontam-nos com o tempo.
Naquele momento e na conversa que se seguiu, senti-me pré-histórica, quase um dinossauro.

sábado, 14 de maio de 2011

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Poema - Manoel de Barros

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Pela rua deserta atravessa um bêbado comprido
e oscilante
como bambu
assobiando...
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Ao longo das calçadas algumas famílias
ainda conversam
velhas passam fumo nos dentes, mexericando...
Nhanhá está aborrecida com o neto que foi estudar
no Rio
e voltou de ateu
- Se é para desaprender, não precisa mais estudar
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Pasta um cavalo solto no fim escuro da rua
O rio calmo lá embaixo pisca luzes de lanchas
acordadas
Nhanhá choraminga
- Tá perdido, diz que negro é igual com branco! 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Aconteceu...à chacun sa vérité

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No dia 6 de Maio houve greve geral em Itália, com paralisação de todos os serviços e manifestações na rua.  

Ao cair da noite e depois de uma grande espera, o grupo em que me encontrava conseguiu um táxi.

Os taxistas italianos de uma forma geral são simpatiquíssimos. Conversam, dialogam esforçando-se por ultrapassar as diferenças linguísticas.

Mas este...o taxista era um homem que fazia lembrar o Alain Delon nos seus bons tempos, lindo. Mas ao contrário dos outros era muitíssimo antipático. Não se pode ter tudo... As nossas tentativas para meter conversa eram pouco sucedidas.

De forma seca, e a propósito da greve, deu a sua opinião, são os preguiçosos que fazem greve, os que não querem trabalhar. E pouco mais disse, mantendo-se com um ar arrogante e um silêncio pesado.

Não penso que fosse só a greve que irritasse aquele homem, o seu comportamento deve inserir-se numa forma de ser. Há quem esteja mal com a vida. Pensar, dialogar, rir são coisas essenciais, mas há quem não seja capaz de o fazer.
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É difícil lidar com certas pessoas, o modelo de se relacionar repete-se nas várias relações que têm. Quem com eles se cruza é invadido pelo mal estar que eles transportam.
Todos conhecemos gente assim.