sábado, 19 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Poema . Jorge de Sena

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HUMANIDADE
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Na tarde calma e fria que circula
por entre os eucaliptos e a distância,
olhando as nuvens quase nada rubras
e a névoa consentida pelos montes,
névoa não subindo por não ser
fumo da vida que trabalha e teima,
e olhando uma verdura fugitiva
que a noite no céu queima tão depressa,
esqueço-me que há gente em cada parte,
gente que, de sempre, sofre e morre,
e agora morre mais ou sofre mais,
esqueço-me que a esperança abandonada,
a não ser de ninguém, é sempre minha,
esqueço-me que os homens que a renovam,
que o fumo dos seus lares sobe nos ares...
Esqueço-me de ouvir cheirar a Terra,
esqueço-me que vivo...E anoitece.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Acontece...comunicação, intimidade e limites são compatíveis e necessários

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Falava eu, um destes dias, de como é frequente a pouco ou nenhuma comunicação dentro das famílias. E, como esse facto pode dar origem a perturbações do desenvolvimento psicológico às crianças que crescem nestes ambientes.
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Mas também é complicado para o desenvolvimento infantil, as famílias que falam muito, com todos e de tudo. Refiro-me a famílias sem limites geracionais. É muitas vezes por bem, pais que tiveram umas educações rígidas, que pouco comunicaram entre si e cujo modelo era o da grande repressão e querem à força ser diferentes do que os pais foram para eles. Algumas crianças aguentam mas nem todas.
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Mas toda a gente, crianças ou adultos, têm necessidade de conversar, partilhar o que vai dentro deles. E não se partilha com qualquer pessoa. É preciso intimidade.
E há quem não tenha intimidade com a família, ou não a tenha perto de si.
Muitos construíram a família dos amigos. Pobre de quem não tem um amigo íntimo, daqueles que nos conhece a voz e percebe sem que lhe seja necessário dizer nada, que hoje eu preciso de ti, preciso de ficar em silêncio, ou falar e ser ouvida, precisar duma resposta compreensiva.
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Comunicar, partilhar, ser entendido, aprende-se, treina-se e ajuda uma pessoa a não se sentir só. Em criança ou já adulto. E isso é muito bom!
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De pequenino se torce o pepino...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Aconteceu...Foto - Arte Urbana num muro

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..................................Foto - Magda

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Poema - Adília Lopes

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Comprei hoje
na Casa Batalha
uma camélia amarela
de pano
pendurei-a na parede
a tapar um prego
para não me esquecer
de me benzer

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Aconteceu...é pobre a comunicação dentro de algumas famílias

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É muito impressionante a quantidade de pessoas que não falam com os seus próximos! Falar no sentido de comunicar mais do que a enumeração de coisas, falar no sentido de transmitir sentimentos, aceitar o outro nas suas ideias e poder debatê-las.
Muita gente pensa que "discutir" é gritos, berros, e até cortes definitivos. Por isso vivem as relações de forma superficial, sem nunca aprofundarem nada.
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Nas conversas que tenho com crianças e jovens encontro muitas vezes um desconhecimento completo das suas origens, parentescos é assunto muitas vezes desconhecido, em que trabalham os pais também ignoram, já para não falar de coisas mais íntimas, como eram os pais na idade deles, ou, e isso ainda é mais frequente, como sentem as coisas que se passam com eles. São assuntos que nunca se falam.
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Mas muitos pais afirmam que falam muito com os filhos, porque todos os dias lhes perguntam o que almoçaram na escola, ou se trouxeram trabalhos para fazer em casa e a pergunta sacramental do se se portou bem, sem que isso corresponda a mais nada do que à pergunta em si. No fundo, nestes casos, não há verdadeiro interesse pelo mundo da criança!
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Com tantas disciplinas que há nas escolas, podia haver uma em que as crianças pudessem conversar, serem ajudadas isso, a ouvir, questionar-se, saber sentir os outros, intervir de forma construtiva...mas quem daria esta cadeira?

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Aconteceu...Foto - O sol põe-se todos os dias...

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........................Foto - Vicente (5 anos e 9 meses)