quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Aconteceu...precisamos de ser mais simples e sentirmo-nos bem!

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Vivemos rodeados de hábitos, exigências, insatisfações.
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Conheço famílias que me contam que compreendem a insatisfação dos filhos, quando os pais não lhes podem comprar roupas e ténis de marca. Outras crianças querem e exigem, mesmo em famílias a raiar a economia medíocre, computadores e jogos electrónicos.
A insatisfação é mais manifesta quando as famílias se sentem inferiorizadas por não lhos poderem comprar, e vivem isso de forma desnarcisante.
E não há bom senso a que se apele.
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Há tempos vi uma senhora a dar pão a pombos no jardim. Em conversa explicou-me em poucas palavras porque o fazia, "coitados, eu também já passei fome".
Eu que não gosto de pombos na quantidade que há por Lisboa, fiquei sem palavras, compreendi-a.
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Vi um dia destes na televisão, uma aldeia quase cercada pela neve. O isolamento é quebrado pela carrinha do padeiro que com esforço para lá se dirige diariamente. E duas pessoas disseram coisas que deveriam ser ouvidas por muita gente, e cito de cor.
"Com pão e água já ficamos bem" disse uma senhora depois de comprar o pão; e "a minha senhora comprou ontem e ainda lá temos, hoje não é preciso, compro amanhã", disse um homem.
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Nem tanto ao mar nem tanto à terra, mas precisávamos de poder viver assim mais simplesmente.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Poema - Pedro Tamen

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Ardem-me os olhos de tanto me fixar
no presente vivido. Choro
inundando o que nas mãos seguro.
E é com as lágrimas dos dias,
com este pranto reclinado,
que à obra puxo o lustro,
dou brilho à sua vida, à minha.

domingo, 28 de novembro de 2010

Aconteceu...criança pendurada por corda. E por associação Buster Keaton, Pamplinas.

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Deu na televisão uma senhora a fazer descer pela parte exterior de um prédio pendurada numa corda, uma criança para ir, parece, apanhar uma peça de roupa que tinha caído à rua.
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Esta geração conhecerá o Buster Keaton, conhecido por nós pelo Pamplinas? É um actor do cinema mudo, que nunca se ria acontecesse-lhe o que quer que fosse, supostamente cómico. Digo assim porque depois de saber a história pessoal dele, deixei de me poder rir.
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Pamplinas foi uma criança maltratada pelos pais, artistas de circo, e que, para além de tareias, desde muito cedo o obrigaram a fazer exercícios perigosos e muito inquietantes para uma criança. Parece que era obrigado a fazê-los com um ar sério e acontecesse o que acontecesse assim deveria continuar.
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Como actor de cinema, e era ele que fazia também a narrativa, escolhia sempre umas cenas que corriam mal, ridiculamente mal, daí o cómico. Nunca ria...nem chorava. Não expressava emoção nenhuma.
Nos filmes aconteceram quedas graves, com idas ao hospital e lesões extensas. Ele insistia em ser ele, o corpo dele, a fazer aquelas equilibrices, quedas e choques, alguns com traumatismos fortes, visto que chegou a entrar em coma. Nunca quis fazer de conta nem arranjar um duplo, era sempre ele.
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A infância dele marcou profundamente a sua vida. Diríamos que houve uma compulsão à repetição do traumatismo, sem o conseguir resolver.
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E à miúda do prédio, vão salvá-la dum futuro assim? Porque aquilo que filmaram são maus tratos, e aqui a televisão pode ter tido um papel importantíssimo!

sábado, 27 de novembro de 2010

Aconteceu...foto - Fim de tarde de Outono

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...................................Foto - Magda

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Poema - Ruy Belo

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AS IMPOSSÍVEIS CRIANÇAS
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Nesta manhã de Outono dos primeiros frios
mais a caminho da velhice que da minha casa
eu vejo-vos em roda todas a cantar
Impossíveis crianças deixais-me brincar?