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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Aconteceu...precisamos de ser mais simples e sentirmo-nos bem!

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Vivemos rodeados de hábitos, exigências, insatisfações.
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Conheço famílias que me contam que compreendem a insatisfação dos filhos, quando os pais não lhes podem comprar roupas e ténis de marca. Outras crianças querem e exigem, mesmo em famílias a raiar a economia medíocre, computadores e jogos electrónicos.
A insatisfação é mais manifesta quando as famílias se sentem inferiorizadas por não lhos poderem comprar, e vivem isso de forma desnarcisante.
E não há bom senso a que se apele.
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Há tempos vi uma senhora a dar pão a pombos no jardim. Em conversa explicou-me em poucas palavras porque o fazia, "coitados, eu também já passei fome".
Eu que não gosto de pombos na quantidade que há por Lisboa, fiquei sem palavras, compreendi-a.
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Vi um dia destes na televisão, uma aldeia quase cercada pela neve. O isolamento é quebrado pela carrinha do padeiro que com esforço para lá se dirige diariamente. E duas pessoas disseram coisas que deveriam ser ouvidas por muita gente, e cito de cor.
"Com pão e água já ficamos bem" disse uma senhora depois de comprar o pão; e "a minha senhora comprou ontem e ainda lá temos, hoje não é preciso, compro amanhã", disse um homem.
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Nem tanto ao mar nem tanto à terra, mas precisávamos de poder viver assim mais simplesmente.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

aconteceu no Natal - 1

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Não gosto do Natal comercial, nem da obrigatoriedade de festas de data fixa.
Aqui há uma mais de uma dúzia de anos, resolvemos fugir de Lisboa e fazer só os quatro, uma coisa diferente, um Natal simples na aldeia.

Tenho uma casa de construída pelo meu bisavô na parte velha de uma pequena vila ribatejana. Sendo uma casa simples é interessante, toda ela virada para um pátio central metade coberto e onde uma cisterna recolhe a água das chuvas. Um dos lados do pátio comunica por um arco com um pequeno jardim, que lhe dá uma noção de extensão verde, agradável.

A cozinha é grande, hoje tem lá a mesa de comer e comunica com uma divisão que tem uma lareira grande (fumeiro), onde quase nos metemos dentro.
Quando eu era criança faziam-se enchidos que ali eram fumados.

Perguntei na padaria como era hábito festejar o Natal e explicaram-me, bacalhau com couves, fritos que se faziam à lareira e missa do galo lá para a meia-noite.

À volta da lareira com um fogo bem espevitado e depois do bacalhau, a massa das filhoses (que fizeram o favor de me dar prontinha) foi sendo frita uma a uma, numa frigideira em cima de uma trempe poisada por cima das brasas. Retiradas do azeite eram envolvidas em açúcar e canela e comidas quentinhas, acompanhadas de café de cevada com canela. Coisa simples e tão saborosa!
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Cumprimos quase tudo, porque quando nos demos conta, tínhamos deixado passar a missa do galo.